O tucano Marconi Perillo deve dançar miudinho no seu
depoimento à CPMI do Cachoeira amanhã (12). Para complicar ainda mais a sua já delicada situação, o repórter Chico de Gois, do jornal O Globo, divulgou hoje novos trechos
da escuta telefônica feita pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. Eles
indicam que o mafioso intermediou pessoalmente a venda da mansão do governador
de Goiás.
Num dos grampos, Carlinhos Cachoeira ordena ao ex-vereador
Wladimir Garcez, também do PSDB, que a grana da negociata seja entregue diretamente
ao próprio Perillo, em plena sede do governo em Goiânia. “Vende esse trem hoje,
hein. Pega o dinheiro logo, urgente... Fala: É pro governador. Vamos lá pagar
ele logo no palácio”, afirma o mafioso.
As explicações que não convencem
Até agora o governador não conseguiu explicar como a sua
mansão – onde Carlinhos Cachoeira foi preso pela Polícia Federal – foi vendida. As cifras da
transação não batem: ele diz que vendeu por R$ 1,4 milhão. Nos grampos da PF, o
mafioso fala em valores entre R$ 2,25 milhões e R$ 2,3 milhões. Também não está
claro como o negócio foi fechado: com três cheques ou com dinheiro vivo.
“Perillo tem afirmado que a negociação se deu por intermédio
de Garcez e que não recebeu dinheiro pela transação, mas três cheques, que
foram depositados em sua conta. Os cheques foram assinados por um sobrinho de
Cachoeira, mas o governador afirma que não sabia disso... Na semana passada, o
professor Walter Paulo Santiago, que se intitula administrador da Mestra
Participações, em nome da qual está a casa, disse que pagou pela imóvel em
dinheiro vivo, em pacotinhos de notas de R$ 50 e R$ 100”, relata Chico Gois.
Sem ter como explicar a sua estranha ligação com o mafioso
Carlinhos Cachoeira, o governador tucano tem adotado a tática de que a melhor
defesa é o ataque. Em entrevista à Folha, Perillo voltou a atacar o
ex-presidente Lula. Tenta se passar como vítima de um complô, de “perseguição
política”. Mas nem o PSDB bota mais fé no tucano, que vivia posando de paladino
de ética.
A legenda está perdida, atordoada. Ela teme pelos efeitos das
denúncias nas eleições de outubro, mas não tem como rifar o grão-tucano. No
desespero, “preocupado com o impacto na imagem do partido, o PSDB recorreu à base
do governo Dilma na tentativa de blindar o governador de Goiás amanhã em seu
depoimento à CPI do Cachoeira”, especula Cátia Seabra, da mesma Folha.
O “pacto de não agressão” proposto pelos tucanos lembra a fábula
do escorpião e do sapo. No meio da travessia, até por instinto de sobrevivência
em pleno ano eleitoral, o escorpião vai cravar seu ferrão venenoso. Não dá mesmo para confiar nos tucanos e nas intrigas da mídia!
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