Por Emir Sader, no site Carta Maior:
Quando se esgotava o ciclo expansivo do capitalismo, se impôs o debate sobre as razões desse esgotamento e as formas de retomada do desenvolvimento econômico. Triunfou a renascida versão do liberalismo, vocalizada, em particular, por Ronald Reagan, que disse que haveria que suspender os limites à livre circulação do capital, haveria que desregulamentar a economia. O capital voltaria a circular haveria investimentos, as economias voltariam a crescer e todos ganhariam.
Promoveu-se a livre circulação do capital em escala global, mediante a abertura dos mercados nacionais, a privatização de patrimônios públicos, a mercantilização do que antes eram direitos, a precarização das relações de trabalho, a retração do Estado, a centralidade do mercado. Mas o que aconteceu foi diferente do previsto.
Acontece que, como recordava sempre Marx, o capital não está feito para produzir, mas para acumular. Liberado das travas do período anterior, o capital se dirigiu, maciçamente, para a esfera financeira, onde ganha mais, tem liquidez total, paga menos impostos e exerce forte pressão sobre os governos. (Uma agência de apoio aos especuladores, uma vez concluiu suas sugestões, dizendo, literalmente: Aproveitem a festa, mas fiquem perto da porta.) Em escala mundial se deu uma gigantesca fuga de capitais do setor produtivo ao especulativo, com o capital financeiro assumindo o papel hegemônico na era neoliberal do capitalismo.
O baixo crescimento ou a estagnação ou até mesmo a retração das economias se deve justamente ao fato de que o setor hegemônico na economia é um setor parasitário, que não produz nem bens, nem empregos. É o capital financeiro sob sua forma especulativa, que não financia o consumo, nem a produção, nem a pesquisa. Vive da compra e venda de papéis.
Os fundos abutres são o exemplo mais radical desse caráter parasitário do capital especulativo, típico da era neoliberal. Nesse caso, se valeram da crise da dívida dos países latino-americanos nos anos 1980 para impor normas draconianas a governos subalternos, parte fundamental da herança maldita recebida pelos governos antineoliberais. Empréstimos a juros brutais em troca da renuncia à soberania nacional.
Assim, mesmo os governos que reagiram contra o neoliberalismo, começando a construir alternativas a esse modelo esgotado, tem que enfrentar ainda essa herança. Para a direita seria sinal de fracasso dos governos progressistas, quando na realidade são ainda restos dos governos da própria direita.
Os Brics começaram a apontar a alternativa: um Banco de Desenvolvimento para o Sul do mundo, um fundo de apoio frente a problemas que possam enfrentar esses países. O conflito atual da Argentina com os fundos abutres representa os estertores do modelo contra o qual foram eleitos e reeleitos os governos progressistas, que constroem um modelo alternativo ao neoliberal.
Quando se esgotava o ciclo expansivo do capitalismo, se impôs o debate sobre as razões desse esgotamento e as formas de retomada do desenvolvimento econômico. Triunfou a renascida versão do liberalismo, vocalizada, em particular, por Ronald Reagan, que disse que haveria que suspender os limites à livre circulação do capital, haveria que desregulamentar a economia. O capital voltaria a circular haveria investimentos, as economias voltariam a crescer e todos ganhariam.
Promoveu-se a livre circulação do capital em escala global, mediante a abertura dos mercados nacionais, a privatização de patrimônios públicos, a mercantilização do que antes eram direitos, a precarização das relações de trabalho, a retração do Estado, a centralidade do mercado. Mas o que aconteceu foi diferente do previsto.
Acontece que, como recordava sempre Marx, o capital não está feito para produzir, mas para acumular. Liberado das travas do período anterior, o capital se dirigiu, maciçamente, para a esfera financeira, onde ganha mais, tem liquidez total, paga menos impostos e exerce forte pressão sobre os governos. (Uma agência de apoio aos especuladores, uma vez concluiu suas sugestões, dizendo, literalmente: Aproveitem a festa, mas fiquem perto da porta.) Em escala mundial se deu uma gigantesca fuga de capitais do setor produtivo ao especulativo, com o capital financeiro assumindo o papel hegemônico na era neoliberal do capitalismo.
O baixo crescimento ou a estagnação ou até mesmo a retração das economias se deve justamente ao fato de que o setor hegemônico na economia é um setor parasitário, que não produz nem bens, nem empregos. É o capital financeiro sob sua forma especulativa, que não financia o consumo, nem a produção, nem a pesquisa. Vive da compra e venda de papéis.
Os fundos abutres são o exemplo mais radical desse caráter parasitário do capital especulativo, típico da era neoliberal. Nesse caso, se valeram da crise da dívida dos países latino-americanos nos anos 1980 para impor normas draconianas a governos subalternos, parte fundamental da herança maldita recebida pelos governos antineoliberais. Empréstimos a juros brutais em troca da renuncia à soberania nacional.
Assim, mesmo os governos que reagiram contra o neoliberalismo, começando a construir alternativas a esse modelo esgotado, tem que enfrentar ainda essa herança. Para a direita seria sinal de fracasso dos governos progressistas, quando na realidade são ainda restos dos governos da própria direita.
Os Brics começaram a apontar a alternativa: um Banco de Desenvolvimento para o Sul do mundo, um fundo de apoio frente a problemas que possam enfrentar esses países. O conflito atual da Argentina com os fundos abutres representa os estertores do modelo contra o qual foram eleitos e reeleitos os governos progressistas, que constroem um modelo alternativo ao neoliberal.
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