Por Ismael Cardoso, no sítio da União da Juventude Socialista (UJS):
Nascida da improvável intersecção da big science, da pesquisa militar e da cultura libertária, a internet é o instrumento social, político e econômico mais poderoso de nosso tempo. Este artigo é uma defesa intransigente desta nova maneira de se comunicar, que tem modificado profundamente as estruturas sociais de nosso tempo.
Antes de qualquer coisa tenho a obrigação de tratar de algumas contradições da internet, é preciso também sair um pouco das redes sociais tradicionais e debater a comunicação em rede, que tem acarretado muito mais transformações em nossas vidas que possamos imaginar, para depois entrar no debate mais saboroso e elogioso desta nova forma de se comunicar.
Origem das redes e a contra-cultura
A origem da internet está na chamada Arpanet (1958), um sistema computacional criado para mobilizar recursos de pesquisa acadêmica com o intuito de alcançar a superioridade tecnológica dos EUA em relação a URSS.
Em 1969, criam-se os primeiros “nós” da rede – computadores que se comunicavam – nas universidades da Califórnia e de Utah nos EUA. Inicialmente, estes nós serviam para a pesquisa acadêmica voltada à segurança nacional, entretanto, não demorou muito para que os próprios pesquisadores percebessem a dimensão mais ampla da Arpanet. Não há espaço neste artigo para que se explique com detalhes a mudança da Arpanet (sistema de pesquisa militar) para a Internet.
O mais importante é entender que a internet – como a conhecemos hoje – foi influenciada pela contra-cultura dos movimentos libertários da década de 1960.
Nascida da improvável intersecção da big science, da pesquisa militar e da cultura libertária, a internet é o instrumento social, político e econômico mais poderoso de nosso tempo. Este artigo é uma defesa intransigente desta nova maneira de se comunicar, que tem modificado profundamente as estruturas sociais de nosso tempo.
Antes de qualquer coisa tenho a obrigação de tratar de algumas contradições da internet, é preciso também sair um pouco das redes sociais tradicionais e debater a comunicação em rede, que tem acarretado muito mais transformações em nossas vidas que possamos imaginar, para depois entrar no debate mais saboroso e elogioso desta nova forma de se comunicar.
Origem das redes e a contra-cultura
A origem da internet está na chamada Arpanet (1958), um sistema computacional criado para mobilizar recursos de pesquisa acadêmica com o intuito de alcançar a superioridade tecnológica dos EUA em relação a URSS.
Em 1969, criam-se os primeiros “nós” da rede – computadores que se comunicavam – nas universidades da Califórnia e de Utah nos EUA. Inicialmente, estes nós serviam para a pesquisa acadêmica voltada à segurança nacional, entretanto, não demorou muito para que os próprios pesquisadores percebessem a dimensão mais ampla da Arpanet. Não há espaço neste artigo para que se explique com detalhes a mudança da Arpanet (sistema de pesquisa militar) para a Internet.
O mais importante é entender que a internet – como a conhecemos hoje – foi influenciada pela contra-cultura dos movimentos libertários da década de 1960.
Toda a estrutura física (backbone) da internet estava alojada no interior das universidades e seu desenvolvimento era feito pelos acadêmicos e estudantes destas instituições. A luta social em curso neste período moldou a maneira como ela estava sendo construída. Estes movimentos influenciaram a todos, inclusive os pesquisadores, que mesmo não participando diretamente dos movimentos de 1968, sofreram seus impactos libertários.
Não fosse isto, seria improvável, que no mundo bipolarizado, em plena guerra fria, o governo norte-americano altruisticamente permitisse a construção de um sistema informacional, que não só repassava informações, como também podia buscá-la em qualquer outro computador.
Estas considerações iniciais são importantes, as avaliações simplistas quase nos fazem crer que cabos de fibra ótica estão fazendo revoluções pelo mundo e o povo seria apenas um espectador.
A sociedade não é só expectadora como foi ela própria a fazedora deste poderoso instrumento de interação e luta social.
(Des)Controle de capitais e a internet
Sabemos que a insanidade norteia o capital financeiro, no caso da internet a nitroglicerina é ainda maior.
Diferente de uma safra de arroz, da extração de minérios ou algo que o valha, os investimentos nas inovações da internet são de risco muito superior, por um simples motivo, o aplicativo pode não se popularizar – o “Google +” não superou o “Facebook” – ou um outro desenvolvedor pode estar trabalhando em algo superior sem que ninguém saiba, em qualquer parte do mundo, quando menos se espera o que parecia ser um projeto promissor torna-se inútil.
As instituições financeiras e todo tipo de empresa e indústria ligadas à tecnologia fazem investimentos, preparam modificações na expectativa de comercializar o produto da inovação tecnológica.
Quando o projeto não corresponde às expectativas acontece algo parecido com a crise das ponto.com em 2000-1. Não cabe aqui detalhar todas as nuances desta crise financeira, mas, ela atingiu a Intel, a HP, a Microsoft e a Cisco Systems, que era a empresa mais valorizada do mundo a época, a Cisco tinha um valor de mercado de 555 bilhões de dólares.
Com as transações financeiras ocorrendo em rede, o controle governamental sobre elas é muito limitado. O resultado é o aumento da volatilidade dos mercados financeiros (fuga de capitais), a possibilidade, remota que seja, do não cumprimento de uma expectativa de lucros, pode derrubar em pouco tempo economias inteiras.
Trocando em miúdos, em 2000-1, o mercado se preparou para um grande boom da internet, no que tange aos hardware’s, porém, esta expectativa não se efetivou e veio à crise, o índice Nasdaq caiu 60% em março de 2001, o Standart & Pools 500 caiu 23% e a Dow Jones 12%. Nos EUA, cerca de 4,6 trilhões de dólares em riqueza nominal desapareceu, este valor equivalia a 50% do PIB norte americano na época!
É uma quimera considerar que se pode controlar o capital financeiro como um todo, sempre há algum país que lhe serve de abrigo, como estamos todos ligados em rede, esta riqueza se abrigará em algum paraíso fiscal e jamais voltaremos a vê-la, perguntem ao Cacciola!
O belicismo em Rede
As forças armadas dos países altamente desenvolvidos utilizam cada vez mais as tecnologias da informação para suas estratégias militares e para construção de armas muito poderosas.
São conhecidas as armas guiadas por satélites, as aeronaves não tripuladas e mesmo os satélites que observam cada movimento aqui na terra.
Mas um novo pensamento estratégico para o militarismo tem ganhado força nos EUA e na OTAN, é o conceito de “enxame”, que requer unidades pequenas e autônomas, com alto poder de fogo, bom treinamento e informação em tempo real. Estas unidades concentram-se no alvo inimigo por pouco tempo, causando grandes danos e se dispersando em seguida.
Esta guerra centrada na rede depende inteiramente de comunicações seguras, capazes de manter conexão constante com os nós da rede. A combinação de transmissões por satélites e interconexões móveis permite aos pelotões coordenar sua própria ação, pois apoiados em tecnologias, que lhes dizem onde o inimigo está, para onde ele está indo, e mesmo que equipamentos devem ser levados para as missões militares, colocam seus exércitos em larguíssima vantagem.
Para Castells a transformação que acarreta este conceito de estratégia provocaria mudanças profundas:
“Se essa nova estratégia fosse adotada, as implicações para as forças armadas seriam enormes. Toda a organização em grande escala de corpos, divisões, regimentos e batalhões teria de ser refeita. Seria preciso desmanchar igualmente a divisão tradicional entre diferentes especialidades: infantaria, unidades blindadas, comunicações, artilharia, engenharia. As unidades deveriam ser amplamente multifuncionais e basear-se na capacidade de interconexão, para apoio mútuo. Seriam também inteiramente dependentes do acúmulo e do processamento de informação” (redes).
Imaginem vocês que o Brasil não consegue fechar a compra de uns poucos caças!
Estamos nos preparando para uma guerra do século passado!
Como sofro de ansiedade aguda não terminei a segunda e a última parte deste artigo, mas, já estou publicando a primeira parte, porém, sei que debateremos o comércio de nossa privacidade que vem ocorrendo nas redes, à relação copyleft versus copyright, a origem dos Anonymous e os movimentos sociais na internet e como ninguém se engrandece ou se destrói sem polêmicas, discutiremos também se as redes são ou não uma espécie de novo soviet da modernidade!
Até breve!
Não fosse isto, seria improvável, que no mundo bipolarizado, em plena guerra fria, o governo norte-americano altruisticamente permitisse a construção de um sistema informacional, que não só repassava informações, como também podia buscá-la em qualquer outro computador.
Estas considerações iniciais são importantes, as avaliações simplistas quase nos fazem crer que cabos de fibra ótica estão fazendo revoluções pelo mundo e o povo seria apenas um espectador.
A sociedade não é só expectadora como foi ela própria a fazedora deste poderoso instrumento de interação e luta social.
(Des)Controle de capitais e a internet
Sabemos que a insanidade norteia o capital financeiro, no caso da internet a nitroglicerina é ainda maior.
Diferente de uma safra de arroz, da extração de minérios ou algo que o valha, os investimentos nas inovações da internet são de risco muito superior, por um simples motivo, o aplicativo pode não se popularizar – o “Google +” não superou o “Facebook” – ou um outro desenvolvedor pode estar trabalhando em algo superior sem que ninguém saiba, em qualquer parte do mundo, quando menos se espera o que parecia ser um projeto promissor torna-se inútil.
As instituições financeiras e todo tipo de empresa e indústria ligadas à tecnologia fazem investimentos, preparam modificações na expectativa de comercializar o produto da inovação tecnológica.
Quando o projeto não corresponde às expectativas acontece algo parecido com a crise das ponto.com em 2000-1. Não cabe aqui detalhar todas as nuances desta crise financeira, mas, ela atingiu a Intel, a HP, a Microsoft e a Cisco Systems, que era a empresa mais valorizada do mundo a época, a Cisco tinha um valor de mercado de 555 bilhões de dólares.
Com as transações financeiras ocorrendo em rede, o controle governamental sobre elas é muito limitado. O resultado é o aumento da volatilidade dos mercados financeiros (fuga de capitais), a possibilidade, remota que seja, do não cumprimento de uma expectativa de lucros, pode derrubar em pouco tempo economias inteiras.
Trocando em miúdos, em 2000-1, o mercado se preparou para um grande boom da internet, no que tange aos hardware’s, porém, esta expectativa não se efetivou e veio à crise, o índice Nasdaq caiu 60% em março de 2001, o Standart & Pools 500 caiu 23% e a Dow Jones 12%. Nos EUA, cerca de 4,6 trilhões de dólares em riqueza nominal desapareceu, este valor equivalia a 50% do PIB norte americano na época!
É uma quimera considerar que se pode controlar o capital financeiro como um todo, sempre há algum país que lhe serve de abrigo, como estamos todos ligados em rede, esta riqueza se abrigará em algum paraíso fiscal e jamais voltaremos a vê-la, perguntem ao Cacciola!
O belicismo em Rede
As forças armadas dos países altamente desenvolvidos utilizam cada vez mais as tecnologias da informação para suas estratégias militares e para construção de armas muito poderosas.
São conhecidas as armas guiadas por satélites, as aeronaves não tripuladas e mesmo os satélites que observam cada movimento aqui na terra.
Mas um novo pensamento estratégico para o militarismo tem ganhado força nos EUA e na OTAN, é o conceito de “enxame”, que requer unidades pequenas e autônomas, com alto poder de fogo, bom treinamento e informação em tempo real. Estas unidades concentram-se no alvo inimigo por pouco tempo, causando grandes danos e se dispersando em seguida.
Esta guerra centrada na rede depende inteiramente de comunicações seguras, capazes de manter conexão constante com os nós da rede. A combinação de transmissões por satélites e interconexões móveis permite aos pelotões coordenar sua própria ação, pois apoiados em tecnologias, que lhes dizem onde o inimigo está, para onde ele está indo, e mesmo que equipamentos devem ser levados para as missões militares, colocam seus exércitos em larguíssima vantagem.
Para Castells a transformação que acarreta este conceito de estratégia provocaria mudanças profundas:
“Se essa nova estratégia fosse adotada, as implicações para as forças armadas seriam enormes. Toda a organização em grande escala de corpos, divisões, regimentos e batalhões teria de ser refeita. Seria preciso desmanchar igualmente a divisão tradicional entre diferentes especialidades: infantaria, unidades blindadas, comunicações, artilharia, engenharia. As unidades deveriam ser amplamente multifuncionais e basear-se na capacidade de interconexão, para apoio mútuo. Seriam também inteiramente dependentes do acúmulo e do processamento de informação” (redes).
Imaginem vocês que o Brasil não consegue fechar a compra de uns poucos caças!
Estamos nos preparando para uma guerra do século passado!
Como sofro de ansiedade aguda não terminei a segunda e a última parte deste artigo, mas, já estou publicando a primeira parte, porém, sei que debateremos o comércio de nossa privacidade que vem ocorrendo nas redes, à relação copyleft versus copyright, a origem dos Anonymous e os movimentos sociais na internet e como ninguém se engrandece ou se destrói sem polêmicas, discutiremos também se as redes são ou não uma espécie de novo soviet da modernidade!
Até breve!
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