domingo, 10 de novembro de 2013

Golpe em câmera lenta na Venezuela

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Por Vanessa Silva, no sítio Vermelho:


Em viagem à Argentina para o lançamento de seu livro “Hugo Chávez – Minha Primeira Vida”, o jornalista francês fundador do Le Monde Diplomatique, Ignacio Ramonet, denunciou, em entrevista à Telám, que a Venezuela vive um processo de golpe de Estado em câmera lenta. “A oposição venezuelana pensava que uma vez desaparecido [Chávez], desapareceria o problema [Revolução Bolivariana], e o poder cairia automaticamente em suas mãos”, mas não foi o que aconteceu.

“A oposição está fazendo agora o que eu chamo de um golpe de Estado em câmera lenta, com sabotagens na energia, desabastecimento [de produtos essenciais] cortes de água, criando uma atmosfera de mal estar social para tentar dar um golpe de Estado institucional" já que “não podem se apoiar nas forças armadas".

Tal processo é semelhante ao golpe sofrido pelo ex-presidente do Chile, o socialista Salvador Allende. “Também diziam que era incompetente para governar e que as coisas não funcionavam no país. O mesmo dizem agora sobre Maduro”.

Neste contexto, pontuou, não dá para subestimar a Revolução Bolivariana, cuja importância ficou evidente com as revelações feitas pelo ex-agente de inteligência da CIA, Edward Snowden que mostram que a Venezuela é um dos países mais vigiados do mundo pela NSA (Agência Nacional de Segurança).

Avanço da direita no continente
Ao contrário do que alguns analistas e especialistas em América Latina afirmam, para Ramonet, é falsa a ideia de que está havendo uma guinada da região à direita. “Depois que Chávez chegou ao poder, em 1999, houve uma série de governos neoprogressistas no Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia, Equador. Nenhum desses governos que chegaram ao poder a 15 anos perdeu uma escolha decisiva".

Outro sinal disso é que entre novembro e fevereiro, haverá eleições presidenciais no Chile, Honduras e El Salvador, e "todas as pesquisas indicam que os candidatos que representam a linha neoprogressista vão ganhar”. Neste sentido, avaliou que as recentes eleições na Argentina, que renovou a metade da câmara dos deputados e um terço do senado, não são decisivas "o pêndulo não está indo para o outro lado [a direita], e sim ao contrário".

Além disso, os partidos que fazem oposição aos governos neoprogressistas “são inconsistentes”. Para Ramonet, a verdadeira oposição hoje é feita “pelos meios de comunicação monopólicos” da América Latina que “estão aliados à oligarquia dominante e exploraram e dominaram quase todos esses países durante muito tempo”.

Aliança do Pacífico
A seu ver, a Aliança do Pacífico – criada em 2012 e integrada por Chile, México, Colômbia e Peru — é uma prova de que a integração regional já não funciona como antes e neste aspecto fica evidente a falta que faz o ex-presidente Hugo Chávez dado o papel decisivo que desempenhou em 2005, em Mar del Plata, quando junto com os ex-presidentes Néstor Kirchner (Argentina) e Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), rejeitaram a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) defendida pelos Estados Unidos.

“Essa Aliança do Pacífico não teria sido feita se Chávez pudesse negociar com os presidentes que estão tentados” a integrá-la, e esclareceu que apesar do tipo de governo desempenhado por estes países, não se trata de uma Alca. Mas, o que é realmente importante e ninguém está discutindo, ressaltou, é a assinatura do Tratado Trans Pacífico “e isso sim é uma Alca”.

E concluiu: na Europa, falta um dirigente como o líder venezuelano porque “Chávez é a vontade política frente aos bancos, o FMI e o Banco Central Europeu, que mantêm a Europa no piloto automático tanto faz se ganha as eleições um conservador ou social-democrata". 

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