terça-feira, 16 de setembro de 2014

Lula já sabe como pegar a Globo

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Por Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada:

No evento dessa segunda-feira, no Rio, para agradecer o apoio de artistas e intelectuais a Dilma Rousseff, Lula formulou de forma clara, pela primeira vez, seu ataque ao monopólio da Globo.

A estratégia é:

- plebiscito;

- plebiscito convoca assembleia constituinte exclusiva;

- eleitos para a constituinte exclusiva não podem se candidatar para a eleição seguinte;

- faz a reforma política com financiamento público de campanha;

- com um novo Congresso e nova estrutura política se faz um Marco Regulatório da Comunicação, ou Ley de Medios.

Ou seja, o Marco tem de ir de fora para dentro do Governo.

Isso significa que Lula tem um caminho na cabeça e chama a Globo de Globo.

Isso significa que não basta desenvolver a Internet, dar acesso à banda larga – essa é uma solução mecanicista.

Supor que o vagão é mais importante que a carga que vai dentro.

Lula deixou claro também que o PT não pode mais conviver com uma situação de cerco permanente da Globo e seus congêneres – o maior partido da Oposição – aos governos trabalhistas.

Lula fez também uma descrição impecável dos jornalistas merválicos e pigais (*).

Os que, segundo o Mino, são piores que os patrões.

Antigamente, eles perguntavam para que os políticos respondessem e o povo se informasse.

“Hoje eles respondem para a gente perguntar”.

“Não querem saber o que V. Excia. pensa, mas o que a sociedade tem que saber que eles pensam sobre V. Excia”, disse diretamente a Dilma.

“Isso é falta de Ética”.

Ele se referia evidentemente aos Bonner (que falou 40% do tempo de uma entrevista com a Dilma); ao dedinho em riste da Poeta; ao Coronel Pantaleão da Fel-lha (**); aos repórteres folhais do debate na Band; e aoconstrangimento físico que o Ataulfo Merval (***) não conseguia esconder, quando a Dilma jantou com farofa a Armada Brancaleone da Globo.

Um deles concebeu até uma forma de segurar o microfone, para se distinguir na telinha.

(As assistentes de palco, numa mesma coreografia também procuram invocar certa singularidade.)

Este cruza os braços e o microfone emerge das mãos como vitória-régia de jardim botânico: oh !, diz a plateia deslumbrada com a dramaturgia inútil.

É porque eles se consideram a verdadeira estrela.

Eles são mais importantes que o entrevistado.

Mais importantes que o destinatário, o beneficiário do diálogo: o espectador.

Povo?

O povo que se lixe!

Eles são a palmeira imperial, a mais alta, mais exuberante!

“Todo santo dia inventam uma mentira contra essa mulher!”, disse Lula a Dilma.

“É indescritível ! E isso é uma tarefa nossa!,” disse Lula.

É claro que a tarefa se tornou muito mais fácil, com a troca da Poeta pela Renata, o que demonstra que a Globo começou a acusar o golpe da queda acelerada da audiência de seu tele-jornalismo (sic).

Em tempo: só falta combinar com os petistas de São Paulo que não resistem a um holofote da Globo

***

Clique aqui para ver o que Lula disse também na segunda, num evento em defesa do pré-sal.

E a seguir frases no evento dos artistas e intelectuais:

Lula:

Houve um tempo que a Globo era mais democrática.

“O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”, canta a plateia

“Vocês cantam isso e amanhã, a manchete será a seguinte: Lula ataca a imprensa”

“Vivemos rico momento da política”

“Antigamente os jornalistas perguntavam para a gente responder. Hoje, eles respondem para a perguntar”

“Eles querem dizer para a sociedade o que eles pensam de você”

“Aumentou na responsabilidade do papel do jornalista não o que ele quer saber, mas o que a candidata tem a falar para o povo”

“O que não pode é todo santo dia enfrentar uma mentira contra essa mulher”

“É necessário fazer a Reforma Política como condição básica”

“É preciso criar partido com base sólida”!

“No país não se discute economia. Tudo é analista de mercado”

“Não é possível falar em reforma política sem falar como, onde e com quem”

“”Foi assim q neste país não elegeu-se um presidente, mas uma vassoura, e deu no que deu”

“Não queremos votar em quem é super do super. Queremos votar em alguém igual a nós”

“Estamos aqui para apoiar Dilma, pra fazer o que falta fazer. Pra fazer o que ela sabe fazer”

“Ela sabe q só fizemos política social incluindo o pobre no orçamento”

“Colocamos o pobre no orçamento”

“Nós não queremos falar de pobre a vida inteira, nós queremos fazer com que deixe de existir pobres”

“É preciso acabar com financiamento privado em campanha eleitoral”

“Precisamos de plebiscito para aprovar uma Constituinte exclusiva”

“Sabemos que temos que governar com quem foi eleito”

“Eu acho que deve ser transformado em crime inafiançável o financiamento privado de campanha”

“To falando isso para o PT também. Tem gente que acha que a campanha está baseada na quantidade de dinheiro que você bota”

“A política a gente só muda por dentro da política”

“Essa meninada não conhece o Brasil de antes. Eles acham que a inflação tá alta, porque não conheceram antes”

“Levou 100 anos nesse país, pra que tivéssemos 3 milhões de pessoas nas universidades, em 12 anos dobramos”

“Eles levaram um século pra fazer 140 escolas técnicas. Nós fizemos três vezes e meia, o que eles fizeram em um século”

“Parabéns, Dilma, pela lei do Petróleo”

“Eu acho que nós ainda estamos devendo pra cultura”

“Eu acho que a gente precisa se dar conta das coisas que a gente não fez, quando está fora do governo”

“O problema é que tudo depende do orçamento. Então o orçamento pode ter 10 paus a mais, 10 paus a menos”

“A gente precisa permitir acesso à cultura a todas as pessoas”

“Havia um costume de que o dinheiro da cultura tinha que ser distribuindo só no centro sul do Brasil”

“O que a gente não pode é gastar tudo com a nave mãe aqui no centro sul”

“É preciso investir na cultura como um todo”

“Eu queria fazer uma casa de cultura em cada cidade do Brasil”

“Eu queria fazer um ponto de cultura em cada lugar, era mais que um ponto, era uma frase inteira”

“Marco regulatório é uma necessidade nesse país”

“Quero te dar os parabéns, Dilma, pelo que você fez pela internet. Foi uma mini revolução. Agora a gente precisa fazer com a comunicação”"

“Eu dizia que não ia mais ler jornal, assistir televisão, porque senão a azia iria me matar”

“O que mais deixa jornalista nervoso é ele escrever contra você e você não ler”

“A imprensa escrita pode fazer o que bem entender desde que não precise de Estado para sobreviver”

“Agora, não é possível concessões do Estado ter comportamento que tem contra o governo”

“Não me lembro o dia que uma revista falou bem de mim. De qualquer forma, o que eu fico indignado é com desfa

“Nesse país a grande oposição é a mídia. Ela está com ódio”

“Eles dão menos espaço para Dilma do que para os adversários”

“Cargo de Presidente não pode ser terceirizado”

“Tem um candidato aí que aprendeu a seguinte palavra: previsibilidade. A única coisa q não teve previsibilidade é que ele caiu e iria sair da campanha”

“Eu queria dizer pra vocês que quando eu escolhi a Dilma, eu tinha muita gente, gente que convive comigo há 30 anos”.

Leonardo Boff:

“Há momentos em que o intelectual não pode ficar neutro, ele tem que tomar posição”

“Não houve apenas uma alternância de poder, houve uma alternância de classe social”

“Esta revolução deve ser continuada e consolidada porque ela nunca aconteceu na história do Brasil”.

Chico César:

“Não podemos nos deixar conduzir por nenhuma proposta de aventura ou de desventura”

“Tivemos nós últimos 12 anos inclusão social e econômica através da cultura

Marilena Chauí:

“Corremos o risco de uma aventura regressiva. Não é apenas uma regressão, é a aventura que me assusta”

“Temos como tarefa o esclarecimento do povo para que essa aventura venha para destruir anos e anos de construção econômica, social e cultural”

“Não posso compreender como alguém que não gosta de política possa aspirar o posto mais alto”

“Se você não pode tratar com partidos, ou você vai ser marionete, ou imperatriz da China”

***

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(***) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse. Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos, estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance “O Brasil”.

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