Por Cíntia Alves, no Jornal GGN:
O MARINÔMETRO DO MANCHETÔMETRO
Os gráficos acima, reprodução do site Manchetômetro, ilustram o que o coordenador do projeto, João Feres Júnior, relatou ao GGN: houve uma dividão entre os grandes jornais a partir do momento em que Marina poderia tornar-se candidata. Antes, a frente pró-Aécio e anti-Dilma era latente. Com a morte de Eduardo Campos, O Globo deu mais espaço à ex-ministra em editoriais, capas, colunas e reportagens, a maioria com valência positiva; a Folha tentou ser equilabrada na exposição, que aumentou para Marina na mesma proporção em que caiu a de Aécio, e o Estadão "economizou" na cobertura positiva, optando por ser mais descritivo e ambivalente que os concorrentes.
Em 14 de agosto, um dia após a morte de Eduardo Campos, o Manchetômetro colocou no ar um novo projeto, o Marinômetro, com o intuito de acompanhar o tratamento especial da mídia com o episódio trágico e com as expectativas em torno da candidatura de Marina Silva pelo PSB.
O cientista político João Feres Júnior, coordenador do Manchetômetro, relatou, em entrevista ao GGN, que os veículos de comunicação analisados - O Globo, Estadão, Folha e Jornal Nacional - convergiram em dois pontos. “O primeiro foi colocar Marina Silva como a candidata inescapável. A imprensa escolheu Marina antes mesmo de o PSB fazê-lo. O segundo ponto foi o endeusamento de Eduardo Campos. Transformaram ele, depois de morto, no grande político que ele não demonstrou ser em vida.”
O Marinômetro concentra resultados de análise de mídia até dia 21 de agosto, um dia após Marina, finalmente, ser anunciada a cabeça da chapa presidencial do PSB. Nesse intervalo de tempo, segundo Feres, a imprensa teve “uma atitude diferenciada" em relação a ela. O traço comum foi a construção da Marina concorrente em 2014.
“O Globo falou muito de Marina, fez uma campanha favorável. A Folha tentou ser mais descritiva, e o Estadão, desde o começo, é muito econômico em relação a ela. O certo é que houve um racha na grande mídia acerca dessa candidatura. Antes, eram todos anti-Dilma e anti-PT, e consequentemente pró-Aécio. Quando Marina entrou em campo, esse bloco sofreu uma divisão, mas todos impulsionaram a candidatura dela”, disse. (Ver gráficos abaixo)
Na avaliação do cientista político, agora, mesmo que Marina apareça com fortes condições de derrotar a presidente Dilma Rousseff (PT) em outubro, o suporte que a mídia deu a Aécio Neves (PSDB) ainda não é tão certo à ex-ministra do Meio Ambiente.
“Apenas O Globo segue claramente a linha pró-Marina; a Folha faz o meio de campo e o Estadão continua em cima das tamancas, com cobertura focada em desancar Dilma e o governo, todos os dias, em reportagens e artigos devastadores. Eles também são bastante críticos à Marina”, ponderou o coordenador.
As pesquisas de opinião e o sentimento anti-PT
Para João Feres, a exposição exacerbada de Marina Silva na mídia após a morte de Eduardo Campos explica o desempenho da presidenciável nas primeiras pesquisas de opinião. Enquanto Campos deixou o pleito com 9% das intenções de voto no Datafolha do início de agosto, Marina entrou na disputa com apoio de 29% do eleitorado em 26 daquele mês, quando já era oficial sua campanha.
“A mídia insertou demais Marina e a morte de Campos na rotina das pessoas. Isso deu a ela um pico de exposição que refletiu nas pesquisas. Mesmo que a cobertura fosse neutra, era positivo para ela, pois era mais exposição. Mas todo pico, eventualmente, chega a um teto. E parece que Marina acaba de atingir o dela”, avaliou Feres, em alusão às pesquisas divulgadas essa semana, indicando que Marina parou de crescer no calcanhar de Dilma.
Embora existam traços de alguma resistência (ou dúvida) a uma marinada por parte da mídia nesse momento atual, certo é que se a eleição caminhar para o segundo turno conforme demonstram as pesquisas - num cenário banho-maria, sem grandes revelações ou tragédias -, cedo ou tarde, os grandes grupos de mídia vão convergir no projeto anti-PT. Pelo menos, é no que acredita o coordenador do Manchetômetro.
“Já é evidente que Globo prefere Marina à possibilidade de Dilma ser reeleita. No segundo turno, haverá uma unificação e serão todos pró-Marina. Fora da imprensa, Marina vai unir forças à direita, que é para onde ela pode correr. Vai fagocitar o máximo de espaço que puder de Aécio, abraçar a parcela anti-PT para tentar ser eleita.
"Marina naturalmente vai para a direita, fará um governo de direita. É o que o cenário permite e o que as propostas dela sugerem. A Marina de 2010 já era de direita, só não teve tempo nem foi cobrada a expor isso. Dilma também vai ter que conquistar uma parte da direita, do empresariado e outros setores brigados, se quiser sobreviver a essa disputa”, analisou.
O fator Malafaia
A exposição dos candidatos nos veículos analisados pelo Manchetômetro entre agosto e o início de setembro reforça a tese de que a grande mídia ainda não marinou. “Em setembro, Marina já tem mais citações contrárias do que Dilma”, destacou Feres. Para ele, é possível que Marina já tenha sofrido os efeitos da crise com o pastor Silas Mafalaia, em função da agenda para o segmento gay exposta inicialmente no programa do PSB, desautorizada por Marina quando Malafia reclamou.
Até 4 de setembro, a ex-ministra registra 10 matérias de valência negativa na parcial do Manchetômetro, ante 3 de Dilma e 1 de Aécio. Em agosto, Marina teve mais exposição negativa que Aécio: foram 23 contra 6. Mas, ainda assim, Dilma liderou com 32 matérias negativas.
Após Marina ser candidata oficial, “começou a crescer a crítica em artigos e reportagens. Primeiro questionando o que seria essa nova política dela, que nega a política que conhecemos hoje; depois, colocando em xeque a governabilidade, e agora temos essa superexposição com o Malafaia", finalizou Feres.
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O cientista político João Feres Júnior, coordenador do Manchetômetro, relatou, em entrevista ao GGN, que os veículos de comunicação analisados - O Globo, Estadão, Folha e Jornal Nacional - convergiram em dois pontos. “O primeiro foi colocar Marina Silva como a candidata inescapável. A imprensa escolheu Marina antes mesmo de o PSB fazê-lo. O segundo ponto foi o endeusamento de Eduardo Campos. Transformaram ele, depois de morto, no grande político que ele não demonstrou ser em vida.”
O Marinômetro concentra resultados de análise de mídia até dia 21 de agosto, um dia após Marina, finalmente, ser anunciada a cabeça da chapa presidencial do PSB. Nesse intervalo de tempo, segundo Feres, a imprensa teve “uma atitude diferenciada" em relação a ela. O traço comum foi a construção da Marina concorrente em 2014.
“O Globo falou muito de Marina, fez uma campanha favorável. A Folha tentou ser mais descritiva, e o Estadão, desde o começo, é muito econômico em relação a ela. O certo é que houve um racha na grande mídia acerca dessa candidatura. Antes, eram todos anti-Dilma e anti-PT, e consequentemente pró-Aécio. Quando Marina entrou em campo, esse bloco sofreu uma divisão, mas todos impulsionaram a candidatura dela”, disse. (Ver gráficos abaixo)
Na avaliação do cientista político, agora, mesmo que Marina apareça com fortes condições de derrotar a presidente Dilma Rousseff (PT) em outubro, o suporte que a mídia deu a Aécio Neves (PSDB) ainda não é tão certo à ex-ministra do Meio Ambiente.
“Apenas O Globo segue claramente a linha pró-Marina; a Folha faz o meio de campo e o Estadão continua em cima das tamancas, com cobertura focada em desancar Dilma e o governo, todos os dias, em reportagens e artigos devastadores. Eles também são bastante críticos à Marina”, ponderou o coordenador.
As pesquisas de opinião e o sentimento anti-PT
Para João Feres, a exposição exacerbada de Marina Silva na mídia após a morte de Eduardo Campos explica o desempenho da presidenciável nas primeiras pesquisas de opinião. Enquanto Campos deixou o pleito com 9% das intenções de voto no Datafolha do início de agosto, Marina entrou na disputa com apoio de 29% do eleitorado em 26 daquele mês, quando já era oficial sua campanha.
“A mídia insertou demais Marina e a morte de Campos na rotina das pessoas. Isso deu a ela um pico de exposição que refletiu nas pesquisas. Mesmo que a cobertura fosse neutra, era positivo para ela, pois era mais exposição. Mas todo pico, eventualmente, chega a um teto. E parece que Marina acaba de atingir o dela”, avaliou Feres, em alusão às pesquisas divulgadas essa semana, indicando que Marina parou de crescer no calcanhar de Dilma.
Embora existam traços de alguma resistência (ou dúvida) a uma marinada por parte da mídia nesse momento atual, certo é que se a eleição caminhar para o segundo turno conforme demonstram as pesquisas - num cenário banho-maria, sem grandes revelações ou tragédias -, cedo ou tarde, os grandes grupos de mídia vão convergir no projeto anti-PT. Pelo menos, é no que acredita o coordenador do Manchetômetro.
“Já é evidente que Globo prefere Marina à possibilidade de Dilma ser reeleita. No segundo turno, haverá uma unificação e serão todos pró-Marina. Fora da imprensa, Marina vai unir forças à direita, que é para onde ela pode correr. Vai fagocitar o máximo de espaço que puder de Aécio, abraçar a parcela anti-PT para tentar ser eleita.
"Marina naturalmente vai para a direita, fará um governo de direita. É o que o cenário permite e o que as propostas dela sugerem. A Marina de 2010 já era de direita, só não teve tempo nem foi cobrada a expor isso. Dilma também vai ter que conquistar uma parte da direita, do empresariado e outros setores brigados, se quiser sobreviver a essa disputa”, analisou.
O fator Malafaia
A exposição dos candidatos nos veículos analisados pelo Manchetômetro entre agosto e o início de setembro reforça a tese de que a grande mídia ainda não marinou. “Em setembro, Marina já tem mais citações contrárias do que Dilma”, destacou Feres. Para ele, é possível que Marina já tenha sofrido os efeitos da crise com o pastor Silas Mafalaia, em função da agenda para o segmento gay exposta inicialmente no programa do PSB, desautorizada por Marina quando Malafia reclamou.
Até 4 de setembro, a ex-ministra registra 10 matérias de valência negativa na parcial do Manchetômetro, ante 3 de Dilma e 1 de Aécio. Em agosto, Marina teve mais exposição negativa que Aécio: foram 23 contra 6. Mas, ainda assim, Dilma liderou com 32 matérias negativas.
Após Marina ser candidata oficial, “começou a crescer a crítica em artigos e reportagens. Primeiro questionando o que seria essa nova política dela, que nega a política que conhecemos hoje; depois, colocando em xeque a governabilidade, e agora temos essa superexposição com o Malafaia", finalizou Feres.
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O MARINÔMETRO DO MANCHETÔMETRO
Os gráficos acima, reprodução do site Manchetômetro, ilustram o que o coordenador do projeto, João Feres Júnior, relatou ao GGN: houve uma dividão entre os grandes jornais a partir do momento em que Marina poderia tornar-se candidata. Antes, a frente pró-Aécio e anti-Dilma era latente. Com a morte de Eduardo Campos, O Globo deu mais espaço à ex-ministra em editoriais, capas, colunas e reportagens, a maioria com valência positiva; a Folha tentou ser equilabrada na exposição, que aumentou para Marina na mesma proporção em que caiu a de Aécio, e o Estadão "economizou" na cobertura positiva, optando por ser mais descritivo e ambivalente que os concorrentes.
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