Por Adriana Delorenzo, na revista Fórum:
Blogueiros, “twiteiros”, “facebookeiros”, ativistas, militantes, jornalistas, estudantes e professores de comunicação estiveram presentes para debater as novas mídias em Foz de Iguaçu (PR). A cidade, que faz fronteira com Paraguai e Argentina, foi a sede do 1º Encontro Mundial de Blogueiros, que reuniu 468 participantes de 23 países e 17 estados brasileiros.
A diversidade foi a marca do encontro, que abordou o papel da internet e as novas mobilizações articuladas pela rede, como o “Ocuppy Wall Street” e a Primavera Árabe. A troca de experiências tão diferentes foi um dos principais pontos positivos do evento, na opinião de Ignácio Ramonet, criador do Le Monde Diplomatique e autor de vários livros sobre comunicação.
Com um balanço positivo do encontro, Ramonet destacou ainda a importância da aprovação da carta final e da continuidade do movimento. “A carta dá um sentido ao encontro, que tem um propósito de política comunicacional, como uma dimensão fundamental para uma sociedade mais progressista e mais avançada”, disse.
O documento aprovado no último dia, no auditório da Itaipu, traz em seu texto a luta pela liberdade de expressão e pela pluralidade informativa e contra qualquer tipo de censura e perseguição política, a defesa do acesso à banda larga universal e a neutralidade na rede e de marcos regulatórios que garantam uma comunicação democrática e plural, entre outros pontos, que fizeram parte dos debates.
Em relação ao marco regulatório de comunicação, foi sentida a ausência do ministro Paulo Bernardo, que não enviou representante. A última mesa do encontro reuniu a ministra da área do Peru, Blanca Josales, o ex-ministro da Venezuela, Jesse Chacón, e o integrante que elaborou a “Ley de Medios” na Argentina, Damian Loreti.
Chácon ressaltou que a comunicação deve ser vista como um direito humano e questionou quem controla as tecnologias de informação hoje. “Revolução tecnológica e informacional não é sinônimo de revolução social”, afirmou. Já o argentino relatou como se deu o processo de regulamentação em seu país, com ampla participação da sociedade civil, que debate em audiência pública as concessões de rádio e TV.
Blanca anunciou que, em junho de 2012, o Peru irá promover o Encontro de Blogueiros da América Latina. Antes disso, em maio, haverá o 3º Encontro Nacional em Salvador (BA). E, ainda, serão realizados diversos encontros estaduais. As etapas nos estados reuniram cerca de três mil pessoas em 18 blogprog, como ficou conhecido. O Nacional foi realizado em Brasília, em junho, reunindo aproximadamente 500 pessoas presencialmente e 37 mil assistindo pela internet.
Romper o silêncio
Um dos debates presentes nos encontros é o papel da internet para as transformações sociais. Para Andrés Thomas Conteris, do Democracy Now, em espanhol, atualmente há um novo tipo de jornalismo, que vai onde está o silêncio. “Somos parte de uma comunidade mundial que se compromete em informar de outra maneira que não as das rádios e veículos dominantes”, disse.
Somente com as novas tecnologias, foi possível que o argentino Martin Granovsky, do jornal Página 12, contasse como os jornalistas dos veículos tradicionais brasileiros fizeram a cobertura da entrega do título de doutor honoris causa ao ex-presidente Lula. Segundo ele, ficou claro o preconceito da mídia brasileira, que “não aceita a Senzala ter chegado à Casa Grande”, em referência ao livro de Sérgio Buarque de Holanda. Granovsky divulgou na internet a pergunta da jornalista do jornal O Globo que questionou por que não conceder o título ao ex-presidente FHC, mas a Lula, que sequer curso superior possui. No dia, a hashtag #porquenaofhc ficou entre os principais assuntos do Twitter.
Fatos como esse mostram o poder da internet para compartilhar informações. “Se houvesse blogosfera em 2009 talvez tivéssemos conseguido barrar a eleição de Collor em 1989”, afirmou Leandro Fortes, jornalista da revista Carta Capital e editor do blog Brasília eu vi. Ele destacou casos recentes desmascarados pela internet, como o caso da bolinha de papel que atingiu o candidato à presidência José Serra no ano passado. Fortes ainda ressaltou como as redes sociais alteraram a relação do leitor com o jornalista, o que, para ele, pode ser positivo, mas a “velha mídia” está se afastando disso.
Na opinião de Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos Barão de Itararé, a “comunicação só vai avançar se o movimento social se apropriar dessa causa”. Joaquim Palhares, da Altercom, que junto com o Barão realizou o encontro, afirmou que os veículos dominantes têm muitos espaços na sociedade para defender seus interesses. Mas o 1º Encontro Mundial de Blogueiros mostrou que o movimento social pela democratização da comunicação está crescendo.
Blogueiros, “twiteiros”, “facebookeiros”, ativistas, militantes, jornalistas, estudantes e professores de comunicação estiveram presentes para debater as novas mídias em Foz de Iguaçu (PR). A cidade, que faz fronteira com Paraguai e Argentina, foi a sede do 1º Encontro Mundial de Blogueiros, que reuniu 468 participantes de 23 países e 17 estados brasileiros.
A diversidade foi a marca do encontro, que abordou o papel da internet e as novas mobilizações articuladas pela rede, como o “Ocuppy Wall Street” e a Primavera Árabe. A troca de experiências tão diferentes foi um dos principais pontos positivos do evento, na opinião de Ignácio Ramonet, criador do Le Monde Diplomatique e autor de vários livros sobre comunicação.
Com um balanço positivo do encontro, Ramonet destacou ainda a importância da aprovação da carta final e da continuidade do movimento. “A carta dá um sentido ao encontro, que tem um propósito de política comunicacional, como uma dimensão fundamental para uma sociedade mais progressista e mais avançada”, disse.
O documento aprovado no último dia, no auditório da Itaipu, traz em seu texto a luta pela liberdade de expressão e pela pluralidade informativa e contra qualquer tipo de censura e perseguição política, a defesa do acesso à banda larga universal e a neutralidade na rede e de marcos regulatórios que garantam uma comunicação democrática e plural, entre outros pontos, que fizeram parte dos debates.
Em relação ao marco regulatório de comunicação, foi sentida a ausência do ministro Paulo Bernardo, que não enviou representante. A última mesa do encontro reuniu a ministra da área do Peru, Blanca Josales, o ex-ministro da Venezuela, Jesse Chacón, e o integrante que elaborou a “Ley de Medios” na Argentina, Damian Loreti.
Chácon ressaltou que a comunicação deve ser vista como um direito humano e questionou quem controla as tecnologias de informação hoje. “Revolução tecnológica e informacional não é sinônimo de revolução social”, afirmou. Já o argentino relatou como se deu o processo de regulamentação em seu país, com ampla participação da sociedade civil, que debate em audiência pública as concessões de rádio e TV.
Blanca anunciou que, em junho de 2012, o Peru irá promover o Encontro de Blogueiros da América Latina. Antes disso, em maio, haverá o 3º Encontro Nacional em Salvador (BA). E, ainda, serão realizados diversos encontros estaduais. As etapas nos estados reuniram cerca de três mil pessoas em 18 blogprog, como ficou conhecido. O Nacional foi realizado em Brasília, em junho, reunindo aproximadamente 500 pessoas presencialmente e 37 mil assistindo pela internet.
Romper o silêncio
Um dos debates presentes nos encontros é o papel da internet para as transformações sociais. Para Andrés Thomas Conteris, do Democracy Now, em espanhol, atualmente há um novo tipo de jornalismo, que vai onde está o silêncio. “Somos parte de uma comunidade mundial que se compromete em informar de outra maneira que não as das rádios e veículos dominantes”, disse.
Somente com as novas tecnologias, foi possível que o argentino Martin Granovsky, do jornal Página 12, contasse como os jornalistas dos veículos tradicionais brasileiros fizeram a cobertura da entrega do título de doutor honoris causa ao ex-presidente Lula. Segundo ele, ficou claro o preconceito da mídia brasileira, que “não aceita a Senzala ter chegado à Casa Grande”, em referência ao livro de Sérgio Buarque de Holanda. Granovsky divulgou na internet a pergunta da jornalista do jornal O Globo que questionou por que não conceder o título ao ex-presidente FHC, mas a Lula, que sequer curso superior possui. No dia, a hashtag #porquenaofhc ficou entre os principais assuntos do Twitter.
Fatos como esse mostram o poder da internet para compartilhar informações. “Se houvesse blogosfera em 2009 talvez tivéssemos conseguido barrar a eleição de Collor em 1989”, afirmou Leandro Fortes, jornalista da revista Carta Capital e editor do blog Brasília eu vi. Ele destacou casos recentes desmascarados pela internet, como o caso da bolinha de papel que atingiu o candidato à presidência José Serra no ano passado. Fortes ainda ressaltou como as redes sociais alteraram a relação do leitor com o jornalista, o que, para ele, pode ser positivo, mas a “velha mídia” está se afastando disso.
Na opinião de Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos Barão de Itararé, a “comunicação só vai avançar se o movimento social se apropriar dessa causa”. Joaquim Palhares, da Altercom, que junto com o Barão realizou o encontro, afirmou que os veículos dominantes têm muitos espaços na sociedade para defender seus interesses. Mas o 1º Encontro Mundial de Blogueiros mostrou que o movimento social pela democratização da comunicação está crescendo.
0 comentários:
Postar um comentário