terça-feira, 16 de setembro de 2014

Morre Dirceu Travesso, um guerreiro!

Por Altamiro Borges

Faleceu na manhã desta terça-feira (16) o guerreiro e amigo Dirceu Travesso – o inesquecível Didi. Líder sindical bancário, ele sempre se destacou pela presença nas lutas dos trabalhadores. Participei de incontáveis atividades com ele – debates, passeatas, atos, congressos sindicais. No geral, sempre divergíamos na leitura da “mardita” conjuntura política. Mas sempre o admirei e respeite. Um lutador abnegado, desprovido das mesquinharias que tanto prejudicam a sadia militância. Um estudioso, um intelectual orgânico da sua classe. Um polemista contundente e competente, mas que evitava resvalar para o sectarismo doentio que transforma as divergências em pugilato.

Numa longa viagem a Marília, no interior paulista, para participar de um seminário promovido pela Unesp, Didi me revelou que estava com câncer e que era obrigado a realizar longas sessões de tratamento. Fiquei baqueado! Mas ele, como sempre, seguia sereno e altivo. Durante o debate, com o auditório lotado de jovens estudantes, Didi agitou a moçada com o seu discurso carregado de energia. Voltamos a divergir! Faz parte da democracia. Depois, falei com ele várias vezes por telefone. Ele sempre se mostrou confiante na recuperação. Na última vez, a ligação foi curta. Ele se preparava para participar de mais uma manifestação organizada pelo seu partido, o PSTU. Didi fará muita falta à luta dos trabalhadores!

Reproduzo abaixo a nota da direção nacional do PSTU:

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Camarada Didi, presente!

É com muita tristeza que comunicamos o falecimento do companheiro Dirceu Travesso, o Didi, na manhã desta terça-feira do dia 16 de setembro.

Um camarada que dedicou toda sua vida à causa dos trabalhadores, à luta pela revolução socialista no Brasil e em todo mundo. Um camarada de luta de todos os dias, que já está fazendo falta e de quem sentiremos uma saudade imensa.

Uma vida junto à classe trabalhadora

Didi nasceu em 24 de fevereiro de 1959, na cidade de Flórida Paulista (SP). No final da década de 70 começou sua militância política na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) na luta contra a ditadura militar e em apoio à luta dos trabalhadores, que começavam a protagonizar greves massivas e generalizadas.

Logo começou a trabalhar. Primeiro na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) de Volta Redonda, posteriormente foi para São Paulo onde começou a trabalhar como bancário no Itaú, enquanto dava seguimento aos seus estudos. Um pouco mais tarde entrou através de concurso público no banco Nossa Caixa. Em pouco tempo tornou-se uma das lideranças nas greves dos bancários, sendo diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo por três gestões. Membro da organização Convergência Socialista, ajudou a fundar o PT. Participou da fundação da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e fez parte de sua Executiva Nacional durante alguns anos.

Em 1994 rompeu com o PT, quando do Fora Collor e da expulsão da Convergência Socialista, e participou ativamente da fundação e construção do PSTU, fazendo parte de sua Direção Nacional.

Em 2004, quando a CUT apoiou a Reforma da Previdência realizada sob o governo Lula, Dirceu, junto com inúmeros sindicalistas, rompe com esta central e organiza a Conlutas.

Revolucionário convicto

Como membro da CSP-Conlutas e do PSTU, Didi foi um lutador incansável. É raro encontrar um ativista ou militante de São Paulo que não conheça Dirceu Travesso. Conhecido em todo o Brasil, sua atuação ainda atravessava as fronteiras. Internacionalista, atuante em favor da causa Palestina, pela retirada das tropas brasileiras do Haiti, em apoio às revoluções do Oriente Médio e Norte da África, Didi buscava a unidade da classe trabalhadora em todo o mundo. Por isto, foi um dos impulsionadores principais da Rede Solidariedade Internacional.

Revolucionário convicto, Didi reivindicava-se marxista, leninista e trotsquista e confiava na luta da classe operária e de toda classe trabalhadora. Por isso, nestes anos em que muitos abandonaram a luta pelo socialismo e fizeram todo tipo de alianças espúrias com a classe dominante, Didi manteve-se sempre firme e do mesmo lado, o lado da classe trabalhadora contra a burguesia, o lado da independência de classe, o lado do internacionalismo proletário, o lado da revolução socialista.

Com esta convicção construía o PSTU, a Liga Internacional dos Trabalhadores, a CSP-Conlutas e a Rede Solidariedade Internacional.

Didi enfrentava um câncer há cinco anos. Resistiu bravamente contra a doença durante esses anos todos sem deixar, um só momento, de fazer a sua parte na luta contra o capitalismo, contra toda a injustiça e a desigualdade que caracteriza esta sociedade em que vivemos. Agora, exauriram-se suas forças. Vai caber a nós dar conta de levar adiante esta luta à qual dedicou toda a sua vida.

Àqueles que quiserem ou puderem homenagear uma última vez este guerreiro das causas da classe trabalhadora brasileira, informamos que seu velório terá início na tarde de hoje (16/09) na Quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo, na rua Tabatinguera, no centro de São Paulo. Às 20h será realizada uma solenidade política em sua homenagem.

Seu corpo será cremado amanhã (17/09), às 10h, no Cemitério da Vila Alpina.

Direção Nacional do PSTU

1 comentários:

Anônimo disse...

Meus sinceros sentimentos!