Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Larissa e Rosana são duas personagens da ótima reportagem de Natanael Damasceno e Selma Schmidt publicada hoje pelo jornal O Globo, que mostra a elevação da renda nas favelas cariocas.
Rosana nasceu, cresceu e mora no Morro da Providência, no Centro, e abriu uma “birosca” em casa, há 18 anos. É essa moça da foto, que continua lá, mas agora dona do “Sabor das Louras” e do “Gelada do Moreno”, ambos com alvará, legalizados. Vende de 30 a 40 refeições por dia. Fatura, com a cerveja e os salgadinhos, de R$ 3 mil a R$ 4 mil.
Rosana é um sucesso que, há alguns anos, era chamado de “desordem urbana” e está procurando onde montar um restaurante, por ali mesmo.
Ela também é um exemplo dos números do IBGE que mostram que, em dez anos, a renda mensal das pessoas que moram em favelas do Rio cresceu 109% entre 2000 e 2010, subindo de R$ 244 para 510, na mediana que, diferente da média, que a tudo soma e divide, passa um traço dividindo os 50% que ganham mais dos 50% que ganham menos.
Não é, porém, um fenômeno carioca. No mesmo critério, a mediana da renda mensal dos brasileiros subiu, naquela década, 89%. Passou de R$ 200 para R$ 370.
E, ambos os casos, muito, muito pouco. Uma miséria, para não usar eufemismos.
Mas a matéria mostra que, com este tiquinho a mais e o crédito, essas pessoas agora têm geladeira, televisão, um pouco mais de conforto e até computadores, embora, em muitos casos, não tenham saneamento básico. Isso, porém, nunca tiveram, como também não tinha mais coisa alguma.
Já Larissa mora na Barra, num condomínio do bairro, nos limites do Recreio, e sua família tem cinco carros, um para cada um: o casal e os três filhos. Gasta de gasolina e estacionamento, para ir à PUC, onde estuda, R$ 500.
Ou tudo o que um morador de favela tem para viver, vestir e alimentar os filhos.
Depois destes dois retratos, deixo ao leitor e à leitora o exercício de sociologia de imaginar se quem estava no estádio Mané Garrincha – como estaria no Maracanã – na abertura da Copa das Confederações, com ingressos que variavam entre R$ 76 (poucos, os da “categoria 4″) e R$ 266, seria Rosana ou Larissa?
A vaia à Presidenta Dilma, assim, é só uma questão de como se sentem Rosanas e Larissas.
Embora, só no finalzinho da matéria da Folha de hoje, que “ parte da torcida passou a aplaudir a presidente” no momento dos apupos. Talvez o pessoal da “categoria 4″.
Ou de entendermos que Rosana serviria com prazer Larissa uma “estupidamente gelada” no seu “Sabor das Louras”, quem sabe com um bolinho de abóbora com camarão. E Larissa, provavelmente, teria horror se visse da janela a portinha humilde de Rosana.
Porque, talvez, não consiga entender que este país e este planeta pertencem tanto a ela quanto pertencem a Rosana.
PS. Falando em Copa, lembrei de uma frase do Stanislau Ponte-Preta, o Sérgio Porto, que dizia que a Polícia Militar é uma instituição especializada em transformar briga em conflito generalizado. Isso, parece, vai se tornando mais verdadeiro. Fruto de governantes que querem ser “paladinos da ordem” e de uma mídia que, em nome da segurança, transformou as instituições policiais em hordas que se atiça contra os fracos. Vi, todos os dias, o quanto Brizola pagou por não aceitar essa monstruosidade.
Larissa e Rosana são duas personagens da ótima reportagem de Natanael Damasceno e Selma Schmidt publicada hoje pelo jornal O Globo, que mostra a elevação da renda nas favelas cariocas.
Rosana nasceu, cresceu e mora no Morro da Providência, no Centro, e abriu uma “birosca” em casa, há 18 anos. É essa moça da foto, que continua lá, mas agora dona do “Sabor das Louras” e do “Gelada do Moreno”, ambos com alvará, legalizados. Vende de 30 a 40 refeições por dia. Fatura, com a cerveja e os salgadinhos, de R$ 3 mil a R$ 4 mil.
Rosana é um sucesso que, há alguns anos, era chamado de “desordem urbana” e está procurando onde montar um restaurante, por ali mesmo.
Ela também é um exemplo dos números do IBGE que mostram que, em dez anos, a renda mensal das pessoas que moram em favelas do Rio cresceu 109% entre 2000 e 2010, subindo de R$ 244 para 510, na mediana que, diferente da média, que a tudo soma e divide, passa um traço dividindo os 50% que ganham mais dos 50% que ganham menos.
Não é, porém, um fenômeno carioca. No mesmo critério, a mediana da renda mensal dos brasileiros subiu, naquela década, 89%. Passou de R$ 200 para R$ 370.
E, ambos os casos, muito, muito pouco. Uma miséria, para não usar eufemismos.
Mas a matéria mostra que, com este tiquinho a mais e o crédito, essas pessoas agora têm geladeira, televisão, um pouco mais de conforto e até computadores, embora, em muitos casos, não tenham saneamento básico. Isso, porém, nunca tiveram, como também não tinha mais coisa alguma.
Já Larissa mora na Barra, num condomínio do bairro, nos limites do Recreio, e sua família tem cinco carros, um para cada um: o casal e os três filhos. Gasta de gasolina e estacionamento, para ir à PUC, onde estuda, R$ 500.
Ou tudo o que um morador de favela tem para viver, vestir e alimentar os filhos.
Depois destes dois retratos, deixo ao leitor e à leitora o exercício de sociologia de imaginar se quem estava no estádio Mané Garrincha – como estaria no Maracanã – na abertura da Copa das Confederações, com ingressos que variavam entre R$ 76 (poucos, os da “categoria 4″) e R$ 266, seria Rosana ou Larissa?
A vaia à Presidenta Dilma, assim, é só uma questão de como se sentem Rosanas e Larissas.
Embora, só no finalzinho da matéria da Folha de hoje, que “ parte da torcida passou a aplaudir a presidente” no momento dos apupos. Talvez o pessoal da “categoria 4″.
Ou de entendermos que Rosana serviria com prazer Larissa uma “estupidamente gelada” no seu “Sabor das Louras”, quem sabe com um bolinho de abóbora com camarão. E Larissa, provavelmente, teria horror se visse da janela a portinha humilde de Rosana.
Porque, talvez, não consiga entender que este país e este planeta pertencem tanto a ela quanto pertencem a Rosana.
PS. Falando em Copa, lembrei de uma frase do Stanislau Ponte-Preta, o Sérgio Porto, que dizia que a Polícia Militar é uma instituição especializada em transformar briga em conflito generalizado. Isso, parece, vai se tornando mais verdadeiro. Fruto de governantes que querem ser “paladinos da ordem” e de uma mídia que, em nome da segurança, transformou as instituições policiais em hordas que se atiça contra os fracos. Vi, todos os dias, o quanto Brizola pagou por não aceitar essa monstruosidade.
1 comentários:
Mais um besteirol ideológico de esquerda.
blá, blá, blá...
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