Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa:
Depois de uma intensa troca de especulações nas redes sociais digitais, que durou até o final da tarde de terça-feira (23/9), os jornais publicam na quarta-feira (24) o resultado da pesquisa Ibope sobre intenção de voto. As opiniões foram colhidas entre os dias 20 e 22, e mostram que vamos às urnas com uma polarização clara entre a presidente Dilma Rousseff e a candidata do PSB, a ex-ministra Marina Silva. A doze dias do primeiro turno, a candidatura de Aécio Neves, do PSDB, perde fôlego e se estabiliza com viés de queda.
Os jornais fazem uma leitura homogênea dos indicadores. O ponto mais destacado é o fato de que a presidente Dilma Rousseff colheu mais votos da maior exposição de Marina Silva, e o ex-governador de Minas não conseguiu se apresentar como alternativa viável para a oposição.
O Estado de S. Paulo, que encomendou a pesquisa junto com a TV Globo, traz a seguinte manchete: “Dilma abre 9 pontos sobre Marina no 1o. turno, diz Ibope”. O Globo vai na mesma linha: “Dilma abre 9 pontos de vantagem sobre Marina”, e a Folha, que recebeu parte dos dados, repete o enunciado.
Nas análises mais detalhadas, observa-se uma resistência dos jornais a admitir que a eleição pode ser decidida no primeiro turno, com a reeleição da atual presidente. Embora essa possibilidade tenha sido tirada do horizonte pelos analistas da imprensa, ela ainda pode ser considerada, em função das curvas de cada candidato nesta reta final de campanha.
A menos que um fato de extrema densidade venha a alterar o quadro, a atual presidente deve se aproximar mais do seu potencial de voto (54%) do que seus adversários. Outro fator a ser levado em conta, que não será encontrado nos jornais, é a correlação entre a aprovação do atual governo e o potencial de votos de Dilma Rousseff.
A rigor, a boa estatística manda observar, em primeiro lugar, a opinião negativa, ou seja, os que jamais votariam na atual presidente – eles formam o mesmo núcleo dos que consideram seu governo ruim ou péssimo, ou seja, 28% do eleitorado. Seus eleitores fiéis se concentram nos 39% que apontam o governo como ótimo ou bom e seu potencial oculto se abriga nos 33% que o consideram regular.
O que mostram os números
Como já foi dito neste Observatório, a eleição será decidida naquela faixa da população que constitui a chamada nova classe de renda média – famílias que deixaram a pobreza e ascenderam socialmente na última década. Quem entender melhor os desejos e, principalmente, os temores desses brasileiros, pode ampliar exponencialmente suas chances.
A se considerar apenas a mudança entre as duas pesquisas mais recentes do mesmo instituto, a presidente Dilma Rousseff pontuou nesse quesito. Acontece que os jornais se concentram somente nesse período entre as consultas encerradas no dia 13 e no dia 23 deste mês, que mostram o resultado de curto prazo da campanha na televisão e no rádio. Para se chegar a um diagnóstico mais preciso, seria necessário mensurar, por exemplo, o efeito de cada uma dessas mídias no grupo que irá definir os números do primeiro turno.
Numa circunstância de polarização, como tem sido as últimas eleições presidenciais, é conveniente olhar a tendência dos votos num prazo mais longo. Observe-se, então, segundo o Ibope, que a presidente Dilma Rousseff tinha 38% das intenções de voto em julho, oscilou para baixo depois da morte do ex-governador Eduardo Campos e voltou ao mesmo patamar, encontrando-se no momento em viés ascendente.
O tucano Aécio Neves, que vinha subindo entre julho e agosto, sofreu o maior impacto proporcional com a entrada em cena da ex-ministra Marina Silva, caindo abruptamente dos 23% para 19%; depois, desabou até o piso de 15% e se estabilizou nos 19%.
Já a candidata do PSB, que estreou com 29% em agosto, chegou aos 33% na onda emocional da morte de Eduardo Campos e a partir daí entrou em queda consistente, marcando agora os mesmos 29%.
O que mostra, então, o quadro mais geral?
As pesquisas indicam que um grande número de eleitores manifesta um desejo difuso de mudança – e a imprensa interpreta esse dado como uma rejeição à política econômica e ao noticiário sobre corrupção. No entanto, o que transparece das pesquisas é que a maioria do eleitorado aprova as linhas gerais da política inaugurada por Lula da Silva em 2003 e rejeita a proposta da oposição.
Dilma e Marina são filhas do mesmo projeto – mas uma delas saiu de casa.
Os jornais fazem uma leitura homogênea dos indicadores. O ponto mais destacado é o fato de que a presidente Dilma Rousseff colheu mais votos da maior exposição de Marina Silva, e o ex-governador de Minas não conseguiu se apresentar como alternativa viável para a oposição.
O Estado de S. Paulo, que encomendou a pesquisa junto com a TV Globo, traz a seguinte manchete: “Dilma abre 9 pontos sobre Marina no 1o. turno, diz Ibope”. O Globo vai na mesma linha: “Dilma abre 9 pontos de vantagem sobre Marina”, e a Folha, que recebeu parte dos dados, repete o enunciado.
Nas análises mais detalhadas, observa-se uma resistência dos jornais a admitir que a eleição pode ser decidida no primeiro turno, com a reeleição da atual presidente. Embora essa possibilidade tenha sido tirada do horizonte pelos analistas da imprensa, ela ainda pode ser considerada, em função das curvas de cada candidato nesta reta final de campanha.
A menos que um fato de extrema densidade venha a alterar o quadro, a atual presidente deve se aproximar mais do seu potencial de voto (54%) do que seus adversários. Outro fator a ser levado em conta, que não será encontrado nos jornais, é a correlação entre a aprovação do atual governo e o potencial de votos de Dilma Rousseff.
A rigor, a boa estatística manda observar, em primeiro lugar, a opinião negativa, ou seja, os que jamais votariam na atual presidente – eles formam o mesmo núcleo dos que consideram seu governo ruim ou péssimo, ou seja, 28% do eleitorado. Seus eleitores fiéis se concentram nos 39% que apontam o governo como ótimo ou bom e seu potencial oculto se abriga nos 33% que o consideram regular.
O que mostram os números
Como já foi dito neste Observatório, a eleição será decidida naquela faixa da população que constitui a chamada nova classe de renda média – famílias que deixaram a pobreza e ascenderam socialmente na última década. Quem entender melhor os desejos e, principalmente, os temores desses brasileiros, pode ampliar exponencialmente suas chances.
A se considerar apenas a mudança entre as duas pesquisas mais recentes do mesmo instituto, a presidente Dilma Rousseff pontuou nesse quesito. Acontece que os jornais se concentram somente nesse período entre as consultas encerradas no dia 13 e no dia 23 deste mês, que mostram o resultado de curto prazo da campanha na televisão e no rádio. Para se chegar a um diagnóstico mais preciso, seria necessário mensurar, por exemplo, o efeito de cada uma dessas mídias no grupo que irá definir os números do primeiro turno.
Numa circunstância de polarização, como tem sido as últimas eleições presidenciais, é conveniente olhar a tendência dos votos num prazo mais longo. Observe-se, então, segundo o Ibope, que a presidente Dilma Rousseff tinha 38% das intenções de voto em julho, oscilou para baixo depois da morte do ex-governador Eduardo Campos e voltou ao mesmo patamar, encontrando-se no momento em viés ascendente.
O tucano Aécio Neves, que vinha subindo entre julho e agosto, sofreu o maior impacto proporcional com a entrada em cena da ex-ministra Marina Silva, caindo abruptamente dos 23% para 19%; depois, desabou até o piso de 15% e se estabilizou nos 19%.
Já a candidata do PSB, que estreou com 29% em agosto, chegou aos 33% na onda emocional da morte de Eduardo Campos e a partir daí entrou em queda consistente, marcando agora os mesmos 29%.
O que mostra, então, o quadro mais geral?
As pesquisas indicam que um grande número de eleitores manifesta um desejo difuso de mudança – e a imprensa interpreta esse dado como uma rejeição à política econômica e ao noticiário sobre corrupção. No entanto, o que transparece das pesquisas é que a maioria do eleitorado aprova as linhas gerais da política inaugurada por Lula da Silva em 2003 e rejeita a proposta da oposição.
Dilma e Marina são filhas do mesmo projeto – mas uma delas saiu de casa.
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