Por Igor Fuser, no jornal Brasil de Fato:
Acompanhei as eleições brasileiras como comentarista convidado pela rede de televisão Telesur, em Caracas. Essa é uma emissora pública, constituída pelos governos da Venezuela, Argentina, Equador, Bolívia e Cuba com o objetivo de criar uma alternativa latino-americana à mídia internacional hegemônica, dominada pelo imperialismo estadunidense. Oferece informações, análise e cultura, sempre em uma perspectiva crítica, comprometida com os interesses populares.
Duas semanas antes, visitei, em um compromisso acadêmico na Argentina, a Universidade Nacional de Quilmes, na periferia de Buenos Aires. Assim como a Universidade Federal do ABC, onde leciono, trata-se de uma instituição de ensino voltada para a democratização do acesso ao conhecimento. Os estudantes são oriundos, na maioria, da classe trabalhadora. Em muitos casos, são os primeiros na família a ingressar no ensino superior.
Lá também se nota um grande esforço em promover uma visão de mundo progressista. Isso ficou muito claro para mim ao assistir ao evento em que a reitoria daquela universidade homenageou o compositor argentino Leon Gieco, famoso por suas canções de protesto.
Em ambas as ocasiões, senti a intensa preocupação dos meus interlocutores – estudantes, jornalistas, professores – com as eleições brasileiras. Eles receiam que um regresso dos políticos de direita ao governo federal provoque um retrocesso nos projetos de integração regional. Mais do que isso, veem com inquietação o impacto que tal resultado traria ao conjunto da esquerda na região.
Eles têm toda razão em se preocupar. No atual cenário político da America Latina (e do mundo), os acontecimentos em cada país afetam fortemente o cenário no exterior.
Um retorno do Brasil às políticas neoliberais defendidas por Aécio Neves mudará a correlação de forcas em todos os países vizinhos, favorecendo a direita golpista na Venezuela, a oposição ultraliberal na Argentina e assim por diante.
Mesmo com todos os seus limites e contradições, os governos de Lula e Dilma representaram, nos últimos 12 anos, um importantíssimo ponto de apoio aos projetos de mudança política e social que transformaram a America Latina em vanguarda da resistência ao projeto de domínio imperial do mundo pelos Estados Unidos. Uma eventual derrota de Dilma no segundo turno deixará em situação mais frágil nossos companheiros na luta anti-imperialista em escala global, ao mesmo tempo em que fortalecerá nossos inimigos.
A direita – brasileira e internacional – percebe isso claramente. Não por acaso, um dos seus alvos preferidos são os profissionais cubanos vinculados ao programa Mais Médicos, que fornece serviços de saúde em locais desprezados pelo elitismo da categoria médica no Brasil. Dificilmente essa iniciativa sobreviverá sob um governo neoliberal. Esse exemplo (muitos outros poderiam ser citados) revela não apenas o que está em jogo no segundo turno em 26 de outubro. Mostra também que o jogo vai muito além das nossas fronteiras.
Acompanhei as eleições brasileiras como comentarista convidado pela rede de televisão Telesur, em Caracas. Essa é uma emissora pública, constituída pelos governos da Venezuela, Argentina, Equador, Bolívia e Cuba com o objetivo de criar uma alternativa latino-americana à mídia internacional hegemônica, dominada pelo imperialismo estadunidense. Oferece informações, análise e cultura, sempre em uma perspectiva crítica, comprometida com os interesses populares.
Duas semanas antes, visitei, em um compromisso acadêmico na Argentina, a Universidade Nacional de Quilmes, na periferia de Buenos Aires. Assim como a Universidade Federal do ABC, onde leciono, trata-se de uma instituição de ensino voltada para a democratização do acesso ao conhecimento. Os estudantes são oriundos, na maioria, da classe trabalhadora. Em muitos casos, são os primeiros na família a ingressar no ensino superior.
Lá também se nota um grande esforço em promover uma visão de mundo progressista. Isso ficou muito claro para mim ao assistir ao evento em que a reitoria daquela universidade homenageou o compositor argentino Leon Gieco, famoso por suas canções de protesto.
Em ambas as ocasiões, senti a intensa preocupação dos meus interlocutores – estudantes, jornalistas, professores – com as eleições brasileiras. Eles receiam que um regresso dos políticos de direita ao governo federal provoque um retrocesso nos projetos de integração regional. Mais do que isso, veem com inquietação o impacto que tal resultado traria ao conjunto da esquerda na região.
Eles têm toda razão em se preocupar. No atual cenário político da America Latina (e do mundo), os acontecimentos em cada país afetam fortemente o cenário no exterior.
Um retorno do Brasil às políticas neoliberais defendidas por Aécio Neves mudará a correlação de forcas em todos os países vizinhos, favorecendo a direita golpista na Venezuela, a oposição ultraliberal na Argentina e assim por diante.
Mesmo com todos os seus limites e contradições, os governos de Lula e Dilma representaram, nos últimos 12 anos, um importantíssimo ponto de apoio aos projetos de mudança política e social que transformaram a America Latina em vanguarda da resistência ao projeto de domínio imperial do mundo pelos Estados Unidos. Uma eventual derrota de Dilma no segundo turno deixará em situação mais frágil nossos companheiros na luta anti-imperialista em escala global, ao mesmo tempo em que fortalecerá nossos inimigos.
A direita – brasileira e internacional – percebe isso claramente. Não por acaso, um dos seus alvos preferidos são os profissionais cubanos vinculados ao programa Mais Médicos, que fornece serviços de saúde em locais desprezados pelo elitismo da categoria médica no Brasil. Dificilmente essa iniciativa sobreviverá sob um governo neoliberal. Esse exemplo (muitos outros poderiam ser citados) revela não apenas o que está em jogo no segundo turno em 26 de outubro. Mostra também que o jogo vai muito além das nossas fronteiras.
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