A Folha deste domingo deu mais uma manchete espalhafatosa e sacana:
“Programa social consome metade dos gastos federais”. O título induz o leitor
do jornal, que já tem uma forte tendência elitista – como atesta a sua seção de
cartas – a se contrapor à “gastança pública”. A reportagem interna também
insiste em apresentar números sobre os recursos investidos pelo governo. A manchete
até poderia ser outra: “Programas sociais retiram milhões da miséria”; mas a
Folha neoliberal e tucana prefere omitir esta “conta”.
Já neste trecho percebe-se má intenção do jornal. Ele junta
os recursos dos programas sociais, como o Bolsa Família, com os recursos da Seguridade
Social previstos na Constituição. Ao mesmo tempo, ele exclui os “encargos da
dívida pública”. Ou seja: para as famílias de trabalhadores é um gasto “sem paralelo
entre os países emergentes, o que ajuda a explicar a anômala carga de impostos
brasileira, na casa de 35% da renda nacional”. Já para a minoria de banqueiros
e rentistas, tudo bem gastar metade do orçamento da União!
O alvo da reportagem principal são os impostos cobrados no
país – o que confirma o movimento em curso por uma reforma tributária que
alivie o bolso dos ricaços. Eles seriam elevados por culpa dos gastos do
governo com os programas sociais, com a previdência urbana, “cuja clientela
cresce ano a ano em linha com o aumento da expectativa de vida da população”, e
com “as despesas recordes do ano passado alimentadas pelo aumento do salário
mínimo de 7,5% acima da inflação, o maior desde o ano eleitoral de 2006”.
Para justificar sua manchete terrorista e reforçar a campanha pela contrarreforma tributária, a Folha inclui vários “gastos” na sua lista: “Além
das aposentadorias e pensões, os benefícios trabalhistas e assistenciais”, o
seguro-desemprego, o abono salarial, a assistência obrigatória a idosos e
deficientes de baixa renda. Ela também critica o aumento dos gastos com o Bolsa
Família – “despesa com a clientela de 13,9 milhões de famílias que saltou de R$
13,6 bilhões, no fim do governo Lula, para R$ 20,5 bilhões no ano passado”.
A Folha de domingo até publica alguns dados positivos sobre
os programas sociais do governo Dilma, que evidenciam como milhões de
brasileiros estão sendo retirados da miséria. Mas o objetivo principal do diário,
estampado na manchete, é desqualificar as prioridades políticas do atual governo,
que estariam elevando os gastos públicos. Nesta linha editorial, só falta o
jornal da famiglia Frias lançar uma campanha nacional pelo retorno da
escravidão e pela libertação dos ricaços dos impostos!
5 comentários:
Vem chumbo grosso contra o governo neste ano, provavelmente. O PT parece que começou a acordar de seu sono impávido... Ainda bem!
cansada dessa cantilena da Folha e afins
eles não mudam o papo?
pior é que os micos amestrados repetem isso em cada canto do país
Nossa!!!!!
Eles estão muito magoados,chorando... Essa dinheirama toda deveria estar alimentando as contas deles em paraisos fiscais...
Importante contrapor apresentando o gasto com os juros.
Mesmo com a diminuição do valor da Selic, ainda é uma despesa das maiores do orçamento da União.
Claudio Freire
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