Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:
Na noite de quinta-feira (20), o Jornal Nacional, da TV Globo, simplesmente omitiu a notícia da primeira pesquisa Ibope deste ano sobre a corrida presidencial. A emissora de TV por assinatura da empresa dos Marinho, a GloboNews, já havia divulgado a ainda grande vantagem de Dilma sobre os demais postulantes, desde as 18h. Pelo Ibope, os números não são muito bons para os candidatos de oposição e apontam a reeleição da presidenta já no primeiro turno, com folga, em todos os cenários.
Em seguida, o Jornal Nacional noticiou que o STF havia determinado a prisão do deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) por ter oferecido cirurgias de esterilização em mulheres em troca de votos no ano de 2004. Até aí a notícia seria mais um lamentável episódio da história eleitoral do país.
Mas a edição da matéria foi (mais) uma vilania jornalística: associou a figura da má conduta daquele deputado, sem que ela nada tenha a ver com os fatos que levaram à condenação. A extravagância foi enxertar na matéria que a presidenta tinha comandado algumas cerimônias oficiais no Pará no mesmo dia, em uma das quais, aliás, o deputado esteve presente, antes da decisão do Tribunal.
Para "caprichar", o telejornal narrou que o deputado ficou próximo à presidenta e foi citado em seu discurso, exibido apenas no trecho em que ela diz: "Queria também cumprimentar os deputados federais aqui presentes: o Asdrúbal Bentes...".
O telejornal ignorou que a presidenta citou em seu cumprimento – que aliás faz parte do protocolo de qualquer cerimônia oficial – os nove deputados federais presentes. E se o propósito era mostrar a cerimônia deveria pelo menos informar ao telespectador sobre do que se tratava, coisa que a emissora não fez – era o lançamento do edital para melhorar a navegabilidade de grandes embarcações no rio Tocantins, além da entrega de máquinas e equipamentos a municípios do Pará.
Essa edição manipulada, feita claramente para forçar a associação da imagem da presidenta à condenação do deputado, sem mostrar fatos que a justifiquem, é um típico golpe baixo de jornalismo.
Mas no mesmo dia em que as pesquisas mostraram a preferência do eleitorado pela presidenta e foram ignoradas pelo telejornal, a coisa não parou por aí. Em outra matéria, uma nova vilania, o caso da compra de refinaria de petróleo dos EUA, fato que precisa ser melhor apurado. O entrevistado foi o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli. Finalmente, o JN resolveu cumprir a regra básica do jornalismo e ouvir o outro lado? Ledo engano. O telejornal narrou o que bem entendeu, usando trechos do entrevistado para fazer testes de hipóteses.
Pinçou uma declaração de Gabrielli: "A put options é uma cláusula comum em aquisição de empresa (...) é uma cláusula normal em operações de aquisições". Em seguida, interpretou por conta própria que isso contradiria a explicação de Dilma Rousseff para ter aprovado o negócio.
Mas não há contradição alguma. A cláusula pode ser usual, como disse Gabrielli, e a presidenta pode perfeitamente não concordar, como disse ao afirmar que o relatório apresentado ao Conselho de Administração era falho ao não detalhar que havia esta cláusula.
Na narrativa, o telejornal citou diversos números sobre o negócio que não correspondem à verdade, ignorando investimentos feitos, valores de estoques de combustíveis etc., todos já explicados por Gabrielli em uma audiência pública no Senado. O ex-presidente da Petrobras deveria até reivindicar direito de resposta à reportagem.
Em 2010, últimas eleições nacionais, o Jornal Nacional chegou a protagonizar o vexame do episódio bolinha de papel, tentando provar que o então candidato José Serra havia sido ferido na cabeça por um objeto, que se provou, quase simultaneamente, que não passava de uma bolinha de papel amassado.
Pelo visto, aquele padrão de jornalismo está voltando à medida que as eleições se aproximam.
Na noite de quinta-feira (20), o Jornal Nacional, da TV Globo, simplesmente omitiu a notícia da primeira pesquisa Ibope deste ano sobre a corrida presidencial. A emissora de TV por assinatura da empresa dos Marinho, a GloboNews, já havia divulgado a ainda grande vantagem de Dilma sobre os demais postulantes, desde as 18h. Pelo Ibope, os números não são muito bons para os candidatos de oposição e apontam a reeleição da presidenta já no primeiro turno, com folga, em todos os cenários.
Em seguida, o Jornal Nacional noticiou que o STF havia determinado a prisão do deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) por ter oferecido cirurgias de esterilização em mulheres em troca de votos no ano de 2004. Até aí a notícia seria mais um lamentável episódio da história eleitoral do país.
Mas a edição da matéria foi (mais) uma vilania jornalística: associou a figura da má conduta daquele deputado, sem que ela nada tenha a ver com os fatos que levaram à condenação. A extravagância foi enxertar na matéria que a presidenta tinha comandado algumas cerimônias oficiais no Pará no mesmo dia, em uma das quais, aliás, o deputado esteve presente, antes da decisão do Tribunal.
Para "caprichar", o telejornal narrou que o deputado ficou próximo à presidenta e foi citado em seu discurso, exibido apenas no trecho em que ela diz: "Queria também cumprimentar os deputados federais aqui presentes: o Asdrúbal Bentes...".
O telejornal ignorou que a presidenta citou em seu cumprimento – que aliás faz parte do protocolo de qualquer cerimônia oficial – os nove deputados federais presentes. E se o propósito era mostrar a cerimônia deveria pelo menos informar ao telespectador sobre do que se tratava, coisa que a emissora não fez – era o lançamento do edital para melhorar a navegabilidade de grandes embarcações no rio Tocantins, além da entrega de máquinas e equipamentos a municípios do Pará.
Essa edição manipulada, feita claramente para forçar a associação da imagem da presidenta à condenação do deputado, sem mostrar fatos que a justifiquem, é um típico golpe baixo de jornalismo.
Mas no mesmo dia em que as pesquisas mostraram a preferência do eleitorado pela presidenta e foram ignoradas pelo telejornal, a coisa não parou por aí. Em outra matéria, uma nova vilania, o caso da compra de refinaria de petróleo dos EUA, fato que precisa ser melhor apurado. O entrevistado foi o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli. Finalmente, o JN resolveu cumprir a regra básica do jornalismo e ouvir o outro lado? Ledo engano. O telejornal narrou o que bem entendeu, usando trechos do entrevistado para fazer testes de hipóteses.
Pinçou uma declaração de Gabrielli: "A put options é uma cláusula comum em aquisição de empresa (...) é uma cláusula normal em operações de aquisições". Em seguida, interpretou por conta própria que isso contradiria a explicação de Dilma Rousseff para ter aprovado o negócio.
Mas não há contradição alguma. A cláusula pode ser usual, como disse Gabrielli, e a presidenta pode perfeitamente não concordar, como disse ao afirmar que o relatório apresentado ao Conselho de Administração era falho ao não detalhar que havia esta cláusula.
Na narrativa, o telejornal citou diversos números sobre o negócio que não correspondem à verdade, ignorando investimentos feitos, valores de estoques de combustíveis etc., todos já explicados por Gabrielli em uma audiência pública no Senado. O ex-presidente da Petrobras deveria até reivindicar direito de resposta à reportagem.
Em 2010, últimas eleições nacionais, o Jornal Nacional chegou a protagonizar o vexame do episódio bolinha de papel, tentando provar que o então candidato José Serra havia sido ferido na cabeça por um objeto, que se provou, quase simultaneamente, que não passava de uma bolinha de papel amassado.
Pelo visto, aquele padrão de jornalismo está voltando à medida que as eleições se aproximam.
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