Por Andrew Gavin Marshall, no sítio português O Diário:
Nunca como agora foi tão importante haver vozes e fontes de informação independentes e sérias. Somos, como sociedade, inundados e asfixiados por um dilúvio de informação proveniente de uma larga rede de fontes de informação, que de uma forma geral servem interesses poderosos e os que os detêm. As principais fontes de informação para consumo público e oficial incluem os media convencionais, os media alternativos, a universidade e os “laboratórios de ideias” (think tanks).
Os media convencionais são os mais óbvios quanto a manipulação e enviesamento. São propriedade directa de grandes empresas multinacionais e através dos respectivos quadros de direcção estão ligados a uma quantidade de outras grandes empresas globais e aos interesses das elites. Um exemplo destas ligações pode ser avaliado através do quadro da Time Warner.
A Time Warner detém, entre muitas outras, a revista Time, a HBO, a Warner Bros. e a CNN. O quadro de directores inclui indivíduos actual ou anteriormente ligados a: Conselho de Relações Internacionais, FMI, Fundação Rockfeller Brothers, Warburg Pincus, Phillip Morris e a AMR Corporation, entre muitas outras.
Duas das mais “apreciadas” fontes noticiosas nos EUA são o New York Times (tido como “jornal de referência”) e o Washington Post. O New York Times tem no seu quadro gente que está ou esteve ligada a: Schering-Plough International (indústria farmacêutica), Fundação John D. e Catherine T. MacArthur, Chevron Corporation, Wesco Financial Corporation, Kohlberg & Company, The Charles Schwab Corporation, eBay Inc., Xerox, IBM, Ford Motor Company, Eli Lilly & Company, entre outras. Difícil poder ser considerado um bastião de imparcialidade.
E o mesmo podia dizer-se do Washington Post, que tem nos seus quadros: Lee Bollinger, presidente da Columbia University e presidente do Federal Reserve Bank de New York; Warren Buffett, investidor financeiro multimilionário, presidente e director-geral do Berkshire Hathaway; e pessoas ligadas (agora ou no passado) a: Coca-Cola Company, New York University, Conservation International, Conselho de Relações Internacionais, Xerox, Catalyst, Johnson & Johnson, Target Corporation, RAND Corporation, General Motors e Business Council, entre outras.
É igualmente importante ver como os media convencionais estão interligados, por vezes confidencial e secretamente, ao governo. Carl Bernstein, um dos dois repórteres do Washington Post que cobriram o escândalo Watergate, revelou que havia mais de 400 jornalistas americanos que tinham “secretamente desempenhado missões para a Central Intelligence Agency.” Curiosamente, “a utilização de jornalistas tem constituído um dos mais produtivos meios de recolha de informação usados pela CIA.”
Entre as organizações que cooperaram com a CIA estão “a American Broadcasting Company, a National Broadcasting Company, a Associated Press, a United Press International, a Reuters, os Hearst Newspapers, a Scripps-Howard, a revista Newsweek, o Mutual Broadcasting System, o Miami Herald, o velho Saturday Evening Post e o New York Herald-Tribune.”
De acordo com funcionários da CIA, as mais valiosas destas ligações têm sido de longe com o New York Times, a CBS e a Time Inc. A CIA desenvolveu mesmo um programa de formação “para ensinar aos seus agentes a serem jornalistas,” para depois serem “colocados nas principais organizações noticiosas com a conivência das administrações.”
Estes tipos de ligação têm prosseguido desde há décadas, embora talvez mais discreta e disfarçadamente do que antes. Por exemplo, foi revelado em 2000 que durante o bombardeamento do Kosovo pela NATO, “vários oficiais do 4º Grupo de Operações Psicológicas do Exército dos EUA (PSYOPS) em Ft. Bragg trabalhavam na divisão noticiosa dos escritórios da CNN em Atlanta.”
A mesma farda de Psyop do exército “enxertou histórias nos media americanos apoiando as políticas do governo Reagan na América Central,” descritas pelo Miami Herald como uma “vasta operação de guerra psicológica do tipo que os militares desenvolvem para influenciar a população em território inimigo.” Estes oficiais PSYOP do exército trabalhavam também na Rádio Nacional Pública (NPR) ao mesmo tempo. Os militares dos EUA têm tido de facto uma forte relação com a CNN.
Em 2008, foi revelado que o Pentágono desenvolveu uma grande campanha de propaganda utilizando generais reformados e antigos funcionários do Pentágono para apresentarem uma boa imagem das políticas de guerra do governo. O programa começou na preparação da guerra do Iraque de 2003 e continuou até 2009. Estes oficiais, apresentados como “analistas militares”, regurgitam os pontos de vista do governo e muitas vezes têm assento nos quadros dos empreiteiros militares, detendo dessa forma interesses assegurados nos assuntos que são levados a “analisar”.
As principais fundações filantrópicas dos Estados Unidos têm frequentemente usado a sua enorme riqueza para cooptar vozes dissidentes e movimentos de resistência em canais seguros para os poderes vigentes. Conforme McGeorge Bundy, antigo presidente da Fundação Ford, uma vez disse que “tudo o que Fundação faz é tornar o mundo seguro para o capitalismo.”
Exemplos incluem filantrópicas como a Fundação Rockefeller, a Fundação Ford e a Fundação John D. e Catherine T. MacArthur que fornecem imenso apoio financeiro e organizacional a Organizações Não-Governamentais. Além disso, os media alternativos são muitas vezes financiados por estas mesmas fundações, o que tem como resultado influenciarem a orientação da cobertura dos assuntos, assim como a supressão da análise crítica.
* Tradução de Jorge Vasconcelos.
Nunca como agora foi tão importante haver vozes e fontes de informação independentes e sérias. Somos, como sociedade, inundados e asfixiados por um dilúvio de informação proveniente de uma larga rede de fontes de informação, que de uma forma geral servem interesses poderosos e os que os detêm. As principais fontes de informação para consumo público e oficial incluem os media convencionais, os media alternativos, a universidade e os “laboratórios de ideias” (think tanks).
Os media convencionais são os mais óbvios quanto a manipulação e enviesamento. São propriedade directa de grandes empresas multinacionais e através dos respectivos quadros de direcção estão ligados a uma quantidade de outras grandes empresas globais e aos interesses das elites. Um exemplo destas ligações pode ser avaliado através do quadro da Time Warner.
A Time Warner detém, entre muitas outras, a revista Time, a HBO, a Warner Bros. e a CNN. O quadro de directores inclui indivíduos actual ou anteriormente ligados a: Conselho de Relações Internacionais, FMI, Fundação Rockfeller Brothers, Warburg Pincus, Phillip Morris e a AMR Corporation, entre muitas outras.
Duas das mais “apreciadas” fontes noticiosas nos EUA são o New York Times (tido como “jornal de referência”) e o Washington Post. O New York Times tem no seu quadro gente que está ou esteve ligada a: Schering-Plough International (indústria farmacêutica), Fundação John D. e Catherine T. MacArthur, Chevron Corporation, Wesco Financial Corporation, Kohlberg & Company, The Charles Schwab Corporation, eBay Inc., Xerox, IBM, Ford Motor Company, Eli Lilly & Company, entre outras. Difícil poder ser considerado um bastião de imparcialidade.
E o mesmo podia dizer-se do Washington Post, que tem nos seus quadros: Lee Bollinger, presidente da Columbia University e presidente do Federal Reserve Bank de New York; Warren Buffett, investidor financeiro multimilionário, presidente e director-geral do Berkshire Hathaway; e pessoas ligadas (agora ou no passado) a: Coca-Cola Company, New York University, Conservation International, Conselho de Relações Internacionais, Xerox, Catalyst, Johnson & Johnson, Target Corporation, RAND Corporation, General Motors e Business Council, entre outras.
É igualmente importante ver como os media convencionais estão interligados, por vezes confidencial e secretamente, ao governo. Carl Bernstein, um dos dois repórteres do Washington Post que cobriram o escândalo Watergate, revelou que havia mais de 400 jornalistas americanos que tinham “secretamente desempenhado missões para a Central Intelligence Agency.” Curiosamente, “a utilização de jornalistas tem constituído um dos mais produtivos meios de recolha de informação usados pela CIA.”
Entre as organizações que cooperaram com a CIA estão “a American Broadcasting Company, a National Broadcasting Company, a Associated Press, a United Press International, a Reuters, os Hearst Newspapers, a Scripps-Howard, a revista Newsweek, o Mutual Broadcasting System, o Miami Herald, o velho Saturday Evening Post e o New York Herald-Tribune.”
De acordo com funcionários da CIA, as mais valiosas destas ligações têm sido de longe com o New York Times, a CBS e a Time Inc. A CIA desenvolveu mesmo um programa de formação “para ensinar aos seus agentes a serem jornalistas,” para depois serem “colocados nas principais organizações noticiosas com a conivência das administrações.”
Estes tipos de ligação têm prosseguido desde há décadas, embora talvez mais discreta e disfarçadamente do que antes. Por exemplo, foi revelado em 2000 que durante o bombardeamento do Kosovo pela NATO, “vários oficiais do 4º Grupo de Operações Psicológicas do Exército dos EUA (PSYOPS) em Ft. Bragg trabalhavam na divisão noticiosa dos escritórios da CNN em Atlanta.”
A mesma farda de Psyop do exército “enxertou histórias nos media americanos apoiando as políticas do governo Reagan na América Central,” descritas pelo Miami Herald como uma “vasta operação de guerra psicológica do tipo que os militares desenvolvem para influenciar a população em território inimigo.” Estes oficiais PSYOP do exército trabalhavam também na Rádio Nacional Pública (NPR) ao mesmo tempo. Os militares dos EUA têm tido de facto uma forte relação com a CNN.
Em 2008, foi revelado que o Pentágono desenvolveu uma grande campanha de propaganda utilizando generais reformados e antigos funcionários do Pentágono para apresentarem uma boa imagem das políticas de guerra do governo. O programa começou na preparação da guerra do Iraque de 2003 e continuou até 2009. Estes oficiais, apresentados como “analistas militares”, regurgitam os pontos de vista do governo e muitas vezes têm assento nos quadros dos empreiteiros militares, detendo dessa forma interesses assegurados nos assuntos que são levados a “analisar”.
As principais fundações filantrópicas dos Estados Unidos têm frequentemente usado a sua enorme riqueza para cooptar vozes dissidentes e movimentos de resistência em canais seguros para os poderes vigentes. Conforme McGeorge Bundy, antigo presidente da Fundação Ford, uma vez disse que “tudo o que Fundação faz é tornar o mundo seguro para o capitalismo.”
Exemplos incluem filantrópicas como a Fundação Rockefeller, a Fundação Ford e a Fundação John D. e Catherine T. MacArthur que fornecem imenso apoio financeiro e organizacional a Organizações Não-Governamentais. Além disso, os media alternativos são muitas vezes financiados por estas mesmas fundações, o que tem como resultado influenciarem a orientação da cobertura dos assuntos, assim como a supressão da análise crítica.
* Tradução de Jorge Vasconcelos.
1 comentários:
Sou um leitor assíduo do seu Blog. Aliás, um dos poucos que tem compromisso em mostrar "o outro lado da verdade". Li recentemente um artigo no qual revela os interesses e as mentiras que estão por trás na guerra contra a Líbia, bem como uma lista de todos os países que foram bombardeados pelos EUA desde o fim da 2ª Guerra:
A guerra na Líbia e a guerra da mídia: http://bit.ly/mUpkls (em inglês)
Lista dos países que foram bombardeados pelos EUA desde o fim da 2ª Grande Guerra: http://bit.ly/iWAAiW
Finalizo parabenizando pelo seu trabalho e pela sua luta.
abraços
Postar um comentário