Por Flávio Aguiar, na Rede Brasil Atual:
Se as forças de oposição hoje presentes no Bundestag alemão estivessem unidas, o placar estaria no mínimo empatado: tanto a coligação da chanceler Angela Merkel, CDU/CSU-FDP quanto os partidos SPD, Verdes e a Linke, estão com as intenções de voto em torno de 45%.
Há complicadores para ambos os lados. Do lado do conservadorismo democrata cristão (CDU/CSU) e liberal (FDP) a dificuldade está exatamente neste último partido. O FDP vem se mantendo na linha d’água da cláusula de barreira de 5% dos votos, e pode muito bem naufragar.
Há um poderoso inimigo comendo-lhe os votos pelas bordas. Chama-se Alternative für Deutschland, um partido novo formado basicamente por acadêmicos, economistas, algo assim como se no Brasil os professores universitários ligados ao PSDB decidissem formar um partido. Apresentam-se como críticos da política de Merkel pela direita que se quer bem-pensante; são contrários às “ajudas” aos países europeus encalacrados em duas dívidas soberanas e sufocados pelas políticas de austeridade impostas goela abaixo pela hegemonia conservadora de Bruxelas, Frankfurt e Berlim.
O Alternative vem tirando votos da CD/CSU e do FDP. Para a CDU o problema é ainda de menor tamanho, pois com seus 39/40% de expectativa de voto ela tem muita gordura para queimar. Mas para o FDP o Alternative pode ser fatal.
Se o FDP ficar fora do Bundestag, a situação de Merkel poderia, em tese, se complicar. Seus 39 ou 40% dos votos não são suficientes para formar um governo plausível, mesmo de minoria. Se o AfD entrar, provavelmente não quererá fazer alianças tão cedo, para não ser deglutido numa coligação ond ele, além de minoritário, será apenas um recém-chegado.
O complicador do outro lado do tabuleiro é o de que as cúpulas de SPD e Verdes não aceitam a idéia de fazer uma coligação com a Linke, partido que vêem como herdeiro do comunismo da Alemanha Oriental. Além disto, há uma divergência flagrante em política externa. SPD e Verdes são partidos vinculados à defesa da OTAN; a Linked não. Quando no governo, SPD e Verdes aprovaram a participação alemã na intervenção da OTAN e Estados Unidos no Afeganistão. Já a Linke tem sido o único partido no Bundestag a manter uma linha decididamente pacifista em termos de política externa. A possibilidade de uma intervenção na Síria reforçou sua intenção de voto, que anda em torno dos 10%.
Outro ponto complicador é que SPD e Verdes adotaram a chamada Agenda 2010 – o plano de reformas agudamente neoliberais que, se não desarticularam o estado do bem-estar social alemão, como está acontecendo na Grécia, fizeram-no recuar bastante. Por seu lado a Linke vem defendendo propostas consideradas “populistas”, como um salário mínimo nacional de 10 euros a hora (não há salário mínimo nacional na Alemanha) e uma aposentadoria mínima de 1.050,00 euros por mês. SPD e Verdes favorecem a idéia de um salário mínimo nacional, mas de 8,50 euros. A CDU/CSU se divide neste ítem ( houve antes notícias de que a própria chanceler favoreceria um salário de 7,50/hora, mas que a resistência em seu partido é grande). O FDP é decididamente contra, e um dos motes de sua campanha é “Mais coragem, mais mercado, mais liberdade”.
Se o FDP ficar de fora, haverá certamente uma tentativa de repetir o que na Alemanha se chama de uma “Grande Coalizão”: CDU/CSU + SPD. O candidato social-democrata a chanceler, Peer Steinbrück, que já foi ministro das Finanças no primeiro governo de Angela Merkel (quando houve esta Grande Coalizão) se diz contrário, e que certamente não participará de tal governo. Porém isto não significa que a cúpula do SPD descarte completamente a ideía: talvez seja mais fácil descartar seu candidato a chanceler.
Mas é verdade que, concretizando-se esta hipótese, o SPD entraria em nova onde de descrédito, tanto por aceitar a coligação quanto por deixar os Verdes pendurados no pincel, depois de afirmar seguidamente que só formariam uma coligação com eles. Os votos somados de Verdes (10, 12%) e SPD (em torno de 25%) são insuficientes para formar um governo.
A Linke vem repetindo que apoiaria um governo dos outros dois partidos, mesmo dele não participando. Mas até agora a proposta caiu em ouvidos moucos – ou poucos. Mas todos estes nós só se criam porque nem SPD nem Verdes aceitam uma coligação com a Linke. Como se diz na matemática, Quod Erad Demonstrandum – Como Queríamos Demonstrar. CQD.
Há complicadores para ambos os lados. Do lado do conservadorismo democrata cristão (CDU/CSU) e liberal (FDP) a dificuldade está exatamente neste último partido. O FDP vem se mantendo na linha d’água da cláusula de barreira de 5% dos votos, e pode muito bem naufragar.
Há um poderoso inimigo comendo-lhe os votos pelas bordas. Chama-se Alternative für Deutschland, um partido novo formado basicamente por acadêmicos, economistas, algo assim como se no Brasil os professores universitários ligados ao PSDB decidissem formar um partido. Apresentam-se como críticos da política de Merkel pela direita que se quer bem-pensante; são contrários às “ajudas” aos países europeus encalacrados em duas dívidas soberanas e sufocados pelas políticas de austeridade impostas goela abaixo pela hegemonia conservadora de Bruxelas, Frankfurt e Berlim.
O Alternative vem tirando votos da CD/CSU e do FDP. Para a CDU o problema é ainda de menor tamanho, pois com seus 39/40% de expectativa de voto ela tem muita gordura para queimar. Mas para o FDP o Alternative pode ser fatal.
Se o FDP ficar fora do Bundestag, a situação de Merkel poderia, em tese, se complicar. Seus 39 ou 40% dos votos não são suficientes para formar um governo plausível, mesmo de minoria. Se o AfD entrar, provavelmente não quererá fazer alianças tão cedo, para não ser deglutido numa coligação ond ele, além de minoritário, será apenas um recém-chegado.
O complicador do outro lado do tabuleiro é o de que as cúpulas de SPD e Verdes não aceitam a idéia de fazer uma coligação com a Linke, partido que vêem como herdeiro do comunismo da Alemanha Oriental. Além disto, há uma divergência flagrante em política externa. SPD e Verdes são partidos vinculados à defesa da OTAN; a Linked não. Quando no governo, SPD e Verdes aprovaram a participação alemã na intervenção da OTAN e Estados Unidos no Afeganistão. Já a Linke tem sido o único partido no Bundestag a manter uma linha decididamente pacifista em termos de política externa. A possibilidade de uma intervenção na Síria reforçou sua intenção de voto, que anda em torno dos 10%.
Outro ponto complicador é que SPD e Verdes adotaram a chamada Agenda 2010 – o plano de reformas agudamente neoliberais que, se não desarticularam o estado do bem-estar social alemão, como está acontecendo na Grécia, fizeram-no recuar bastante. Por seu lado a Linke vem defendendo propostas consideradas “populistas”, como um salário mínimo nacional de 10 euros a hora (não há salário mínimo nacional na Alemanha) e uma aposentadoria mínima de 1.050,00 euros por mês. SPD e Verdes favorecem a idéia de um salário mínimo nacional, mas de 8,50 euros. A CDU/CSU se divide neste ítem ( houve antes notícias de que a própria chanceler favoreceria um salário de 7,50/hora, mas que a resistência em seu partido é grande). O FDP é decididamente contra, e um dos motes de sua campanha é “Mais coragem, mais mercado, mais liberdade”.
Se o FDP ficar de fora, haverá certamente uma tentativa de repetir o que na Alemanha se chama de uma “Grande Coalizão”: CDU/CSU + SPD. O candidato social-democrata a chanceler, Peer Steinbrück, que já foi ministro das Finanças no primeiro governo de Angela Merkel (quando houve esta Grande Coalizão) se diz contrário, e que certamente não participará de tal governo. Porém isto não significa que a cúpula do SPD descarte completamente a ideía: talvez seja mais fácil descartar seu candidato a chanceler.
Mas é verdade que, concretizando-se esta hipótese, o SPD entraria em nova onde de descrédito, tanto por aceitar a coligação quanto por deixar os Verdes pendurados no pincel, depois de afirmar seguidamente que só formariam uma coligação com eles. Os votos somados de Verdes (10, 12%) e SPD (em torno de 25%) são insuficientes para formar um governo.
A Linke vem repetindo que apoiaria um governo dos outros dois partidos, mesmo dele não participando. Mas até agora a proposta caiu em ouvidos moucos – ou poucos. Mas todos estes nós só se criam porque nem SPD nem Verdes aceitam uma coligação com a Linke. Como se diz na matemática, Quod Erad Demonstrandum – Como Queríamos Demonstrar. CQD.
0 comentários:
Postar um comentário