Por Percival Maricato, no Jornal GGN:
Neste dia 12, voltando para casa, passando por vários bairros, fiquei surpreso com o número de pessoas que via pelas ruas, usando camisa da seleção brasileira e de carros portando bandeiras do Brasil.
Pelo que lia nos jornais e via na TV pensei em nem sair de casa, para não cair em algum fogo cruzado. O mundo deve ter a mesma impressão: que no início da Copa estaria correndo sangue nas cidades brasileiras e multidões estariam vociferando por todo lado.
Chegando em casa liguei a TV e aparentemente era isso que ocorria. As emissoras gastavam a maior parte do tempo com manifestações de um número bem menor de pessoas no Rio e São Paulo. De vez em quando falavam no número de manifestantes: duzentos, trezentos...uma pontinha da torcida do Juventus ou do Olaria. Depois soube que em muitos lugares, nas ruas de Vila Madalena por exemplo, as pessoas cantaram o hino nacional.
Certo que notícia é quando o cachorro morde o dono e não o contrário. Os milhões com camisa da seleção não eram notícia. Mas mesmo assim, parece que houve algo bem mais exagerado na importância que seu deu as ameaças de blak blocs e congêneres, uma campanha para assustar. E então, talvez tenham perdido tanto tempo com eles no dia 12, como se para confirmar as muitas reportagens nesse sentido.
O problema não é só no futebol. Estamos vivendo um clima muito mais pessimista do que deveríamos e essa mesma mídia tem ajudado a criá-lo. Todos os dias temos análises negativas, como se no dia seguinte o desemprego e a inflação fossem bater recordes e irreversíveis.
Há muitos indicadores econômicos bem piores do que gostaríamos, mas nada que indique a iminência de problemas insolúveis. Os gastos com estádios talvez mereçam mesmo críticas. Mas manifestações para câmaras de TV, neste momento, não é a melhor solução.
Talvez trazer a Copa tenha sido uma burrada, mas sentar em cima é bem pior. Nos dias atuais, mais de três bilhões de pessoas pelo planeta estão de olho no Brasil. Enviar boas imagens talvez tragam alguns milhares até aqui. Seria muito bom que os 600 mil que vieram saíssem por aí, conhecendo o país, gastando. No momento o Brasil tem um déficit de R$ 2.5 bilhões por mês com a balança do turismo (diferença entre o que os brasileiros estão gastando lá fora e que os turistas internacionais gastam no Brasil). A cada três meses perdemos o equivalente ao gasto em todos os estádios da Copa. Não vejo uma única manifestação contra isso.
O fato é que nem sempre é bom se prender demais em jornais, impressos ou de TV. Ou então, após saber das notícias, sair pela rua. Um banho de luz e realidade é sempre bom para restabelecer a confiança no futuro.
Neste dia 12, voltando para casa, passando por vários bairros, fiquei surpreso com o número de pessoas que via pelas ruas, usando camisa da seleção brasileira e de carros portando bandeiras do Brasil.
Pelo que lia nos jornais e via na TV pensei em nem sair de casa, para não cair em algum fogo cruzado. O mundo deve ter a mesma impressão: que no início da Copa estaria correndo sangue nas cidades brasileiras e multidões estariam vociferando por todo lado.
Chegando em casa liguei a TV e aparentemente era isso que ocorria. As emissoras gastavam a maior parte do tempo com manifestações de um número bem menor de pessoas no Rio e São Paulo. De vez em quando falavam no número de manifestantes: duzentos, trezentos...uma pontinha da torcida do Juventus ou do Olaria. Depois soube que em muitos lugares, nas ruas de Vila Madalena por exemplo, as pessoas cantaram o hino nacional.
Certo que notícia é quando o cachorro morde o dono e não o contrário. Os milhões com camisa da seleção não eram notícia. Mas mesmo assim, parece que houve algo bem mais exagerado na importância que seu deu as ameaças de blak blocs e congêneres, uma campanha para assustar. E então, talvez tenham perdido tanto tempo com eles no dia 12, como se para confirmar as muitas reportagens nesse sentido.
O problema não é só no futebol. Estamos vivendo um clima muito mais pessimista do que deveríamos e essa mesma mídia tem ajudado a criá-lo. Todos os dias temos análises negativas, como se no dia seguinte o desemprego e a inflação fossem bater recordes e irreversíveis.
Há muitos indicadores econômicos bem piores do que gostaríamos, mas nada que indique a iminência de problemas insolúveis. Os gastos com estádios talvez mereçam mesmo críticas. Mas manifestações para câmaras de TV, neste momento, não é a melhor solução.
Talvez trazer a Copa tenha sido uma burrada, mas sentar em cima é bem pior. Nos dias atuais, mais de três bilhões de pessoas pelo planeta estão de olho no Brasil. Enviar boas imagens talvez tragam alguns milhares até aqui. Seria muito bom que os 600 mil que vieram saíssem por aí, conhecendo o país, gastando. No momento o Brasil tem um déficit de R$ 2.5 bilhões por mês com a balança do turismo (diferença entre o que os brasileiros estão gastando lá fora e que os turistas internacionais gastam no Brasil). A cada três meses perdemos o equivalente ao gasto em todos os estádios da Copa. Não vejo uma única manifestação contra isso.
O fato é que nem sempre é bom se prender demais em jornais, impressos ou de TV. Ou então, após saber das notícias, sair pela rua. Um banho de luz e realidade é sempre bom para restabelecer a confiança no futuro.
0 comentários:
Postar um comentário