Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Às 12 horas e 51 minutos do último sábado (18/1) atravessei com o meu automóvel a cancela de entrada do estacionamento do shopping JK Iguatemi, no bairro paulistano do Itaim Bibi. Prevendo os acontecimentos que sobreviriam, tive ideia que se mostraria boa: estacionei dentro do empreendimento por razões que ficarão claras mais adiante.
Estacionei no piso “2SS”, na vaga “I10”, próxima ao espaço envidraçado que encerra escadas rolantes que levam o visitante ao ponto do corredor do piso térreo do shopping em que ficam as lojas “Prada” e “Chanel”.
Fui até lá para participar de protesto organizado por estudantes e movimentos negros sob a liderança da ONG UneAfro.
O protesto foi contra “triagem” feita por aquele shopping uma semana antes, quando seus “seguranças” passaram a escolher quem podia ou não entrar com base em critérios que muitos entenderam como discriminatórios, pois tais critérios se basearam na indumentária e em traços físicos dos visitantes.
O grupo de manifestantes combinara de se concentrar no Parque do Povo, do outro lado da avenida presidente Juscelino Kubitschek, bem em frente ao shopping. Desse modo, atravessei os assépticos corredores do estabelecimento e logo ganhei a rua, onde a grande imprensa esperava com seus equipamentos o protesto prometido.
Cerca de 200 pessoas brancas e negras, entre estudantes, jornalistas, militantes de partidos políticos e ativistas se preparavam para marchar pela avenida Chedid Jafet, onde fica a saída do parque e, mais adiante, a entrada principal do shopping JK.
Marchamos em meio a faixas denunciando os atos de racismo da semana anterior e entoando bordão que desde 2012 vem sendo usado em manifestações do movimento negro:
*****
– Por menos que conte a história
– Não te esqueço meu povo
– Se Palmares não vive mais
– Faremos Palmares de novo
*****
Entre o momento em que deixei o shopping para ir ao parque e o momento em que para lá retornei com os manifestantes, passaram-se, no máximo, uns 15 minutos. Foi tempo suficiente para o empreendimento fechar as portas da avenida Chedid Jafet (entrada principal), fazendo com que os manifestantes dessem com a cara na porta.
Após entoar algumas palavras de ordem ao lado dos manifestantes, diante das portas fechadas do shopping tentei ingressar pela entrada do estacionamento que fica ao lado da entrada principal de pedestres, na avenida supramencionada. Disse aos “seguranças” que meu veículo estava lá dentro, que eu saíra para comprar cigarros e que agora precisaria entrar para retirá-lo.
Ao meu lado, funcionários de lojas do shopping que tinham saído para almoçar ou que chegavam para seu turno de trabalho também foram barrados. Alguns, preocupados, perguntavam se telefonando para seus chefes nas lojas para que fossem até a porta buscá-los poderiam entrar. Não poderiam. “Ninguém entra, ninguém sai”, disse o “segurança”.
Vendo a ampla cobertura da imprensa alternativa e da grande imprensa na entrada da avenida Chedid Jafet, optei por buscar uma abordagem diferente da mera reprodução do que estava acontecendo ali. Por isso estacionei dentro do shopping. Previ que fecharia as portas ao protesto e quis saber se a proibição de ingressar no estabelecimento valeria para todos.
Contornei o Shopping e caminhei ao seu lado pela Juscelino Kubitschek até a outra entrada de veículos e pedestres, que fica no lado oposto da entrada principal do complexo. Havia uma viatura da empresa de segurança no acesso direto da rua, em que corpulentos agentes da empresa de segurança Verzani & Sandrini faziam triagem igual à da semana anterior.
Para não ser alvo de desconfiança, ao ir falar com os “seguranças” tive que guardar o celular com o qual registrei imagens e vídeos. Apresentei o cartão de estacionamento e, à diferença do que ocorreu na entrada principal, onde ocorria o protesto, pude entrar tranquilamente.
Ao me aproximar da entrada de trás do shopping para ir ao estacionamento, clientes habituais, muitos com crianças, caminhavam sem problemas pelo local.
Paguei o estacionamento (vide reprodução do ticket no alto do texto) e, enquanto percorria os corredores, vi os clientes habituais caminhando despreocupados, portando suas sacolas de compras. A grande maioria ignorou solenemente o protesto.
Desci ao estacionamento pela mesma escada rolante que me dera acesso ao shopping cerca de três horas antes. Saí com meu veículo pela cancela, mas não deixei o local. Manobrei para passar novamente pela cancela de entrada pela qual poucos veículos ingressavam naquele estacionamento, assim como faziam pedestres na entrada oposta à principal, na parte de cima.
O “fechamento” do shopping foi de araque, portanto. Os conhecedores dos “macetes” e que têm reconhecimento da direção do empreendimento continuaram fazendo compras, passeando, almoçando tranquilamente, entre ironias e olhares de desprezo que dedicaram aos que protestavam.
Às 12 horas e 51 minutos do último sábado (18/1) atravessei com o meu automóvel a cancela de entrada do estacionamento do shopping JK Iguatemi, no bairro paulistano do Itaim Bibi. Prevendo os acontecimentos que sobreviriam, tive ideia que se mostraria boa: estacionei dentro do empreendimento por razões que ficarão claras mais adiante.
Estacionei no piso “2SS”, na vaga “I10”, próxima ao espaço envidraçado que encerra escadas rolantes que levam o visitante ao ponto do corredor do piso térreo do shopping em que ficam as lojas “Prada” e “Chanel”.
Fui até lá para participar de protesto organizado por estudantes e movimentos negros sob a liderança da ONG UneAfro.
O protesto foi contra “triagem” feita por aquele shopping uma semana antes, quando seus “seguranças” passaram a escolher quem podia ou não entrar com base em critérios que muitos entenderam como discriminatórios, pois tais critérios se basearam na indumentária e em traços físicos dos visitantes.
O grupo de manifestantes combinara de se concentrar no Parque do Povo, do outro lado da avenida presidente Juscelino Kubitschek, bem em frente ao shopping. Desse modo, atravessei os assépticos corredores do estabelecimento e logo ganhei a rua, onde a grande imprensa esperava com seus equipamentos o protesto prometido.
Cerca de 200 pessoas brancas e negras, entre estudantes, jornalistas, militantes de partidos políticos e ativistas se preparavam para marchar pela avenida Chedid Jafet, onde fica a saída do parque e, mais adiante, a entrada principal do shopping JK.
Marchamos em meio a faixas denunciando os atos de racismo da semana anterior e entoando bordão que desde 2012 vem sendo usado em manifestações do movimento negro:
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– Por menos que conte a história
– Não te esqueço meu povo
– Se Palmares não vive mais
– Faremos Palmares de novo
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Entre o momento em que deixei o shopping para ir ao parque e o momento em que para lá retornei com os manifestantes, passaram-se, no máximo, uns 15 minutos. Foi tempo suficiente para o empreendimento fechar as portas da avenida Chedid Jafet (entrada principal), fazendo com que os manifestantes dessem com a cara na porta.
Após entoar algumas palavras de ordem ao lado dos manifestantes, diante das portas fechadas do shopping tentei ingressar pela entrada do estacionamento que fica ao lado da entrada principal de pedestres, na avenida supramencionada. Disse aos “seguranças” que meu veículo estava lá dentro, que eu saíra para comprar cigarros e que agora precisaria entrar para retirá-lo.
Ao meu lado, funcionários de lojas do shopping que tinham saído para almoçar ou que chegavam para seu turno de trabalho também foram barrados. Alguns, preocupados, perguntavam se telefonando para seus chefes nas lojas para que fossem até a porta buscá-los poderiam entrar. Não poderiam. “Ninguém entra, ninguém sai”, disse o “segurança”.
Vendo a ampla cobertura da imprensa alternativa e da grande imprensa na entrada da avenida Chedid Jafet, optei por buscar uma abordagem diferente da mera reprodução do que estava acontecendo ali. Por isso estacionei dentro do shopping. Previ que fecharia as portas ao protesto e quis saber se a proibição de ingressar no estabelecimento valeria para todos.
Contornei o Shopping e caminhei ao seu lado pela Juscelino Kubitschek até a outra entrada de veículos e pedestres, que fica no lado oposto da entrada principal do complexo. Havia uma viatura da empresa de segurança no acesso direto da rua, em que corpulentos agentes da empresa de segurança Verzani & Sandrini faziam triagem igual à da semana anterior.
Para não ser alvo de desconfiança, ao ir falar com os “seguranças” tive que guardar o celular com o qual registrei imagens e vídeos. Apresentei o cartão de estacionamento e, à diferença do que ocorreu na entrada principal, onde ocorria o protesto, pude entrar tranquilamente.
Ao me aproximar da entrada de trás do shopping para ir ao estacionamento, clientes habituais, muitos com crianças, caminhavam sem problemas pelo local.
Paguei o estacionamento (vide reprodução do ticket no alto do texto) e, enquanto percorria os corredores, vi os clientes habituais caminhando despreocupados, portando suas sacolas de compras. A grande maioria ignorou solenemente o protesto.
Desci ao estacionamento pela mesma escada rolante que me dera acesso ao shopping cerca de três horas antes. Saí com meu veículo pela cancela, mas não deixei o local. Manobrei para passar novamente pela cancela de entrada pela qual poucos veículos ingressavam naquele estacionamento, assim como faziam pedestres na entrada oposta à principal, na parte de cima.
O “fechamento” do shopping foi de araque, portanto. Os conhecedores dos “macetes” e que têm reconhecimento da direção do empreendimento continuaram fazendo compras, passeando, almoçando tranquilamente, entre ironias e olhares de desprezo que dedicaram aos que protestavam.
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