Por Bruna Carvalho, na revista CartaCapital:
O secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili, qualificou a ação da Polícia Civil ocorrida na tarde desta quinta-feira 23 na região da Cracolândia, no centro de São Paulo, como uma "barbaridade inaceitável". Em entrevista a CartaCapital, Sottili também afirmou que a repressão policial não provocará alterações significativas na Operação de Braços Abertos, política da Prefeitura de redução de danos aos usuários de crack.
"O que aconteceu hoje foi uma barbaridade inaceitável, uma violência que expôs não só os beneficiários da Operação de Braços Abertos, mas também a rede de assistência social, a rede de saúde, os funcionários públicos, as pessoas que passavam por aquele local, de forma violenta, absurda, descabida. O que aconteceu hoje à tarde na Cracolândia é uma coisa completamente inaceitável", afirmou Sottili por telefone.
Logo após as primeiras notícias sobre a ação policial, Sottili e outros secretários que fazem parte da rede responsável pela coordenação da Operação de Braços Abertos fizeram uma reunião para avaliar o ocorrido e definir os próximos passos a serem tomados. "Estávamos estarrecidos com o que aconteceu. O prefeito ficou indignado com a situação", afirmou.
Fernando Haddad (PT) falou por telefone com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) sobre o ocorrido. Na conversa, Haddad afirmou que achava a violência inaceitável e que a repressão poderia atrapalhar a iniciativa municipal. O governador e candidato à reeleição teria reagido com certa preocupação. "Prefiro acreditar que não houve motivação política nesta ação. Acho que o problema da Cracolândia é grave e preocupa todo o poder público, independente do partido", disse o secretário.
Segundo Sottili, a ação policial gerou uma preocupação em toda a rede da Operação de Braços Abertos. O temor é de que o vínculo criado ao longo de seis meses no processo de aproximação com os beneficiários do programa fosse prejudicado de alguma forma. "Pode ter algum nível de abalo, porque estamos lidando com pessoas extremamente vulneráveis, que sempre foram tratadas como pessoas à margem da sociedade, marginalizadas pelo sistema", disse.
Por outro lado, o secretário pontuou que a ação repressiva criou uma rede de solidariedade na sociedade civil, que pode dar mais força ao projeto da Prefeitura. "Vamos continuar fazendo o que temos feito, talvez agora até com mais determinação. Tenho recebido manifestações de solidariedade da sociedade civil e de pessoas que ficaram indignadas com a ação", afirmou. "Estávamos fazendo um trabalho articulado de dar cidadania àquelas pessoas. Praticamente subvertendo a ordem e as práticas anteriores que tinham como mote central a internação compulsória, a agressão, tratar aquilo como caso de policia, como epidemia. Nós sempre acreditávamos que a situação dos usuários de crack e outras drogas deveria ser tratada como um problema de saúde, um problema social", afirmou.
A ação repressiva da Polícia Civil nesta quinta-feira resultou na prisão de um traficante e outras 30 pessoas, segundo a assessoria da Polícia Civil. De acordo com a polícia, o confronto teve início durante uma ação de policiais do 6ª DP, que estariam à paisana na região para prender um traficante de drogas e filmar sua atuação. No momento da prisão, afirma a Polícia Civil, um policial foi cercado e agredido por parte dos usuários de crack que frequentam a região com "pauladas e pedradas". Ainda segundo a assessoria da polícia, foi solicitado o reforço do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), que usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha na repressão.
A equipe da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania relatou ao secretário que policiais presentes na região no momento do confronto foram pegos de surpresa, assim como a Prefeitura. Em nota, a administração municipal repudiou a operação policial. A Polícia Civil diz que a ação desta quinta-feira era de praxe e, portanto, não precisava de autorização de escalões superiores ou mesmo do governo do Estado, a quem está submetida. Desde o início do ano, a Polícia Civil diz ter prendido 33 traficantes de drogas na região.
Na semana passada, a administração de Fernando Haddad (PT) à frente da Prefeitura de São Paulo iniciou a Operação Braços Abertos, por meio da qual tenta reabilitar os dependentes químicos que vivem na região. A operação municipal desmontou os barracos erguidos nas calçadas nas ruas Helvétia e Dino Bueno, no centro da capital paulista, ofereceu hospedagem em cinco hotéis da região, a contratação para serviços de varrição e zeladoria com carga horária de quatro horas diárias, mais duas de qualificação e salário de 15 reais por dia de trabalho, além do fornecimento de três refeições gratuitas. O modelo não prevê o desligamento dos atendidos caso faltem ao trabalho, mas busca garantir a oportunidade de retomada de uma vida digna e despertar o desejo de transformação no usuário. A Braços Abertos busca se distanciar da ação realizada pela gestão Gilberto Kassab (PSD) em 2012, com apoio do governo estadual de Geraldo Alckmin (PSDB). Conhecida como Operação Sufoco, a ação se baseou em forte repressão policial aos usuários de crack.
O secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili, qualificou a ação da Polícia Civil ocorrida na tarde desta quinta-feira 23 na região da Cracolândia, no centro de São Paulo, como uma "barbaridade inaceitável". Em entrevista a CartaCapital, Sottili também afirmou que a repressão policial não provocará alterações significativas na Operação de Braços Abertos, política da Prefeitura de redução de danos aos usuários de crack.
"O que aconteceu hoje foi uma barbaridade inaceitável, uma violência que expôs não só os beneficiários da Operação de Braços Abertos, mas também a rede de assistência social, a rede de saúde, os funcionários públicos, as pessoas que passavam por aquele local, de forma violenta, absurda, descabida. O que aconteceu hoje à tarde na Cracolândia é uma coisa completamente inaceitável", afirmou Sottili por telefone.
Logo após as primeiras notícias sobre a ação policial, Sottili e outros secretários que fazem parte da rede responsável pela coordenação da Operação de Braços Abertos fizeram uma reunião para avaliar o ocorrido e definir os próximos passos a serem tomados. "Estávamos estarrecidos com o que aconteceu. O prefeito ficou indignado com a situação", afirmou.
Fernando Haddad (PT) falou por telefone com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) sobre o ocorrido. Na conversa, Haddad afirmou que achava a violência inaceitável e que a repressão poderia atrapalhar a iniciativa municipal. O governador e candidato à reeleição teria reagido com certa preocupação. "Prefiro acreditar que não houve motivação política nesta ação. Acho que o problema da Cracolândia é grave e preocupa todo o poder público, independente do partido", disse o secretário.
Segundo Sottili, a ação policial gerou uma preocupação em toda a rede da Operação de Braços Abertos. O temor é de que o vínculo criado ao longo de seis meses no processo de aproximação com os beneficiários do programa fosse prejudicado de alguma forma. "Pode ter algum nível de abalo, porque estamos lidando com pessoas extremamente vulneráveis, que sempre foram tratadas como pessoas à margem da sociedade, marginalizadas pelo sistema", disse.
Por outro lado, o secretário pontuou que a ação repressiva criou uma rede de solidariedade na sociedade civil, que pode dar mais força ao projeto da Prefeitura. "Vamos continuar fazendo o que temos feito, talvez agora até com mais determinação. Tenho recebido manifestações de solidariedade da sociedade civil e de pessoas que ficaram indignadas com a ação", afirmou. "Estávamos fazendo um trabalho articulado de dar cidadania àquelas pessoas. Praticamente subvertendo a ordem e as práticas anteriores que tinham como mote central a internação compulsória, a agressão, tratar aquilo como caso de policia, como epidemia. Nós sempre acreditávamos que a situação dos usuários de crack e outras drogas deveria ser tratada como um problema de saúde, um problema social", afirmou.
A ação repressiva da Polícia Civil nesta quinta-feira resultou na prisão de um traficante e outras 30 pessoas, segundo a assessoria da Polícia Civil. De acordo com a polícia, o confronto teve início durante uma ação de policiais do 6ª DP, que estariam à paisana na região para prender um traficante de drogas e filmar sua atuação. No momento da prisão, afirma a Polícia Civil, um policial foi cercado e agredido por parte dos usuários de crack que frequentam a região com "pauladas e pedradas". Ainda segundo a assessoria da polícia, foi solicitado o reforço do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), que usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha na repressão.
A equipe da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania relatou ao secretário que policiais presentes na região no momento do confronto foram pegos de surpresa, assim como a Prefeitura. Em nota, a administração municipal repudiou a operação policial. A Polícia Civil diz que a ação desta quinta-feira era de praxe e, portanto, não precisava de autorização de escalões superiores ou mesmo do governo do Estado, a quem está submetida. Desde o início do ano, a Polícia Civil diz ter prendido 33 traficantes de drogas na região.
Na semana passada, a administração de Fernando Haddad (PT) à frente da Prefeitura de São Paulo iniciou a Operação Braços Abertos, por meio da qual tenta reabilitar os dependentes químicos que vivem na região. A operação municipal desmontou os barracos erguidos nas calçadas nas ruas Helvétia e Dino Bueno, no centro da capital paulista, ofereceu hospedagem em cinco hotéis da região, a contratação para serviços de varrição e zeladoria com carga horária de quatro horas diárias, mais duas de qualificação e salário de 15 reais por dia de trabalho, além do fornecimento de três refeições gratuitas. O modelo não prevê o desligamento dos atendidos caso faltem ao trabalho, mas busca garantir a oportunidade de retomada de uma vida digna e despertar o desejo de transformação no usuário. A Braços Abertos busca se distanciar da ação realizada pela gestão Gilberto Kassab (PSD) em 2012, com apoio do governo estadual de Geraldo Alckmin (PSDB). Conhecida como Operação Sufoco, a ação se baseou em forte repressão policial aos usuários de crack.
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