Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Vargas Llosa, um dos queridinhos da mídia brasileira por suas posições quase sempre conservadoras, deve sumir dos jornais e revistas do país, a partir de agora.
É que Llosa disse, numa entrevista, uma coisa que a mídia não quer que se discuta: que a concentração é uma real ameaça à democracia.
“Nenhuma democracia digna deste nome permite monopólio de mídia”, afirmou Llosa.
Liberdade de imprensa só é liberdade de imprensa, de verdade e não de mentirinha, quando há uma diversidade de opiniões que só a desconcentração da propriedade permite.
É óbvio.
Mas no Brasil esta é discussão que a mídia, pela voz de seus fâmulos, não quer que se trave porque não é de seu interesse.
A atitude mais comum, quando se levanta o assunto, é dizer que se está procurando “censurar” a imprensa.
É quando o cinismo se encontra com a vigarice.
Cristina Kirchner, na Argentina, foi valente o bastante para enfrentar – e afinal derrotar – o monopólio do Clarin.
O Clarin sempre recorreu ao mais surrado lugar comum para atacar Cristina: que ela estava tentando calar uma “voz crítica”.
Ora, quem acredita nisso, nos bons propósitos do Clarin, acredita em tudo. Um grupo predador foi simplesmente enquadrado, no que provavelmente é a maior realização de Cristina.
Mas no Brasil da governabilidade as coisas são diferentes.
As quatro ou cinco famílias que controlam a mídia não são importunadas, para infortúnio da sociedade, que paga um preço elevado por isso.
FHC era aliado delas, mas e Lula e Dilma?
Eles jamais colocaram na agenda nacional uma questão vital para o desenvolvimento social do Brasil.
A desculpa é sempre a mesma: não há condições políticas. Como enfrentar, por exemplo, a ira da Globo?
Sejamos mais modestos: como lidar com Sarney, que seria fortemente atingido por uma lei que limitasse a propriedade de mídia?
Há no PT a tese de que Sarney teria salvado Lula do impeachment em determinado momento do mensalão.
Ora, é apenas uma especulação. Diferente da falta de apoio popular, político e social de Collor, Lula tinha força e alta capacidade de mobilização. Tentar tirá-lo no grito no Congresso, como se fez com Collor, era uma manobra de altíssimo risco.
O país poderia entrar em convulsão, com protestos de sindicatos e de estudantes, e os golpistas talvez terminassem mal.
Mas ainda que Lula tenha uma dívida com Sarney. É uma dívida dele e, no máximo, do PT – e não do país.
Não é aceitável que coisas essenciais como uma reforma da mídia não andem porque Sarney – ou os Marinhos, ou quem for – não podem ser aborrecidos.
Cristina Kirchner teve cojones, e não me venham dizer – outra justificativa clássica e tíbia – que as circunstâncias eram diferentes.
Tudo é sempre diferente, de país para país, e este não pode e não deve ser um fator que imobilize.
Vargas Llosa tem razão: não existe democracia decente com concentração de mídia.
E no Brasil ela, a concentração, é simplesmente abjeta.
Vargas Llosa, um dos queridinhos da mídia brasileira por suas posições quase sempre conservadoras, deve sumir dos jornais e revistas do país, a partir de agora.
É que Llosa disse, numa entrevista, uma coisa que a mídia não quer que se discuta: que a concentração é uma real ameaça à democracia.
“Nenhuma democracia digna deste nome permite monopólio de mídia”, afirmou Llosa.
Liberdade de imprensa só é liberdade de imprensa, de verdade e não de mentirinha, quando há uma diversidade de opiniões que só a desconcentração da propriedade permite.
É óbvio.
Mas no Brasil esta é discussão que a mídia, pela voz de seus fâmulos, não quer que se trave porque não é de seu interesse.
A atitude mais comum, quando se levanta o assunto, é dizer que se está procurando “censurar” a imprensa.
É quando o cinismo se encontra com a vigarice.
Cristina Kirchner, na Argentina, foi valente o bastante para enfrentar – e afinal derrotar – o monopólio do Clarin.
O Clarin sempre recorreu ao mais surrado lugar comum para atacar Cristina: que ela estava tentando calar uma “voz crítica”.
Ora, quem acredita nisso, nos bons propósitos do Clarin, acredita em tudo. Um grupo predador foi simplesmente enquadrado, no que provavelmente é a maior realização de Cristina.
Mas no Brasil da governabilidade as coisas são diferentes.
As quatro ou cinco famílias que controlam a mídia não são importunadas, para infortúnio da sociedade, que paga um preço elevado por isso.
FHC era aliado delas, mas e Lula e Dilma?
Eles jamais colocaram na agenda nacional uma questão vital para o desenvolvimento social do Brasil.
A desculpa é sempre a mesma: não há condições políticas. Como enfrentar, por exemplo, a ira da Globo?
Sejamos mais modestos: como lidar com Sarney, que seria fortemente atingido por uma lei que limitasse a propriedade de mídia?
Há no PT a tese de que Sarney teria salvado Lula do impeachment em determinado momento do mensalão.
Ora, é apenas uma especulação. Diferente da falta de apoio popular, político e social de Collor, Lula tinha força e alta capacidade de mobilização. Tentar tirá-lo no grito no Congresso, como se fez com Collor, era uma manobra de altíssimo risco.
O país poderia entrar em convulsão, com protestos de sindicatos e de estudantes, e os golpistas talvez terminassem mal.
Mas ainda que Lula tenha uma dívida com Sarney. É uma dívida dele e, no máximo, do PT – e não do país.
Não é aceitável que coisas essenciais como uma reforma da mídia não andem porque Sarney – ou os Marinhos, ou quem for – não podem ser aborrecidos.
Cristina Kirchner teve cojones, e não me venham dizer – outra justificativa clássica e tíbia – que as circunstâncias eram diferentes.
Tudo é sempre diferente, de país para país, e este não pode e não deve ser um fator que imobilize.
Vargas Llosa tem razão: não existe democracia decente com concentração de mídia.
E no Brasil ela, a concentração, é simplesmente abjeta.
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