Por Fabio Serapião, na revista CartaCapital:
As alianças eleitorais firmadas nesta semana para a disputa do governo de São Paulo, em especial a debandada do Partido Progressista, de Paulo Maluf, para a campanha de Paulo Skaf, do PMDB, consolidaram o cenário eleitoral no estado mais rico do País e, ao mesmo tempo, criam dúvidas sobre a força da campanha do petista Alexandre Padilha e assustam os tucanos envolvidos na campanha à reeleição de Geraldo Alckmin.
Com os últimos arranjos, o quadro é o seguinte: Skaf terá o maior tempo de tevê, cerca de 6 minutos, para apresentar seu vice, o advogado José Roberto Batochio, do PDT, e tentar emplacar Gilberto Kassab no Senado. Alckmin terá pouco mais de 5 minutos de tevê para garantir a permanência no poder, com Márcio França, do PSB, na vice e José Serra na vaga ao Senado. Por sua vez, o petista Padilha, ao lado do vice Nivaldo Santana, do PCdoB, e Eduardo Suplicy, conta com o menor tempo de propaganda, 4 minutos. Outros dois candidatos observam a disputa de longe: o vereador Gilberto Natalini, do PV, e Gilberto Maringoni, do PSOL.
Amparado nos 44% de eleitores, segundo o mais recente Datafolha, dispostos a permitir a reeleição, Alckmin aposta suas fichas na capilaridade de sua campanha no interior e o perfil conservador do eleitorado. Com o mote “Aqui é São Paulo”, os tucanos pretendem utilizar o orgulho de ser paulista para sustentar a tese segundo a qual o estado é, após 20 anos de domínio do partido, o mais bem-sucedido da nação. Consta que São Paulo goza da primazia há mais tempo, desde quando é definido como a “locomotiva” do País. De todo modo, o tucanato insiste. “São Paulo não quer esperteza nem arrogância, mas experiência e honestidade”, afirmou o governador no evento de lançamento de sua candidatura.
Embora esteja à frente nas pesquisas, o atual governador viu seu índice na pesquisa espontânea despencar de 19% para 10% e enfrenta problemas em ao menos três setores de sua administração. Quando o tema for transportes, será questionado sobre o escândalo de corrupção envolvendo o Metrô e, na segurança, vai conviver com o fantasma do PCC e terá de explicar o aumento exponencial dos crimes contra o patrimônio. Não bastasse, todos esses debates serão travados enquanto Alckmin reza para as torneiras dos paulistanos não secarem até o dia do pleito.
Nos bastidores, deputados estaduais e membros das coordenações das campanhas ouvidos por CartaCapital apostam no segundo turno, a dúvida é saber qual candidato será o rival de Alckmin. Para eles, afastado qualquer acidente de percurso, vai para a segunda rodada o primeiro a conseguir polarizar com o tucano. É nesse momento que surgem as dúvidas no PT. Até agora, Padilha conta apenas com o apoio do ex-presidente Lula, seu padrinho político. Dilma deve dividir-se entre o palanque petista e o de Skaf.
Na visão de alguns petistas e parte da militância, além dos módicos 3% de intenção de votos e sem os mais de 2 minutos do PP e do PSD, falta ao candidato e sua equipe disposição de partir para o embate direto com os tucanos. “Esse discurso de campanha propositiva é para o segundo turno. Agora ele precisa desconstruir a administração tucana. Mostrar por qual motivo falta água, como roubaram nas licitações do Metrô e por que o PCC surgiu”, crava um deputado estadual petista.
Nesse contexto, a tática defendida pelos petistas é aproveitar desde já a imagem de Lula, para tentar ascender nas pesquisas. Para os aliados de Alckmin, essa polarização com o PT seria o melhor cenário, uma vez que o partido é “freguês” dos tucanos no estado e representa uma ameaça menor em caso de segundo turno. A tese é: os eleitores de Skaf são originários de classes sociais que se identificam mais com Alckmin e, portanto, não migrariam, obrigatoriamente, para Padilha.
Resta ver se os ventos sopram realmente a favor dos tucanos. Além dos problemas na administração, os governistas precisam lidar com os 22% de intenção de votos alcançados por Skaf no último Datafolha. É esse o motivo do susto causado pela ida do PP para a chapa do peemedebista. Com mais 1 minuto de tevê, o marqueteiro do PMDB, Duda Mendonça, terá muito espaço para atrair o eleitorado tucano. E mais, caso siga para o segundo turno, terá apoio integral dos petistas. Ao contrário do ex-ministro da Saúde, o presidente da Fiesp, no entendimento de membros de sua equipe, está disposto a desde já contrapor todas as conquistas e atacar os problemas dos 20 anos de PSDB no Palácio dos Bandeirantes. Um exemplo claro dessa disposição são os aliados escolhidos.
Para mirar os problemas no setor mais frágil do governo, a segurança pública, Skaf escalou o ex-secretário de Alckmin, o procurador Antônio Ferreira Pinto, inimigo declarado do atual secretário Fernando Grella e conhecedor dos problemas da política de segurança paulista. Outros dois escolhidos são o deputado estadual Major Olímpio, do PDT, e o último governador antes da era tucana, Luiz Antonio Fleury. Mais que coordenador, Fleury representa a vontade do PMDB de voltar a comandar o maior colégio eleitoral do país, ocupado pelo partido entre 1982 e 1994.
O xadrez das composições eleitorais termina oficialmente no sábado 5, mas as armas de cada partido já estão escolhidas. Enquanto o PSDB usará o recall de suas seguidas candidaturas e o conservadorismo do eleitorado paulista, o PMDB apoia-se em seus aliados e no amplo tempo de tevê e o PT, além de Lula, terá mais uma foto ao lado de Maluf para colocar no seu álbum.
As alianças eleitorais firmadas nesta semana para a disputa do governo de São Paulo, em especial a debandada do Partido Progressista, de Paulo Maluf, para a campanha de Paulo Skaf, do PMDB, consolidaram o cenário eleitoral no estado mais rico do País e, ao mesmo tempo, criam dúvidas sobre a força da campanha do petista Alexandre Padilha e assustam os tucanos envolvidos na campanha à reeleição de Geraldo Alckmin.
Com os últimos arranjos, o quadro é o seguinte: Skaf terá o maior tempo de tevê, cerca de 6 minutos, para apresentar seu vice, o advogado José Roberto Batochio, do PDT, e tentar emplacar Gilberto Kassab no Senado. Alckmin terá pouco mais de 5 minutos de tevê para garantir a permanência no poder, com Márcio França, do PSB, na vice e José Serra na vaga ao Senado. Por sua vez, o petista Padilha, ao lado do vice Nivaldo Santana, do PCdoB, e Eduardo Suplicy, conta com o menor tempo de propaganda, 4 minutos. Outros dois candidatos observam a disputa de longe: o vereador Gilberto Natalini, do PV, e Gilberto Maringoni, do PSOL.
Amparado nos 44% de eleitores, segundo o mais recente Datafolha, dispostos a permitir a reeleição, Alckmin aposta suas fichas na capilaridade de sua campanha no interior e o perfil conservador do eleitorado. Com o mote “Aqui é São Paulo”, os tucanos pretendem utilizar o orgulho de ser paulista para sustentar a tese segundo a qual o estado é, após 20 anos de domínio do partido, o mais bem-sucedido da nação. Consta que São Paulo goza da primazia há mais tempo, desde quando é definido como a “locomotiva” do País. De todo modo, o tucanato insiste. “São Paulo não quer esperteza nem arrogância, mas experiência e honestidade”, afirmou o governador no evento de lançamento de sua candidatura.
Embora esteja à frente nas pesquisas, o atual governador viu seu índice na pesquisa espontânea despencar de 19% para 10% e enfrenta problemas em ao menos três setores de sua administração. Quando o tema for transportes, será questionado sobre o escândalo de corrupção envolvendo o Metrô e, na segurança, vai conviver com o fantasma do PCC e terá de explicar o aumento exponencial dos crimes contra o patrimônio. Não bastasse, todos esses debates serão travados enquanto Alckmin reza para as torneiras dos paulistanos não secarem até o dia do pleito.
Nos bastidores, deputados estaduais e membros das coordenações das campanhas ouvidos por CartaCapital apostam no segundo turno, a dúvida é saber qual candidato será o rival de Alckmin. Para eles, afastado qualquer acidente de percurso, vai para a segunda rodada o primeiro a conseguir polarizar com o tucano. É nesse momento que surgem as dúvidas no PT. Até agora, Padilha conta apenas com o apoio do ex-presidente Lula, seu padrinho político. Dilma deve dividir-se entre o palanque petista e o de Skaf.
Na visão de alguns petistas e parte da militância, além dos módicos 3% de intenção de votos e sem os mais de 2 minutos do PP e do PSD, falta ao candidato e sua equipe disposição de partir para o embate direto com os tucanos. “Esse discurso de campanha propositiva é para o segundo turno. Agora ele precisa desconstruir a administração tucana. Mostrar por qual motivo falta água, como roubaram nas licitações do Metrô e por que o PCC surgiu”, crava um deputado estadual petista.
Nesse contexto, a tática defendida pelos petistas é aproveitar desde já a imagem de Lula, para tentar ascender nas pesquisas. Para os aliados de Alckmin, essa polarização com o PT seria o melhor cenário, uma vez que o partido é “freguês” dos tucanos no estado e representa uma ameaça menor em caso de segundo turno. A tese é: os eleitores de Skaf são originários de classes sociais que se identificam mais com Alckmin e, portanto, não migrariam, obrigatoriamente, para Padilha.
Resta ver se os ventos sopram realmente a favor dos tucanos. Além dos problemas na administração, os governistas precisam lidar com os 22% de intenção de votos alcançados por Skaf no último Datafolha. É esse o motivo do susto causado pela ida do PP para a chapa do peemedebista. Com mais 1 minuto de tevê, o marqueteiro do PMDB, Duda Mendonça, terá muito espaço para atrair o eleitorado tucano. E mais, caso siga para o segundo turno, terá apoio integral dos petistas. Ao contrário do ex-ministro da Saúde, o presidente da Fiesp, no entendimento de membros de sua equipe, está disposto a desde já contrapor todas as conquistas e atacar os problemas dos 20 anos de PSDB no Palácio dos Bandeirantes. Um exemplo claro dessa disposição são os aliados escolhidos.
Para mirar os problemas no setor mais frágil do governo, a segurança pública, Skaf escalou o ex-secretário de Alckmin, o procurador Antônio Ferreira Pinto, inimigo declarado do atual secretário Fernando Grella e conhecedor dos problemas da política de segurança paulista. Outros dois escolhidos são o deputado estadual Major Olímpio, do PDT, e o último governador antes da era tucana, Luiz Antonio Fleury. Mais que coordenador, Fleury representa a vontade do PMDB de voltar a comandar o maior colégio eleitoral do país, ocupado pelo partido entre 1982 e 1994.
O xadrez das composições eleitorais termina oficialmente no sábado 5, mas as armas de cada partido já estão escolhidas. Enquanto o PSDB usará o recall de suas seguidas candidaturas e o conservadorismo do eleitorado paulista, o PMDB apoia-se em seus aliados e no amplo tempo de tevê e o PT, além de Lula, terá mais uma foto ao lado de Maluf para colocar no seu álbum.
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