Por Joana Tavares, no jornal Brasil de Fato:
Os deputados de oposição de Minas Gerais, reunidos no bloco Minas Sem Censura, tentam aprovar um pedido de CPI para apurar a construção do aeroporto de Cláudio, que custou R$ 13,9 milhões e não tem uso público. Nesta entrevista, o vice-líder do bloco, deputado Rogério Correia (PT), relata que há outros casos envolvendo a gestão tucana no estado que precisam ser investigados.
Em que pé está a investigação do Ministério Público sobre o aeroporto de Claudio? Há novidades sobre o processo de desapropriação?
Desde que nós fomos ao Ministério Público [dia 22 de julho], apareceram novidades que agravaram ainda mais a situação, que reforçam a necessidade de uma CPI. O governo disponibilizou, na lei orçamentária, mais de R$ 20 milhões para a desapropriação do terreno onde fica o aeroporto, sendo que o valor da desapropriação estava calculado em R$ 1 milhão. Isso precisa ser averiguado, ver se não é um superfaturamento de desapropriação, em uma terra do tio do ex-governador. E, além disso, o que ele fez pra família da mãe em Claudio, ele fez pra família do pai em Montezuma. Fez um asfaltamento lá por R$ 300 mil, numa pista que também fica fechada. Fica cada vez mais clara a utilização do recurso público pra fins privados. É uma característica, infelizmente, comum no governo Aécio Neves. Estamos enviando nesta semana a documentação da Lei de Diretrizes Orçamentárias e o caso de Montezuma para o mesmo promotor do MP, para agregar à investigação. E aí esperamos que ele tome uma decisão e entre com uma ação de improbidade administrativa, não só contra o Aécio, mas também contra o atual governador, que permitiu esse orçamento para a desapropriação.
Os deputados de oposição de Minas Gerais, reunidos no bloco Minas Sem Censura, tentam aprovar um pedido de CPI para apurar a construção do aeroporto de Cláudio, que custou R$ 13,9 milhões e não tem uso público. Nesta entrevista, o vice-líder do bloco, deputado Rogério Correia (PT), relata que há outros casos envolvendo a gestão tucana no estado que precisam ser investigados.
Em que pé está a investigação do Ministério Público sobre o aeroporto de Claudio? Há novidades sobre o processo de desapropriação?
Desde que nós fomos ao Ministério Público [dia 22 de julho], apareceram novidades que agravaram ainda mais a situação, que reforçam a necessidade de uma CPI. O governo disponibilizou, na lei orçamentária, mais de R$ 20 milhões para a desapropriação do terreno onde fica o aeroporto, sendo que o valor da desapropriação estava calculado em R$ 1 milhão. Isso precisa ser averiguado, ver se não é um superfaturamento de desapropriação, em uma terra do tio do ex-governador. E, além disso, o que ele fez pra família da mãe em Claudio, ele fez pra família do pai em Montezuma. Fez um asfaltamento lá por R$ 300 mil, numa pista que também fica fechada. Fica cada vez mais clara a utilização do recurso público pra fins privados. É uma característica, infelizmente, comum no governo Aécio Neves. Estamos enviando nesta semana a documentação da Lei de Diretrizes Orçamentárias e o caso de Montezuma para o mesmo promotor do MP, para agregar à investigação. E aí esperamos que ele tome uma decisão e entre com uma ação de improbidade administrativa, não só contra o Aécio, mas também contra o atual governador, que permitiu esse orçamento para a desapropriação.
Há também uma investigação envolvendo a rádio Arco-Íris, de propriedade de Aécio. De que se trata esse caso?
O então governador Aécio Neves passava recursos, pelas mãos de sua irmã Andrea Neves, que era coordenadora do Núcleo Gestor de Comunicação Social do governo, e fazia o repasse publicitário para a rádio deles, a Arco-Íris, que funciona em Betim. O Ministério Público chegou a abrir inquérito para investigar os repasses feitos pelo governo à rádio, entre 2003 e 2010. O Aécio ganhou essa rádio do Sarney e do Antonio Carlos Magalhães, que era ministro de comunicação. E ele já tinha outras rádios, passando a ser dono de uma rede. Quer dizer, essa relação promíscua entre o público e o privado na gestão de Aécio é uma denúncia antiga, que só agora começa a vir a público.
Por que só agora? Por que há pouca repercussão de casos envolvendo o senador em Minas?
Ele trata Minas Gerais como uma espécie de curral. O senador Aécio Neves é um neocoronel, digamos assim. O controle da imprensa é um exemplo. O controle é tão absoluto que virou motivo de deboche internacional. Tem também controle do Ministério Público, não dos promotores ou da instituição, mas da nomeação do procurador do Estado. Tanto é que o ex-procurador, doutor Alceu José Torres, quando saiu do MP foi virar secretário de governo do PSDB [Alceu foi procurador-geral do MP por dois biênios, de 2008 a 2012, e foi nomeado Secretário Estadual de Meio Ambiente em abril de 2014] . A denúncia da rádio Arco-Íris foi arquivada por ele, que tomou pra si a ação da promotora Josely, sobre o desvio de dinheiro da saúde, e também arquivou, quando era procurador-geral. Então, Aécio tem um controle da Justiça, via Ministério Público, e da imprensa. E também no Tribunal de Contas. Um exemplo disso é o Termo de Ajustamento de Gestão, que permite um escalonamento no cumprimento da Constituição em relação ao investimento em saúde e educação.
E como é a relação do governo com a Assembleia Legislativa?
Outro controle. Aqui não conseguimos fazer CPI. Tentamos fazer da rádio, tentamos fazer do Mineirão - que foi doado pra Minas Arena -, estamos tentando do aeroporto... E olha que o Aécio fala que “quem não assina CPI é porque tem rabo preso”, então vamos ver se agora os deputados favoráveis a ele aceitam a investigação. A Assembleia Legislativa de Minas teve menos CPI durante o governo tucano do que durante o regime militar. Eles utilizam esse controle todo para transformar Minas Gerais numa espécie de capitania hereditária dos Neves. Os tucanos cercaram Minas Gerais com uma cerca elétrica e que dá choque.
O então governador Aécio Neves passava recursos, pelas mãos de sua irmã Andrea Neves, que era coordenadora do Núcleo Gestor de Comunicação Social do governo, e fazia o repasse publicitário para a rádio deles, a Arco-Íris, que funciona em Betim. O Ministério Público chegou a abrir inquérito para investigar os repasses feitos pelo governo à rádio, entre 2003 e 2010. O Aécio ganhou essa rádio do Sarney e do Antonio Carlos Magalhães, que era ministro de comunicação. E ele já tinha outras rádios, passando a ser dono de uma rede. Quer dizer, essa relação promíscua entre o público e o privado na gestão de Aécio é uma denúncia antiga, que só agora começa a vir a público.
Por que só agora? Por que há pouca repercussão de casos envolvendo o senador em Minas?
Ele trata Minas Gerais como uma espécie de curral. O senador Aécio Neves é um neocoronel, digamos assim. O controle da imprensa é um exemplo. O controle é tão absoluto que virou motivo de deboche internacional. Tem também controle do Ministério Público, não dos promotores ou da instituição, mas da nomeação do procurador do Estado. Tanto é que o ex-procurador, doutor Alceu José Torres, quando saiu do MP foi virar secretário de governo do PSDB [Alceu foi procurador-geral do MP por dois biênios, de 2008 a 2012, e foi nomeado Secretário Estadual de Meio Ambiente em abril de 2014] . A denúncia da rádio Arco-Íris foi arquivada por ele, que tomou pra si a ação da promotora Josely, sobre o desvio de dinheiro da saúde, e também arquivou, quando era procurador-geral. Então, Aécio tem um controle da Justiça, via Ministério Público, e da imprensa. E também no Tribunal de Contas. Um exemplo disso é o Termo de Ajustamento de Gestão, que permite um escalonamento no cumprimento da Constituição em relação ao investimento em saúde e educação.
E como é a relação do governo com a Assembleia Legislativa?
Outro controle. Aqui não conseguimos fazer CPI. Tentamos fazer da rádio, tentamos fazer do Mineirão - que foi doado pra Minas Arena -, estamos tentando do aeroporto... E olha que o Aécio fala que “quem não assina CPI é porque tem rabo preso”, então vamos ver se agora os deputados favoráveis a ele aceitam a investigação. A Assembleia Legislativa de Minas teve menos CPI durante o governo tucano do que durante o regime militar. Eles utilizam esse controle todo para transformar Minas Gerais numa espécie de capitania hereditária dos Neves. Os tucanos cercaram Minas Gerais com uma cerca elétrica e que dá choque.
1 comentários:
Artur comenta: assim tá difícil pegar o homem. Imaginem se o Aécio vira Presidente. Os EUA montam uma base aérea no Brazil (com Z)
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