Por Gianni Carta, na revista CartaCapital:
A última barbaridade jornalística foi obra do Daily Mirror, mais um tabloide marrom que faz parte de uma potência financeira com um volume de negócios de 1,2 bilhão de euros. O objetivo do diário é entreter com histórias permeadas de inaudito reacionarismo a chamada Middle England, a classe média de comerciantes tão bem descrita por Napoleão.
Desta feita, um artigo do Daily Mail teve como alvo o falecido Ralph Miliband, pai de Ed, atual líder do Partido Trabalhista. Para a Middle England, Ed cometeu o grave erro de adotar uma posição política mais esquerdista que antecessores centristas como o ex-premier Tony Blair.
Com uma impressionante tiragem diária de 1,8 milhão de exemplares e 120 milhões de visitantes únicos por mês no seu website, o tabloide apresenta o falecido acadêmico marxista Ralph como um perigoso comunista que detestava o Reino Unido.
Ralph Miliband era um judeu belga que se refugiou do nazismo no Reino Unido em 1940. Apesar de contendas com líderes trabalhistas, Ralph tinha, ora sim, ora não, elos com o Partido Trabalhista. Era um excelente professor e adorado pelos filhos.
Embora o artigo Daily Mail o descreva como um homem que odiava as instituições britânicas, o diário se esquece de mencionar um dado importante: a partir dos 16 anos Ralph serviu o exército Britânico no combate contra os nazistas.
Mas, e coberto de razão, Ralph também criticava instituições britânicas. Certamente não veria com bons olhos a ainda principal entidade regulatória da imprensa britânica, a Press Complaints Commission, criada em 1991. O motivo? Ela é composta – pasmem – por aqueles a integrar empresas de comunicação.
Significante fatia da imprensa, diga-se, acha que a imprensa não pode ser regulada, pois assim perde a “liberdade” para reportar os “fatos”. O Daily News, por exemplo, gosta de reportar sobre os estragos feitos pela imigração, inclusive pelos ciganos, mas também pelos poloneses, fotografados inebriados. Os islamistas, é claro, também são outro foco para os ataques do tabloide.
Como nos diz o professor Luiz Gonzaga Belluzzo na sua coluna nesta CartaCapital, há “diferenças entre liberdade de expressão e liberdade de imprensa”. Para reforçar seu argumento, Belluzzo cita o pensador francês Paul Virilio: “A mídia é o único poder que tem a prerrogativa de editar as próprias leis, ao mesmo tempo que sustenta a pretensão de não se submeter a nenhuma outra”.
O reinado britânico tem dado alguns passos positivos, mas talvez um pouco lentos. Em meados de 2011, uma comissão parlamentar chefiada por um juiz, o Inquérito Leveson, investigou e contribuiu, graças a um contundente relatório concluído no final de 2012, a tirar outro tabloide marrom de circulação, o News of the World (Now).
O tabloide do magnata Rupert Murdoch, dono da empresa holding News Corporation, praticou anos a fio grampos ilegais de celulares de políticos, esportistas, celebridades e até de familiares de soldados mortos em guerras. Isso sem contar as escutas ilegais do celular de uma adolescente sequestrada e assassinada.
Entre as cerca de 4 mil pessoas que teriam sofrido o grampo dos seus celulares estava Alex Pereira, primo de Jean Charles de Menezes, o brasileiro morto a tiros na cabeça em um vagão do metrô londrino, em julho de 2005. Nenhum dos agentes da Scotland Yard a participar desse assassinato foi sequer preso. O que diria Ralph Miliband sobre essa instituição?
E o que diria o acadêmico sobre o suposto suborno de policiais para obter informações e grampos por parte do tabloide Now?
Nesta semana, por coincidência, o Inquérito Leveson, após um período de silêncio, poderá formar um novo comitê para investigar o artigo do Daily Mail contra o pai de Ed Miliband. E dirá aos deputados britânicos quando Rebekah Brooks, ex-editora-chefe doNow e de seu sucessor Andy Coulson serão novamente ouvidos. Coulson, ex—diretor de comunicações do Partido Conservador do premier conservador David Cameron, pediu demissão em janeiro de 2011.
Coulson certamente aproximou seu ex-patrão Murdoch de Cameron, visto que o apoio do magnata foi fundamental para a vitória de Cameron e de seus quatro antecessores.
Da mesma forma, o Daily Mail já começou sua campanha contra Ed Miliband.
A última barbaridade jornalística foi obra do Daily Mirror, mais um tabloide marrom que faz parte de uma potência financeira com um volume de negócios de 1,2 bilhão de euros. O objetivo do diário é entreter com histórias permeadas de inaudito reacionarismo a chamada Middle England, a classe média de comerciantes tão bem descrita por Napoleão.
Desta feita, um artigo do Daily Mail teve como alvo o falecido Ralph Miliband, pai de Ed, atual líder do Partido Trabalhista. Para a Middle England, Ed cometeu o grave erro de adotar uma posição política mais esquerdista que antecessores centristas como o ex-premier Tony Blair.
Com uma impressionante tiragem diária de 1,8 milhão de exemplares e 120 milhões de visitantes únicos por mês no seu website, o tabloide apresenta o falecido acadêmico marxista Ralph como um perigoso comunista que detestava o Reino Unido.
Ralph Miliband era um judeu belga que se refugiou do nazismo no Reino Unido em 1940. Apesar de contendas com líderes trabalhistas, Ralph tinha, ora sim, ora não, elos com o Partido Trabalhista. Era um excelente professor e adorado pelos filhos.
Embora o artigo Daily Mail o descreva como um homem que odiava as instituições britânicas, o diário se esquece de mencionar um dado importante: a partir dos 16 anos Ralph serviu o exército Britânico no combate contra os nazistas.
Mas, e coberto de razão, Ralph também criticava instituições britânicas. Certamente não veria com bons olhos a ainda principal entidade regulatória da imprensa britânica, a Press Complaints Commission, criada em 1991. O motivo? Ela é composta – pasmem – por aqueles a integrar empresas de comunicação.
Significante fatia da imprensa, diga-se, acha que a imprensa não pode ser regulada, pois assim perde a “liberdade” para reportar os “fatos”. O Daily News, por exemplo, gosta de reportar sobre os estragos feitos pela imigração, inclusive pelos ciganos, mas também pelos poloneses, fotografados inebriados. Os islamistas, é claro, também são outro foco para os ataques do tabloide.
Como nos diz o professor Luiz Gonzaga Belluzzo na sua coluna nesta CartaCapital, há “diferenças entre liberdade de expressão e liberdade de imprensa”. Para reforçar seu argumento, Belluzzo cita o pensador francês Paul Virilio: “A mídia é o único poder que tem a prerrogativa de editar as próprias leis, ao mesmo tempo que sustenta a pretensão de não se submeter a nenhuma outra”.
O reinado britânico tem dado alguns passos positivos, mas talvez um pouco lentos. Em meados de 2011, uma comissão parlamentar chefiada por um juiz, o Inquérito Leveson, investigou e contribuiu, graças a um contundente relatório concluído no final de 2012, a tirar outro tabloide marrom de circulação, o News of the World (Now).
O tabloide do magnata Rupert Murdoch, dono da empresa holding News Corporation, praticou anos a fio grampos ilegais de celulares de políticos, esportistas, celebridades e até de familiares de soldados mortos em guerras. Isso sem contar as escutas ilegais do celular de uma adolescente sequestrada e assassinada.
Entre as cerca de 4 mil pessoas que teriam sofrido o grampo dos seus celulares estava Alex Pereira, primo de Jean Charles de Menezes, o brasileiro morto a tiros na cabeça em um vagão do metrô londrino, em julho de 2005. Nenhum dos agentes da Scotland Yard a participar desse assassinato foi sequer preso. O que diria Ralph Miliband sobre essa instituição?
E o que diria o acadêmico sobre o suposto suborno de policiais para obter informações e grampos por parte do tabloide Now?
Nesta semana, por coincidência, o Inquérito Leveson, após um período de silêncio, poderá formar um novo comitê para investigar o artigo do Daily Mail contra o pai de Ed Miliband. E dirá aos deputados britânicos quando Rebekah Brooks, ex-editora-chefe doNow e de seu sucessor Andy Coulson serão novamente ouvidos. Coulson, ex—diretor de comunicações do Partido Conservador do premier conservador David Cameron, pediu demissão em janeiro de 2011.
Coulson certamente aproximou seu ex-patrão Murdoch de Cameron, visto que o apoio do magnata foi fundamental para a vitória de Cameron e de seus quatro antecessores.
Da mesma forma, o Daily Mail já começou sua campanha contra Ed Miliband.
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