Por Altamiro Borges
#YoSoy132 altera as pesquisas
Neste domingo, 1º de julho, os mexicanos irão às urnas para
eleger o novo presidente da República, 64 senadores, 500 deputados federais e
governadores em sete estados. O pleito define o futuro do México e é
acompanhado com grande interesse tanto pelas forças progressistas da
América Latina como pelos EUA, que mantêm o país como o seu fiel aliado no
continente.
Pelas pesquisas de opinião, o candidato do Partido
Revolucionário Institucional (PRI), que comandou o país por mais de 70 anos e
só foi alijado do poder em 2000, deverá retornar ao governo central. Enrique
Peña Nieto conta com uma forte estrutura partidária e o apoio ostensivo dos principais
meios de comunicação – em especial da Televisa.
A campanha surpreendente de Obrador
Em segundo lugar, numa campanha surpreendente, aparece o
candidato Andrés Manuel López Obrador, do Partido da Revolução Democrática
(PRD), numa coligação de centro-esquerda com o apoio do Partido do Trabalho e
do Movimento Cidadão. Apesar de ter moderado o seu discurso do passado, Obrador
defende uma plataforma antineoliberal e de maior autonomia diante dos EUA.
Já a candidata governista, a ex-ministra Josefina Vázquez
Mota, do Partido da Ação Nacional, está em terceiro lugar. Ela afundou na
campanha devido ao forte desgaste do presidente direitista Felipe Calderón. Durante
os seus 12 anos de reinado, os neoliberais do PAN jogaram o país no caos,
privatizando o patrimônio público, gerando recordes de subemprego e altos
índices de violência.
Até final de maio, Peña Nieto já era dado como presidente
eleito. Ele aparecia com larga vantagem nas pesquisas. Mas aí entraram em cena
os estudantes, que passaram a denunciar as roubalheiras do PRI e a postura
truculenta do ex-governador, responsável pelo massacre de uma comunidade indígena
em Atenco, em 2006, que resultou em dezenas de feridos e mortos.
Num debate numa faculdade da capital mexicana, os estudantes
gritaram “Atenco no se olvida”. Peña Nieto ficou irritado e partiu para a
agressão contra os jovens. De imediato, 131 estudantes produziram um vídeo com críticas
ao político conservador. Este foi o estopim para a surgimento do movimento #YoSoy132,
que nas ruas e nas redes alterou os resultados das pesquisas eleitorais.
Apesar desta insólita guinada, tudo indica que Peña Nieto
será eleito presidente do México. Este resultado não altera a angustiante situação
do sofrido povo mexicano. O PRI não propõe nenhuma mudança mais profunda. Na
prática, ele dará continuidade à política neoliberal do PAN. Mesmo assim, o
México não será o mesmo. A direita já não conta mais com a paz dos cemitérios.
O silêncio dos zapatistas
Para finalizar, um registro que interessa às forças políticas
que se encantaram com o Exército Zapatista de Libertação Nacional. Em 2006, o EZLN
optou por pregar o voto nulo nas eleições presidenciais, organizando a chamada “Otra
Campaña”, que acabou sendo responsabilizada pela derrota de López Obrador por
reduzida margem de votos numa eleição descaradamente fraudada.
Já neste pleito, o EZLN simplesmente sumiu. “O silêncio pode
ter três explicações: a liderança zapatista quer evitar o desgaste com as
organizações de esquerda que na sua imensa maioria apoiam Obrador; os
zapatistas estão debilitados e não conseguiriam produzir uma ação das dimensões
da Outra Campanha; ou ainda estão simplesmente ignorando o processo eleitoral”,
especula Juliano Medeiros, dirigente nacional do PSOL e da Fundação Lauro
Campos e editor do sitio Unamérica.
3 comentários:
desde quando votar define o futuro de alguem? votar nao significa nada..
"Aliados" dos EUA é um eufemismo.
E o que adiantaria isto tudo, se Obrador não ganhar. O México é um caso perdido. è igual São Paulo, tem os eleitores mais obtusos do planeta.
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