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Em fato inédito na história da Colômbia, o país se uniu na última terça-feira (9) para apoiar os diálogos de paz que se realizam em Havana, Cuba, entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (Farc-EP), para pôr fim ao conflito armado que se estende há mais de meio século.
Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas na Marcha pela Paz e a Esperança, tendo por símbolos a cor branca e a bandeira da Colômbia, expressando o objetivo – a paz com democracia e justiça social – e a união nacional para abrir uma nova página na história do país. A Marcha aglutinou o mais amplo e diversificado leque de forças políticas e movimentos sociais, além de intelectuais, artistas e defensores dos direitos humanos, num pluralismo que atesta o quão arraigado é o desejo de paz no país.
A manifestação desta terça-feira foi uma forte expressão da grande aspiração nacional por uma reconciliação justa, democrática e duradoura, por uma paz que faça parte da democracia, da participação popular na vida do país e na construção de seu destino.
O sentido da participação da sociedade e do seu ativo apoio aos diálogos entre as Farc e o governo foi sintetizado pelo escritor William Ospina, no texto “Oração pela Paz”, em que reafirmou a ideia defendida em seus artigos: “Não haverá paz sem uma comunidade que a apoie, exija e acompanhe".
A unidade nacional se manifestou nas palavras do líder indígena Feliciano Valencia: “A Colômbia é hoje uma só, mestiça e palpitante, onde a identidade alimenta os povos indígenas, os negros e o sangue derramado durante tantos anos em prol de uma redenção social e de um país que seja patrimônio de todos”.
A manifestação indicou ainda o sentido de urgência que tem o povo colombiano em encontrar uma solução definitiva para o conflito, o que se expressou nas palavras da líder da luta pelos direitos humanos, Piedad Córdoba: “Faz 65 anos que pedimos paz, suplicamos a paz e hoje já não podemos pedir, suplicar e esperar (...) É a hora da paz, porque merecemos tê-la, que viva a paz na Colômbia”.
O apoio maciço que as Farc e o governo do presidente Santos conquistaram para o diálogo em que estão empenhados é o mais convincente argumento de que esta é uma oportunidade histórica que não pode nem deve ser desperdiçada.
Obviamente, o sentido de urgência não deve ser confundido com oportunismo eleitoral nem quaisquer outros interesses imediatistas. Por certo, as partes envolvidas no diálogo sabem que há um caminho a percorrer. São animadores os sinais de que estão dispostas a trabalhar com afinco e aturadamente, com seriedade, profundidade e frontalidade para vencer todos os obstáculos e cumprir todas as etapas previstas no acordo inicial geral.
A paz na Colômbia, para além de ser uma questão nacional, é também uma das principais reivindicações dos movimentos populares, democráticos, patrióticos e anti-imperialistas da América Latina. Se concretizada, será uma vitória de todo o povo colombiano e latino-americano e sem dúvida se incorporará ao conjunto de conquistas democráticas e patrióticas na região, que alteram positivamente o quadro político e pavimentam o terreno para avançar na luta pela definitiva independência. Sendo assim, é uma derrota para as forças que nutrem em relação à América Latina e o Caribe objetivos hegemonistas por meio do militarismo e das ameaças de intervenção.
A Marcha pela Paz e a Esperança foi a mais eloquente demonstração de que o ambiente político e social na Colômbia tornou-se mais propício à paz, assim como para a democracia e a justiça social e de que emergem novos movimentos e novas possibilidades para o desenvolvimento da luta política e social.
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