Por Antonio Martins, no sítio Outras Palavras:
No momento em que lançamos um novo programa para ampliar nossa rede de colaboradores, queremos compartilhar um pouco mais profundamente nossas visões sobre os rumos do jornalismo, na era das redes. Pensamos que a comunicação comercial de massas deixou, por diversas razões, de cumprir o papel destacado que desempenhava na democracia – também ela em crise, aliás. Porém, imaginamos que este papel – examinar e relatar realidades sociais complexas, de modo compreensível e atraente, no tempo em que ainda é possível interferir sobre o desfecho dos acontecimentos – pode ser exercido por outros atores.
Acreditamos na força da comunicação compartilhada. Se o futuro da internet está em aberto e em disputa (esta é uma das encruzilhadas mais importantes de nossa época…), é porque a rede foi apropriada, também, pelo ser humano, em seu desejo de multiplicar conexões diretas, sem a intermediação de grandes estruturas empresariais ou burocráticas. Esta libertação se dá em múltiplos terrenos. Nas comunicações, está ruindo a crença castradora que associava “verdade” ao que “saiu no jornal” – e, portanto, elevava um pequeno oligopólio de empresas à condição de narradoras exclusivas de nosso presente.
Todos podemos assumir este papel. O universo de informações que circula na internet é infinitamente mais vasto e mais rico do que o que está nas tevês, revistas e jornais. Os blogs e redes sociais revalorizaram a narrativa sobre a vida social. Mas foram muito além disso. Tornou-se possível encontrar, na rede, informação relevante sobre qualquer tema com peso na construção do futuro coletivo. Do novo Código Florestal brasileiro às descobertas e polêmicas sobre a velocidade dos neutrinos. Das alternativas diante da crise financeira internacional à discussão sobre o que fazer com as reservas de petróleo brasileiras no pré-sal. Do questionamento às patentes farmacêuticas à multiplicação de iniciativas ligadas à cultura das periferias, ou aos coletivos voltados à arte questionadora.
Neste universo ultra-expandido, o jornalismo precisa encontrar um novo sentido. Já não lhe cabe nenhuma exclusividade na narração da vida. Mas ele pode articular a informação disponível – reunindo, reprocessando e valorizando a infinidade de dados que circulam pela rede e passam quase sempre despercebidos.
Num mundo de tempos cada vez mais exíguos, os seres humanos não podem conhecer sequer uma ínfima fração das novas informações disponíveis. Surge o conhecido paradoxo do caos comunicativo. Há hiperabundância de dados sobre todos os fatos – porém, é cada vez mais difícil estabelecer bases comuns para dialogar e interferir sobre eles.
Um novo jornalismo não terá a pretensão de organizar este universo infinito e em permanente expansão – mas, sim, pode oferecer narrativas capazes de sensibilizar e dialogar com públicos específicos. Outras Palavras quer cumprir um papel neste cenário.
No momento em que lançamos um novo programa para ampliar nossa rede de colaboradores, queremos compartilhar um pouco mais profundamente nossas visões sobre os rumos do jornalismo, na era das redes. Pensamos que a comunicação comercial de massas deixou, por diversas razões, de cumprir o papel destacado que desempenhava na democracia – também ela em crise, aliás. Porém, imaginamos que este papel – examinar e relatar realidades sociais complexas, de modo compreensível e atraente, no tempo em que ainda é possível interferir sobre o desfecho dos acontecimentos – pode ser exercido por outros atores.
Acreditamos na força da comunicação compartilhada. Se o futuro da internet está em aberto e em disputa (esta é uma das encruzilhadas mais importantes de nossa época…), é porque a rede foi apropriada, também, pelo ser humano, em seu desejo de multiplicar conexões diretas, sem a intermediação de grandes estruturas empresariais ou burocráticas. Esta libertação se dá em múltiplos terrenos. Nas comunicações, está ruindo a crença castradora que associava “verdade” ao que “saiu no jornal” – e, portanto, elevava um pequeno oligopólio de empresas à condição de narradoras exclusivas de nosso presente.
Todos podemos assumir este papel. O universo de informações que circula na internet é infinitamente mais vasto e mais rico do que o que está nas tevês, revistas e jornais. Os blogs e redes sociais revalorizaram a narrativa sobre a vida social. Mas foram muito além disso. Tornou-se possível encontrar, na rede, informação relevante sobre qualquer tema com peso na construção do futuro coletivo. Do novo Código Florestal brasileiro às descobertas e polêmicas sobre a velocidade dos neutrinos. Das alternativas diante da crise financeira internacional à discussão sobre o que fazer com as reservas de petróleo brasileiras no pré-sal. Do questionamento às patentes farmacêuticas à multiplicação de iniciativas ligadas à cultura das periferias, ou aos coletivos voltados à arte questionadora.
Neste universo ultra-expandido, o jornalismo precisa encontrar um novo sentido. Já não lhe cabe nenhuma exclusividade na narração da vida. Mas ele pode articular a informação disponível – reunindo, reprocessando e valorizando a infinidade de dados que circulam pela rede e passam quase sempre despercebidos.
Num mundo de tempos cada vez mais exíguos, os seres humanos não podem conhecer sequer uma ínfima fração das novas informações disponíveis. Surge o conhecido paradoxo do caos comunicativo. Há hiperabundância de dados sobre todos os fatos – porém, é cada vez mais difícil estabelecer bases comuns para dialogar e interferir sobre eles.
Um novo jornalismo não terá a pretensão de organizar este universo infinito e em permanente expansão – mas, sim, pode oferecer narrativas capazes de sensibilizar e dialogar com públicos específicos. Outras Palavras quer cumprir um papel neste cenário.
1 comentários:
A pergunta séria para onde vai a Mídia?
Qual e o futuro e da sensibilidade da mídia para novas tendências puxadas pelo crescente emburrecimento provocado pela falta de investimentos na educação, qualquer dia o mais lido será o Diario Gaucho e não mais a Zero hora que é filho do mesmo pai!!
A Mídia decai quando decai uma sociedade? inteira?
Postar um comentário