Reproduzo artigo de Flavio Aguiar, publicado no Blog do Velho Mundo:
Mubarak caiu. E levou Suleiman, seu vice nomeado, num abraço de afogado.
No comando, ficou o Marechal-de-Campo Mehammed Hussein Tantawi, de 75 anos, uma espécie de Ministro da Defesa do Egito (Chefe do Supremo Conselho Militar) do Egito. Deve governar, nos próximos momentos, baseado na Suprema Corte Constitucional, e não no Parlamento, que, provavelmente, será fechado.
Uma visão baseada em um olho só dirá: os Estados Unidos cansaram-se de Mubarak, mandaram a mensagem dizendo: vai! Mas não é bem assim, ou não é só isso, pelo menos. O último pronunciamento de Mubarak, delegando poderes a Omar Suleiman, mas dizendo que ia ficar no cargo, foi fundamental. Além de provocar respostas iradas dos manifestantes da Praça Tahrir (rebatizada como Praça da Liberdade), ele provocou perplexidade no Exército egípcio.
A ele caberia manter Mubarak - e Suleiman - nos cargos, até setembro. Ou seja, mais cedo ou mais tarde, teriam de "limpar" a praça do Cairo, e de outras cidades. E isso lhes tiraria a legitimidade, a popularidade, a possibilidade de continuarem como os portais de acesso a grandes e pequenos negócios através do sistema de reformas e aposentadorias com passagem para a empresa privada ou estatal. Um preço muito alto a pagar, em troca da sustentação de um ditador que já revelava sinais de senilidade familiar (transmitir o poder ao filho Gamal).
Quer dizer: o Exército decidiu dar o golpe, sem dar o golpe. Um conselho de altas patentes militares deve ter "dito", ou sinalizado: seu prazo de validade acabou. Mubarak, que queria ficar se foi, sem base de apoio militar. Ou pelo menos consciente de que sua presença dividiria o Exército, e aí sim, toda a sua base de sustentação ruiria.
Esse desenvolvimento da crise egípcia - além de abrir a justificada festa para os "manifestantes da liberdade" - vamos chamá-los assim - reforça a linha do presidente Obama na diplomacia norte-americana, diante dos pragmáticos vamos-ver-o-que-dá-pra-gente-ver-como-reprime. O presidente Obama é pela cooptação. O que, às vezes, para a democracia, a longo prazo, pode ser uma melhor opção.
Desde que não se fique nisso, é claro. Com a palavra, as múltiplas oposições egípcias.
E que, por ora, a festa continue, já que o povo está nas ruas.
Mubarak caiu. E levou Suleiman, seu vice nomeado, num abraço de afogado.
No comando, ficou o Marechal-de-Campo Mehammed Hussein Tantawi, de 75 anos, uma espécie de Ministro da Defesa do Egito (Chefe do Supremo Conselho Militar) do Egito. Deve governar, nos próximos momentos, baseado na Suprema Corte Constitucional, e não no Parlamento, que, provavelmente, será fechado.
Uma visão baseada em um olho só dirá: os Estados Unidos cansaram-se de Mubarak, mandaram a mensagem dizendo: vai! Mas não é bem assim, ou não é só isso, pelo menos. O último pronunciamento de Mubarak, delegando poderes a Omar Suleiman, mas dizendo que ia ficar no cargo, foi fundamental. Além de provocar respostas iradas dos manifestantes da Praça Tahrir (rebatizada como Praça da Liberdade), ele provocou perplexidade no Exército egípcio.
A ele caberia manter Mubarak - e Suleiman - nos cargos, até setembro. Ou seja, mais cedo ou mais tarde, teriam de "limpar" a praça do Cairo, e de outras cidades. E isso lhes tiraria a legitimidade, a popularidade, a possibilidade de continuarem como os portais de acesso a grandes e pequenos negócios através do sistema de reformas e aposentadorias com passagem para a empresa privada ou estatal. Um preço muito alto a pagar, em troca da sustentação de um ditador que já revelava sinais de senilidade familiar (transmitir o poder ao filho Gamal).
Quer dizer: o Exército decidiu dar o golpe, sem dar o golpe. Um conselho de altas patentes militares deve ter "dito", ou sinalizado: seu prazo de validade acabou. Mubarak, que queria ficar se foi, sem base de apoio militar. Ou pelo menos consciente de que sua presença dividiria o Exército, e aí sim, toda a sua base de sustentação ruiria.
Esse desenvolvimento da crise egípcia - além de abrir a justificada festa para os "manifestantes da liberdade" - vamos chamá-los assim - reforça a linha do presidente Obama na diplomacia norte-americana, diante dos pragmáticos vamos-ver-o-que-dá-pra-gente-ver-como-reprime. O presidente Obama é pela cooptação. O que, às vezes, para a democracia, a longo prazo, pode ser uma melhor opção.
Desde que não se fique nisso, é claro. Com a palavra, as múltiplas oposições egípcias.
E que, por ora, a festa continue, já que o povo está nas ruas.
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