Reproduzo artigo de Raymundo Costa, publlicado no jornal Valor Econômico:
A pouco mais de 30 dias da convenção nacional do PSDB, as negociações para a eleição do novo comando tucano se encontram virtualmente paralisadas pela falta de entendimento entre os dois principais líderes do partido, o ex-governador José Serra, candidato derrotado a presidente em 2010, e o senador mineiro Aécio Neves, o mais provável nome dos tucanos para a sucessão presidencial de 2014.
A falta de um entendimento levou a negociação a um impasse: Aécio já se comprometeu com a manutenção do deputado Sérgio Guerra (PE) na presidência do partido, uma candidatura que Serra não contesta publicamente, mas não demonstra disposição alguma em apoiar. Embora a preferência por Aécio em 2014 pareça majoritária, no momento, mesmo os adversários de Serra entendem que qualquer saída para os tucanos precisa levar em conta a opinião do ex-governador de São Paulo.
Algumas soluções foram tentadas ao longo da semana passada, sem sucesso. Uma delas prevê que um conselho de eminências pardas tucanas teria o poder político, enquanto à executiva nacional caberia a parte operacional. Neste desenho, Serra indicaria o vice-presidente ou o secretário-geral do PSDB. Alguns tucanos tentaram convencer Fernando Henrique Cardoso a aceitar a presidência do conselho, mas o ex-presidente recusou o convite.
O conselho seria integrado por FHC, Serra, Aécio, Tasso Jereissati (CE) e os seis governadores do PSDB. À exceção dos governadores, na prática é o que sempre ocorreu entre os tucanos, um partido acostumado às decisões de cúpula. A inclusão dos governadores, por sinal, levanta uma outra questão: todos, inclusive o governador do poderoso Estado de São Paulo, encontram dificuldades para compatibilizar a administração regional com a oposição ao governo federal.
Dois exemplos são citados: Geraldo Alckmin é um deles. O governador não é entusiasta do trem bala ligando o Rio de Janeiro a São Paulo. Preferiria investir na expansão do metrô da cidade de São Paulo. Mas não tem como criticar publicamente uma iniciativa do governo federal que, em princípio, representa mais investimentos em São Paulo.
O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, por seu turno, já se apressou em eximir de culpa o governo da presidente Dilma Rousseff pela escalada inflacionária. A dependência dos governadores em relação ao poder central poderia fragilizar, em vez de fortalecer o conselho. Entre os partidários de Serra há também o receio de que a expansão do colegiado favoreça a candidatura de Aécio em 2014.
Outra carta na mesa é a possibilidade de Serra indicar um nome para a vice-presidência ou secretaria-geral do PSDB, numa chapa encabeçada por Sérgio Guerra. Dois nomes são mencionados: o senador Aloysio Nunes Ferreira e o do ex-governador paulista Alberto Goldman. O problema de Aloysio é sua identificação com José Serra, o que poderia parecer uma derrota de Aécio, segundo os aliados do tucano mineiro. Resta o nome de Goldman. Falta aos aliados de Aécio convencer Serra de que esta é uma boa solução para todos.
O senador Álvaro Dias (PR) propôs a realização de prévias partidárias para a indicação de candidatos tucanos a cargos executivos. Com a radicalização das posições, esta talvez seja a única alternativa do PSDB. Na cidade de São Paulo, é possível que a escolha do candidato tucano seja definida numa prévia entre os militantes do partido, se José Serra não for o candidato, como ele costuma assegurar.
São Paulo, aliás, não é a única capital brasileira marcada com um alfinete vermelho no mapa eleitoral dos tucanos para a eleição municipal de 2012. Só para citar os maiores colégios eleitorais, o PSDB não tem nomes em evidência no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e em Salvador. Também não tem candidatos na lista de favoritos em capitais importantes como Porto Alegre.
Em Curitiba, o deputado Gustavo Fruet é visto como uma boa opção, mas o governador do Estado Beto Richa, que é do PSDB, tem compromissos com o atual prefeito da cidade, Luciano Ducci, que é do PSB. Fruet pode até trocar de partido. Outro nome competitivo, a exemplo de Fruet, seria o da senadora Marisa Serrano, em Campo Grande (MS). Mas ela tem outras opções em vista até 2012. Na região Norte e Nordeste, só em Teresina (PI) os tucanos têm opção de concorrer com favoritismo.
Com a definição de comando das seções estaduais do PSDB, até o final deste mês, a disputa pelo controle do partido entra numa fase decisiva. Até lá, o PSDB ganha tempo: na televisão o partido banca um discurso mais popular de oposição, mas na prática congressual - onde ocorrem os embates com o governo - os tucanos não incomodam. Houve conflitos trabalhistas em obras do PAC, e os tucanos quando muito ficaram a reboque de iniciativas adotadas pelos partidos governistas.
A pouco mais de 30 dias da convenção nacional do PSDB, as negociações para a eleição do novo comando tucano se encontram virtualmente paralisadas pela falta de entendimento entre os dois principais líderes do partido, o ex-governador José Serra, candidato derrotado a presidente em 2010, e o senador mineiro Aécio Neves, o mais provável nome dos tucanos para a sucessão presidencial de 2014.
A falta de um entendimento levou a negociação a um impasse: Aécio já se comprometeu com a manutenção do deputado Sérgio Guerra (PE) na presidência do partido, uma candidatura que Serra não contesta publicamente, mas não demonstra disposição alguma em apoiar. Embora a preferência por Aécio em 2014 pareça majoritária, no momento, mesmo os adversários de Serra entendem que qualquer saída para os tucanos precisa levar em conta a opinião do ex-governador de São Paulo.
Algumas soluções foram tentadas ao longo da semana passada, sem sucesso. Uma delas prevê que um conselho de eminências pardas tucanas teria o poder político, enquanto à executiva nacional caberia a parte operacional. Neste desenho, Serra indicaria o vice-presidente ou o secretário-geral do PSDB. Alguns tucanos tentaram convencer Fernando Henrique Cardoso a aceitar a presidência do conselho, mas o ex-presidente recusou o convite.
O conselho seria integrado por FHC, Serra, Aécio, Tasso Jereissati (CE) e os seis governadores do PSDB. À exceção dos governadores, na prática é o que sempre ocorreu entre os tucanos, um partido acostumado às decisões de cúpula. A inclusão dos governadores, por sinal, levanta uma outra questão: todos, inclusive o governador do poderoso Estado de São Paulo, encontram dificuldades para compatibilizar a administração regional com a oposição ao governo federal.
Dois exemplos são citados: Geraldo Alckmin é um deles. O governador não é entusiasta do trem bala ligando o Rio de Janeiro a São Paulo. Preferiria investir na expansão do metrô da cidade de São Paulo. Mas não tem como criticar publicamente uma iniciativa do governo federal que, em princípio, representa mais investimentos em São Paulo.
O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, por seu turno, já se apressou em eximir de culpa o governo da presidente Dilma Rousseff pela escalada inflacionária. A dependência dos governadores em relação ao poder central poderia fragilizar, em vez de fortalecer o conselho. Entre os partidários de Serra há também o receio de que a expansão do colegiado favoreça a candidatura de Aécio em 2014.
Outra carta na mesa é a possibilidade de Serra indicar um nome para a vice-presidência ou secretaria-geral do PSDB, numa chapa encabeçada por Sérgio Guerra. Dois nomes são mencionados: o senador Aloysio Nunes Ferreira e o do ex-governador paulista Alberto Goldman. O problema de Aloysio é sua identificação com José Serra, o que poderia parecer uma derrota de Aécio, segundo os aliados do tucano mineiro. Resta o nome de Goldman. Falta aos aliados de Aécio convencer Serra de que esta é uma boa solução para todos.
O senador Álvaro Dias (PR) propôs a realização de prévias partidárias para a indicação de candidatos tucanos a cargos executivos. Com a radicalização das posições, esta talvez seja a única alternativa do PSDB. Na cidade de São Paulo, é possível que a escolha do candidato tucano seja definida numa prévia entre os militantes do partido, se José Serra não for o candidato, como ele costuma assegurar.
São Paulo, aliás, não é a única capital brasileira marcada com um alfinete vermelho no mapa eleitoral dos tucanos para a eleição municipal de 2012. Só para citar os maiores colégios eleitorais, o PSDB não tem nomes em evidência no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e em Salvador. Também não tem candidatos na lista de favoritos em capitais importantes como Porto Alegre.
Em Curitiba, o deputado Gustavo Fruet é visto como uma boa opção, mas o governador do Estado Beto Richa, que é do PSDB, tem compromissos com o atual prefeito da cidade, Luciano Ducci, que é do PSB. Fruet pode até trocar de partido. Outro nome competitivo, a exemplo de Fruet, seria o da senadora Marisa Serrano, em Campo Grande (MS). Mas ela tem outras opções em vista até 2012. Na região Norte e Nordeste, só em Teresina (PI) os tucanos têm opção de concorrer com favoritismo.
Com a definição de comando das seções estaduais do PSDB, até o final deste mês, a disputa pelo controle do partido entra numa fase decisiva. Até lá, o PSDB ganha tempo: na televisão o partido banca um discurso mais popular de oposição, mas na prática congressual - onde ocorrem os embates com o governo - os tucanos não incomodam. Houve conflitos trabalhistas em obras do PAC, e os tucanos quando muito ficaram a reboque de iniciativas adotadas pelos partidos governistas.
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