Por Antonio Martins, no sítio Outras Palavras:
Chamam-se Miguel Abdón (Partido Liberal), Miguel Carrizosa (Partido Pátria Querida) e Luís Gneiting (Partido Colorado) os três parlamentares paraguaios que desembarcam nesta terça-feira em Brasília, em missão delicada. Estão entre os líderes do golpe que derrubou o presidente eleito, Fernando Lugo. Pretendem convencer autoridades brasileiras de que adotar sanções contra o novo governo “significaria ferir a autodeterminação do Paraguai”. Julgam que têm chances de sucesso. Ao contrário do que ocorreu na Argentina, onde a Presidência, o Senado e a Câmara rechaçaram o golpe, esperam ser recebidos por parlamentares brasileiros e pelo próprio Itamaraty.
Tanto a resistência ao golpe quanto os partidários do governo imposto pelos deputados e senadores ampliaram suas apostas ontem, preparando-se para uma semana que pode ser decisiva. Concentrados até o momento diante da TV Pública, em Assunção, os movimentos que pedem a volta do presidente eleito decidiram multiplicar atos de protesto pelo país, relata João Fellet, repórter da BBC Brasil enviado ao Paraguai. “Vamos unir sem-teto, indígenas, estudantes, sindicalistas, todos os movimentos sociais”, afirmou José Rodríguez, líder da Liga Nacional de Carperos (LNC), que articula ações dos sem-terra, no país de maior concentração agrária da América Latina.
A mesma posição foi expressa pelo presidente eleito Fernando Lugo, em entrevista concedida esta manhã à Telesul. Ele reafirmou seu apelo à resistência pacífica (veja site do movimento) e anunciou que começará a percorrer o país a partir da próxima semana, “para explicar o que ocorreu”. Contudo, considerou “muito difícil” que o Legislativo recue do golpe praticado semana passada: “Houve um acordo prévio, entre os partidos tradicionais e o poder econômico”.
No plano internacional, o centro das atenções serão as reuniões que o Mercosul e a Unasul (União das Nações Sul-americanas) realizarão a partir de quinta-feira, em Córdoba, Argentina. O Paraguai depende fortemente do comércio com Brasil, Argentina e Uruguai — para onde envia 50% de suas exportações, revela texto da Agência EFE. Além disso, as receitas que obtém com a venda, ao Brasil, de parte energia gerada em Itaipu é essencial tanto para o equilíbrio de sua balança comercial, quanto para as receitas do Estado.
Dois protocolos firmados pelo Mercosul - Ushuaia I e II - autorizam adotar sanções contra atos de ruptura da legalidade democrática. Os acordos preveem, entre outras medidas, suspender total ou parcialmente o comércio, limitar o tráfego aéreo e as comunicações, interromper o fornecimento de serviços contratados.
Uma análise da revista Economist sugere que talvez o governo golpista de Assunção conte com o Brasil, para evitar estas sanções. A revista lembra que, à época de Lula, Brasília teve grande projeção internacional e destacou-se na defesa da democracia em Honduras, que também sofreu golpe de Estado. Mas frisa que a presidente Dilma tem evitado declarações incisivas sobre o golpe - e, especialmente, “pratica uma política externa muito mais moderada que a de seu antecessor”.
Ontem, houve protestos de algumas centenas de pessoas, diante dos consulados paraguaios em São Paulo e Rio. Diante da presença de uma comitiva de líderes golpistas em Brasília, talvez não fosse má ideia promover, na capital, uma nova versão dos escrachos — agora contra quem fere a democracia no presente…
Chamam-se Miguel Abdón (Partido Liberal), Miguel Carrizosa (Partido Pátria Querida) e Luís Gneiting (Partido Colorado) os três parlamentares paraguaios que desembarcam nesta terça-feira em Brasília, em missão delicada. Estão entre os líderes do golpe que derrubou o presidente eleito, Fernando Lugo. Pretendem convencer autoridades brasileiras de que adotar sanções contra o novo governo “significaria ferir a autodeterminação do Paraguai”. Julgam que têm chances de sucesso. Ao contrário do que ocorreu na Argentina, onde a Presidência, o Senado e a Câmara rechaçaram o golpe, esperam ser recebidos por parlamentares brasileiros e pelo próprio Itamaraty.
Tanto a resistência ao golpe quanto os partidários do governo imposto pelos deputados e senadores ampliaram suas apostas ontem, preparando-se para uma semana que pode ser decisiva. Concentrados até o momento diante da TV Pública, em Assunção, os movimentos que pedem a volta do presidente eleito decidiram multiplicar atos de protesto pelo país, relata João Fellet, repórter da BBC Brasil enviado ao Paraguai. “Vamos unir sem-teto, indígenas, estudantes, sindicalistas, todos os movimentos sociais”, afirmou José Rodríguez, líder da Liga Nacional de Carperos (LNC), que articula ações dos sem-terra, no país de maior concentração agrária da América Latina.
A mesma posição foi expressa pelo presidente eleito Fernando Lugo, em entrevista concedida esta manhã à Telesul. Ele reafirmou seu apelo à resistência pacífica (veja site do movimento) e anunciou que começará a percorrer o país a partir da próxima semana, “para explicar o que ocorreu”. Contudo, considerou “muito difícil” que o Legislativo recue do golpe praticado semana passada: “Houve um acordo prévio, entre os partidos tradicionais e o poder econômico”.
No plano internacional, o centro das atenções serão as reuniões que o Mercosul e a Unasul (União das Nações Sul-americanas) realizarão a partir de quinta-feira, em Córdoba, Argentina. O Paraguai depende fortemente do comércio com Brasil, Argentina e Uruguai — para onde envia 50% de suas exportações, revela texto da Agência EFE. Além disso, as receitas que obtém com a venda, ao Brasil, de parte energia gerada em Itaipu é essencial tanto para o equilíbrio de sua balança comercial, quanto para as receitas do Estado.
Dois protocolos firmados pelo Mercosul - Ushuaia I e II - autorizam adotar sanções contra atos de ruptura da legalidade democrática. Os acordos preveem, entre outras medidas, suspender total ou parcialmente o comércio, limitar o tráfego aéreo e as comunicações, interromper o fornecimento de serviços contratados.
Uma análise da revista Economist sugere que talvez o governo golpista de Assunção conte com o Brasil, para evitar estas sanções. A revista lembra que, à época de Lula, Brasília teve grande projeção internacional e destacou-se na defesa da democracia em Honduras, que também sofreu golpe de Estado. Mas frisa que a presidente Dilma tem evitado declarações incisivas sobre o golpe - e, especialmente, “pratica uma política externa muito mais moderada que a de seu antecessor”.
Ontem, houve protestos de algumas centenas de pessoas, diante dos consulados paraguaios em São Paulo e Rio. Diante da presença de uma comitiva de líderes golpistas em Brasília, talvez não fosse má ideia promover, na capital, uma nova versão dos escrachos — agora contra quem fere a democracia no presente…
0 comentários:
Postar um comentário