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O anúncio, no último final de semana, da entrada de Marina Silva no PSB de Eduardo Campos pegou o mundo político de surpresa. Depois de negado pelo TSE o registro da Rede Sustentabilidade, pelo qual pretendia disputar as eleições presidenciais no ano que vem, Marina teve convites para ser a cabeça de chapa em 2014 por diversos partidos, entre eles o PPS de Roberto Freire, de olho nos 20 milhões de votos que a ex-senadora e ambientalista teve nas eleições de 2010.
Sua opção, a adesão a um partido com um candidato já declarado a presidente deixa mais perguntas que respostas. Por que ser a possível vice de um candidato com 1/3 de suas intenções de voto segundo as pesquisas mais recentes? Como se acomodarão os integrantes da Rede, cuja principal bandeira é a sustentabilidade, num PSB que, por exemplo, votou dividido o novo código florestal, com metade do partido ficando do lado dos ruralistas? Como se portarão os neopessebistas num momento em que Eduardo entrega o PSB em Santa Catarina para a família Bornhausen, tem adesão de Heráclito Fortes no Piauí e o apoio de Ronaldo Caiado em Goiás? O que dirá Marina dessa estranha mistura de políticos ligados à ditadura e egressos do DEM com os socialistas?
Desconforto
Sobre esse último ponto, a edição 199 de Caros Amigos, que está indo para as bancas, mostra que mesmo dentro do PSB o arco de alianças extremamente amplo já causava desconforto, como o do senador João Capiberibe (PSB-AP), que diz em entrevista exclusiva: “...Quando o PSB se aproxima de setores mais conservadores da política, mais oligárquicos, isso termina causando certo estremecimento interno e um pouco de desgaste público.”
Marina, publicamente, não se ateve ao tema em sua escolha, mas afirmou em pronunciamento que está no site da Rede que: “Objetivo não era poder pelo poder ou eleição por eleição, mas sim participação para reinventar a política para uma grande transformação na cultura política do País... Não tenho dúvidas de que foi atitude mais acertada para nos afirmarmos como partido e influenciarmos a política brasileira a partir de nosso programa”. Faltou dizer quais pontos programáticos, expressão que tanto gosta, coincidem com os neoaliados.
Pior nas Pesquisas
Mas, voltando à questão inicial de por que abrir mão de sua pretensão presidencial para um candidato pior nas pesquisas, é interessante notar outro trecho do mesmo pronunciamento de Marina: “Aqueles que pensaram que tinham nos abatido na pista e que a Rede Sustentabilidade não iria participar do processo de transformação do Brasil não lograrão sucesso”. O recado é claro para a presidente Dilma e para o PT, a quem Marina parece culpar pela não formalização de seu partido. Como aproveitou para divulgar o senador Aécio Neves em nota do PSDB, em que diz que a filiação da ex-senadora Marina Silva ao PSB é uma “resposta às ações autoritárias do PT”.
Pensando também na aproximação recente entre Eduardo Campos e o mesmo Aécio, parece estar sendo gestada a união de todos os principais adversários num clima de vale-tudo contra Dilma. Os movimentos são mais ou menos explícitos, mas ajudaria a explicar alianças estranhas como a de Marina com Caiado, do PSB com ex-integrantes do DEM e o apoio quase explícito dos meios de comunicação hegemônicos, demonstrado na docilidade com que tratam Marina.
Incógnita
Os resultados concretos de toda essa movimentação só serão mais visíveis quando forem fechadas as candidaturas presidenciais em 2014 e, definitivamente, quando abertas as urnas daqui um ano. Até porque nada garante que nessa estratégia de vale-tudo para tirar o PT do governo a própria Marina não se mostre mais viável e volte a ser candidata a presidente. Hoje, quem disser que sabe o que vai acontecer nas eleições presidenciais com certeza está mal informado.
1 comentários:
Pode acontecer de Marina fazer usa capião no PSB.
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