segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Desculpem, mas dá pra ganhar

Charge: Aroeira
Por Gilberto Maringoni

1. O resultado das eleições deste 2 de outubro é impactante em vários aspectos. O primeiro e mais evidente é o da falha gritante das pesquisas: elas não captaram a força do bolsonarismo e de seus agregados na sociedade brasileira.

2. O Brasil é muito mais conservador do que supunha nossa vã filosofia. Para qualquer um, que se paute por um pensamento democrático e progressista, é chocante ver gente como Hamilton Mourão, Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Ricardo Salles, Mario Frias, Damares Alves, Magno Malta e semelhantes serem consagrados pelo voto popular. Temos aqui o enraizamento social da extrema-direita após os quase 700 mil mortos da pandemia, os 33 milhões com fome, a apologia das armas e de tudo o mais. O fascismo não nos é mais um corpo estranho; foi naturalizado. Ao mesmo tempo, esse é o país que gera o fenômeno Boulos, que trafega em sentido contrário, com um milhão de votos.

Sem ilusão

Foto: Ricardo Stuckert
Por Manuel Domingos Neto

Lula teve mais votos do que seu adversário. Governadores progressistas foram eleitos no primeiro turno. Outros, podem ganhar no segundo. O PT aumentou sua bancada na Câmara... Polianas apaziguam almas inquietas. Preferem não encarar o perigo.

O fato é que um Mourão sem carisma toma a vaga de um ícone da resistência democrática. O impiedoso Pazzuello é campeão de votos no Rio. Um ex-juiz destroçador de empregos, de capacidades técnicas e de instituições ganha cadeira no Senado. Um destruidor de florestas e um astronauta que menospreza a ciência são consagrados no poderoso e civilizado estado de São Paulo. Um desconhecido supera Haddad se apresentando como cumpridor de “missão do Capitão”.

Reunião do comando da campanha Lula-Alckmin

Lula atinge recorde de votos em 1º turno

Como em quatro retrocedemos tanto?

O tamanho da esquerda na Câmara Federal

Como entender o 1º turno surpreendente

Lula vencerá no segundo turno

Charge: Simanca
Por Jeferson Miola, em seu blog:

É compreensível o espanto com o resultado do primeiro turno. Afinal, o desempenho de Bolsonaro foi 5% superior ao detectado nas pesquisas de opinião ao longo de meses, a diferença pró-Lula em MG não se confirmou e o bolsonarismo foi exitoso em SP e no RJ.

Além disso, a extrema-direita – especialmente a facção bolsonarista, mais que a moro-lavajatista – cresceu significativamente e elegeu destacados expoentes do fascismo.

O processo perturbador de fascistização do país, que se expressa, além de outras dimensões conhecidas, também no peso relevante que a extrema-direita terá no Congresso eleito, é um capítulo à parte, que deve ser encarado com absoluta primazia no imediato pós-segundo turno.

Neste momento, no entanto, é prioritário analisar o resultado eleitoral em si e buscar entender seus possíveis desdobramentos para a disputa final no próximo 30 de outubro:

Lula terá que fazer concessões ao centro

Charge: Wagner Passos
Por Helena Chagas, no site Brasil-247:


O ex-presidente Lula precisa apenas de dois pontos percentuais para ganhar no primeiro turno.

Embora a diferença de cinco pontos para Jair Bolsonaro seja curta, o petista é o favorito, dada a rejeição do presidente e a forte possibilidade de sua coligação obter os apoios do PDT de Ciro Gomes e do MDB de Simone Tebet. A soma de ambos no primeiro turno alcança sete pontos percentuais, e não será difícil transferir dois.

Uma coisa fica clara, porém: Lula terá que fazer alianças ao centro, e não apenas para vencer a eleição, mas principalmente para governar, se isso vier a ocorrer. A onda bolsonarista que varreu o Congresso deixou as forças de esquerda francamente minoritárias nas duas Casas.

A primavera está atrasada, mas virá

Foto: Ricardo Stuckert
Por Fernando Brito, em seu blog:

Aqui no Rio, a segunda-feira amanheceu chuvosa e acabrunhada, como conviria a um domingo em que a frustração da vitória insuficiente encheu a tantos de tristeza.

Por isso mesmo, não se deve deixar a cabeça a procurar erros e culpas, mas focar no que esta frustração não nos deixa ver.

A máquina de corrupção e ódio do Governo Federal foi vencida, apesar da maior distribuição de dinheiro da história.

Lula obteve, numericamente, a maior votação e, percentualmente, tão alta quanto em 2006, quando ganhou no 2° turno com 60% dos votos.

Onda bolsonarista surpreende na reta final

Lula, Bolsonaro e a guerra do segundo turno

domingo, 2 de outubro de 2022

A acirrada disputa eleitoral no Brasil

Tire o oxigênio de Bolsonaro

Por Cristina Serra, em seu blog:


Amanhã (02/10), temos a chance de fechar o ciclo maldito iniciado em 1964 e que se renovou em 2016. No golpe contra Dilma, na Câmara, o voto-vômito de Bolsonaro, na fúria daquele abril, assinalou o triunfo do padrão golpista, que nos rebaixa como país desde a fundação da república.

No Brasil do século 21, não dá mais para tolerar militares que se acham tutores do poder civil, que se sentem à vontade para ameaçar eleições, para elogiar um regime que matou, torturou e roubou utopias e a brisa das liberdades por 21 anos.

A derrota de Bolsonaro, de sua indigência moral e mental e de seu gangsterismo fascistóide, tem que ser, também, a volta definitiva dos fardados aos quartéis. Para que nunca mais seja profanado o plenário onde Ulysses Guimarães, em 1988, mirou o futuro: “Traidor da Constituição é traidor da pátria. (…) Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo.”

Vitória do Lula e o começo do fim do pesadelo

Foto: Ricardo Stuckert
Por Jeferson Miola, em seu blog:

Lula é o vencedor da eleição presidencial de 2022.

Esta eleição será vencida por Lula – se não for hoje, já no primeiro turno, será no último domingo deste mês, 30 de outubro.

A lógica e a racionalidade política confirmam que é remota a hipótese de Lula ver seu retorno à presidência do Brasil mais uma vez adiado, como aconteceu em 2018.

Assim como hoje, na eleição passada Lula também era um candidato imbatível. Ele certamente voltaria à Presidência da República, e com uma votação estrondosa.

Por isso as oligarquias colocaram a gangue da Lava Jato em operação para trapacear o sistema de justiça e a democracia e prender Lula numa masmorra, longe das urnas, para ele não poder votar e, principalmente, para ele não poder ser votado e, assim, ser eleito.

O eleitor na hora do pênalti

Por Juca Kfouri

Atenção, esta coluna abre com "spoiler" de resenha de filme e livro indevidamente copiada do Google: "‘O Medo do Goleiro diante do Pênalti’, de 1972, é o primeiro longa-metragem do alemão Wim Wenders.

Baseado no romance homônimo de Peter Handke, conta a história do goleiro Joseph Bloch, que, depois de perder um pênalti durante um jogo em Viena, é substituído.

Sem cortes, seguem os desdobramentos: vemos o goleiro se afastar do campo, sair vagando pela cidade, entrar num cinema, não conseguir completar uma chamada telefônica e voltar só para um hotel barato onde está hospedado.

No dia seguinte, novas perambulações, marca um encontro com a moça da bilheteria do cinema e, sem motivo aparente, mata-a durante a noite. Segue sua vida, como se nada fosse, à espera de que a polícia se aproxime".

Lula atrai multidões e pode vencer no 1° turno