Editorial do jornal Brasil de Fato:
Os ataques do articulista da revista Veja, Rodrigo Constantino, detonando o Plebiscito Popular sobre uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político, mostram o pavor que a direita tem desta proposta.
Quando a presidenta Dilma lançou a proposta de um plebiscito legal que decidisse a convocação de uma Constituinte, o pensamento reacionário cerrou fileiras. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, porta-voz do pensamento de direita, imediatamente afirmou: “Fui dormir na Espanha e acordei na Venezuela”. Foi a senha para que se desatassem discursos irados acusando o plebiscito de “golpe”.
Os mesmos ataques grotescos ocorrem agora diante do Decreto Federal no 8.243 de 2014 que cria a Política de Participação Social. A iniciativa que estabelece limitados mecanismos para acompanhar a formulação, a execução, o monitoramento e a avaliação de programas de políticas públicas, também foi chamada de “golpe bolivariano” por parlamentares e articulistas da revista Veja.
Qualquer iniciativa para ampliar a democracia desperta um verdadeiro pânico no pensamento de direita. Tocar no sistema político é o mais grave dos pecados.
A direita sabe que o descontentamento com a falência do atual sistema político esteve presente nos milhares de pequenos cartazes, palavras de ordem e pichações das manifestações de junho de 2013. Sabe que uma palavra de ordem como a Constituinte Soberana do Sistema Política pode ganhar força e se tornar uma ameaça real ao seu poder.
Para tanto, utiliza a tese de que a bandeira da Constituinte é um mero jogo do PT para manter-se no governo. Ou, nas suas palavras, “servir ao projeto do PT”. Ignoram, propositalmente que a campanha é muito mais ampla e que congrega a maior parte das forças de esquerda.
Ignoram o apoio da candidata à presidência do PSOL, Luciana Genro, da deputada Luiza Erundina do PSB, de inúmeros artistas e intelectuais. Jamais mencionam que a campanha já envolve as principais organizações sociais brasileiras, reunindo mais de 240 movimentos sociais. Querem, claramente, impedir que a juventude disposta a lutar não se aproprie de uma bandeira política.
Até aceitam a pauta das lutas econômicas, sem atendê-las evidentemente, mas propor uma luta política é um limite que consideram inaceitável. Recordemos o ensinamento de Florestan Fernandes: “Para que possa ser realizado por dentro da ordem, por meio do Estado e de cima para baixo. Trata-se de algo contra o que o movimento burguês tem lutado tenazmente, do Estado Novo à ‘democracia populista’ e à República institucional. O polo burguês repele a plebeização da ordem existente porque ela surge como revolução democrática, põe o país diante da única forma política de democracia compatível com as chocantes realidades da sociedade brasileira. Em consequência, cabe ao polo plebeu – subproletário, proletário e em parte pequeno burguês – soldar novas alianças de classes que nos afastem definitivamente dos pactos de conteúdo e implicações elitistas. A história atual lhe pertence, pois ele é a única garantia com que contamos de que a revolução democrática está em marcha”.
Enfrentar o atual sistema político, que conserva fortes heranças da ditadura é algo que as forças de direita não aceitarão, em nenhuma hipótese. Exatamente por isso, a campanha do Plebiscito Popular da Constituinte é a iniciativa política mais ousada dos movimentos sociais desde a palavra de ordem “Diretas já”. Para alguns, ousada até demais.
Não será fácil construir essa campanha. A bandeira da Constituinte toca no coração do poder, no centro de um sistema político que assegura o controle da classe dominante. À medida em que a campanha crescer, maiores serão os ataques. Os lutadores populares devem se preparar para uma luta árdua. Para todo tipo de ataque que os Reinaldo Azevedo, Jabor e companhia bradarão histericamente.
Sem enfrentar um sistema político no qual os grandes grupos econômicos ampliam suas bancadas a cada eleição, no qual a mais tímida das iniciativas políticas é soterrada e a alegação da correlação de forças desfavorável trava qualquer intento popular, estaremos condenados a um cenário em que mesmo quando conquistamos vitórias eleitorais somos empurrados para a lógica do recuo.
Diferente de outras campanhas decisivas como a luta contra a Alca, desta vez estamos discutindo diretamente o poder. E a história nos mostra que nesse ponto a classe dominante não vacila.
Os ataques do articulista da revista Veja, Rodrigo Constantino, detonando o Plebiscito Popular sobre uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político, mostram o pavor que a direita tem desta proposta.
Quando a presidenta Dilma lançou a proposta de um plebiscito legal que decidisse a convocação de uma Constituinte, o pensamento reacionário cerrou fileiras. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, porta-voz do pensamento de direita, imediatamente afirmou: “Fui dormir na Espanha e acordei na Venezuela”. Foi a senha para que se desatassem discursos irados acusando o plebiscito de “golpe”.
Os mesmos ataques grotescos ocorrem agora diante do Decreto Federal no 8.243 de 2014 que cria a Política de Participação Social. A iniciativa que estabelece limitados mecanismos para acompanhar a formulação, a execução, o monitoramento e a avaliação de programas de políticas públicas, também foi chamada de “golpe bolivariano” por parlamentares e articulistas da revista Veja.
Qualquer iniciativa para ampliar a democracia desperta um verdadeiro pânico no pensamento de direita. Tocar no sistema político é o mais grave dos pecados.
A direita sabe que o descontentamento com a falência do atual sistema político esteve presente nos milhares de pequenos cartazes, palavras de ordem e pichações das manifestações de junho de 2013. Sabe que uma palavra de ordem como a Constituinte Soberana do Sistema Política pode ganhar força e se tornar uma ameaça real ao seu poder.
Para tanto, utiliza a tese de que a bandeira da Constituinte é um mero jogo do PT para manter-se no governo. Ou, nas suas palavras, “servir ao projeto do PT”. Ignoram, propositalmente que a campanha é muito mais ampla e que congrega a maior parte das forças de esquerda.
Ignoram o apoio da candidata à presidência do PSOL, Luciana Genro, da deputada Luiza Erundina do PSB, de inúmeros artistas e intelectuais. Jamais mencionam que a campanha já envolve as principais organizações sociais brasileiras, reunindo mais de 240 movimentos sociais. Querem, claramente, impedir que a juventude disposta a lutar não se aproprie de uma bandeira política.
Até aceitam a pauta das lutas econômicas, sem atendê-las evidentemente, mas propor uma luta política é um limite que consideram inaceitável. Recordemos o ensinamento de Florestan Fernandes: “Para que possa ser realizado por dentro da ordem, por meio do Estado e de cima para baixo. Trata-se de algo contra o que o movimento burguês tem lutado tenazmente, do Estado Novo à ‘democracia populista’ e à República institucional. O polo burguês repele a plebeização da ordem existente porque ela surge como revolução democrática, põe o país diante da única forma política de democracia compatível com as chocantes realidades da sociedade brasileira. Em consequência, cabe ao polo plebeu – subproletário, proletário e em parte pequeno burguês – soldar novas alianças de classes que nos afastem definitivamente dos pactos de conteúdo e implicações elitistas. A história atual lhe pertence, pois ele é a única garantia com que contamos de que a revolução democrática está em marcha”.
Enfrentar o atual sistema político, que conserva fortes heranças da ditadura é algo que as forças de direita não aceitarão, em nenhuma hipótese. Exatamente por isso, a campanha do Plebiscito Popular da Constituinte é a iniciativa política mais ousada dos movimentos sociais desde a palavra de ordem “Diretas já”. Para alguns, ousada até demais.
Não será fácil construir essa campanha. A bandeira da Constituinte toca no coração do poder, no centro de um sistema político que assegura o controle da classe dominante. À medida em que a campanha crescer, maiores serão os ataques. Os lutadores populares devem se preparar para uma luta árdua. Para todo tipo de ataque que os Reinaldo Azevedo, Jabor e companhia bradarão histericamente.
Sem enfrentar um sistema político no qual os grandes grupos econômicos ampliam suas bancadas a cada eleição, no qual a mais tímida das iniciativas políticas é soterrada e a alegação da correlação de forças desfavorável trava qualquer intento popular, estaremos condenados a um cenário em que mesmo quando conquistamos vitórias eleitorais somos empurrados para a lógica do recuo.
Diferente de outras campanhas decisivas como a luta contra a Alca, desta vez estamos discutindo diretamente o poder. E a história nos mostra que nesse ponto a classe dominante não vacila.
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