Foto: Conceição Oliveira |
Às 15h os termômetros em São Paulo nessa sábado (11) marcavam 33 graus, mas no Largo do Arouche, região central da capital paulista, a temperatura estava muito mais elevada. O motivo era o calor humano de todos que compareceram ao Levante das Cores. Por toda a praça, o vermelho nas bandeiras se uniam ao arco-íris LGBT, assim como o branco e o preto das peles lado a lado, fazendo frente à onda conservadora que tomou o país nessas eleições.
Ao microfone subiram pessoas como Marilena Chauí, Sérgio Vaz, Sérgio Mambert, os pssolistas Jean Wyllis, Douglas Belchior, Bill Santos e os petistas Alexandre Padilha e o senador “emérito” de São Paulo Eduardo Suplicy, que cantou com todos os presentes “Blowing in the Wind”, unindo a todos e mostrando que o caminho a seguir é um só: para a esquerda.
- Alexandre Padilha, candidato a governador de São Paulo pelo PT:
A declaração de Fernando Henrique Cardos só revela a forma como eles pensam. O bom de ter segundo turno é que a soberba tucana aparece. A declaração dele foi típica de quem já deu aula na USP e nunca deve ter cumprimentado a faxineira, nunca cumprimentou o garçom que o serve nos restaurantes dos Jardins, do Higienópolis, o “flanelinha” que guarda o carro dele… O grande azar deles é que no dia 26 de outubro o voto da faxineira e do “flanelinha” vale o mesmo que o voto do empresário. Esse ato representa isso. O conjunto de pessoas que sabe que se avançou no período Lula e Dilma e que não quer retrocesso. Sabe o que a gente passa aqui no governo tucano, da violência contra os jovens, contra os gays, da homofobia que existe no estado de São Paulo, sabe que tem mais conservadores que incitam o ódio e estamos fazendo essa bela reação, diversa, colorida contra o ódio. O que está em jogo agora são dois projetos distintos e temos que nos posicionar.
- Bill Santos, candidato a deputado pelo PSOL:
Então, a gente percebe que tem uma onda conservadora mesmo, é duro admitir isso. A gente vê a quantidade de parlamentares eleitos vindos da direita e da extrema direita. No Rio de Janeiro por exemplo o [Jair] Bolsonaro foi o cara mais votado. Aqui em São Paulo a gente teve uma eleição gravíssima do Marco Feliciano e tantos outros. E infelizmente debates como os direitos das pessoas LGBT ficaram em último caso novamente. Aqui em São Paulo não conseguimos eleger nenhum parlamentar da causa ou realmente LGBT. No Rio conseguimos eleger o Jean Wyllys, que é muito importante. Mas a gente percebe que a direita mais uma vez tenta cooptar os movimentos sociais, como foi o caso dos atos de junho, e a direita tenta cooptar esses movimentos. A gente está aqui para mostrar que eles não são donos desses movimentos, que esses movimentos são da população e que nós não queremos que a direita tome o poder novamente e que a direita retroceda novamente, como a gente viu que aconteceu no passado. O PSDB por três vezes acabou com esse país. Então a gente tá aqui para se unir pra deixar que a direita não tome conta desse país. Nós temos força sim, os nordestinos tem razão sim em votar na esquerda por que é essa a política que vai dar direitos e a direita não vai fazer isso. O PSOL, meu partido, soltou uma nota dizendo que vai ficar neutro mais disse que em hipótese alguma vai votar no Aécio Neves. Então, por isso estamos aqui. A gente tá nessa luta, é hora da esquerda se unir e mostrar que podemos fazer uma política a favor do povo, e não a favor de meia dúzia de banqueiros, de ricos e classe média.
- Sérgio Vaz, poeta:
A direita está se posicionando, perdendo a vergonha, eu acho que quem é de esquerda tem que perder a vergonha, perder o medo. A gente está num momento de as pessoas se posicionarem por aquilo que acreditam. É uma luta de classes: das classes que se respeitam e das classes que não se respeitam. Eu acho que aqui é um movimento pra mostrar que estamos vivos, a gente não quer voltar pra essa onda de racismo, de preconceito. A gente não quer voltar pro passado, que gosta de voltar para o passado é o [Steven] Spielberg .
- Jean Wyllys, deputado federal pelo PSOL:
Esse ato era para ser uma avaliação do primeiro turno das eleições, o crescimento dos fundamentalistas religiosos, o voto em [Celso] Russomano e Tiririca e o que esse tipo de voto representa. A ideia era essa. Acabou virando um ato pró-Dilma, o que é bom. Não que a avaliação não resultasse em apoio a Dilma Rousseff. Mas cresceu, e acho por que a juventude, os movimentos sociais estão temerosos com o resultado do segundo turno, então acabou virando um ato pró-Dilma. O que me agradou também, por que eu já declarei apoio [à Dilma], declarei voto critico, E é importante dizer que é um voto crítico por que ele só aconteceu mediante compromisso da campanha da presidenta que são importantes pra nós: a questão da política de Aids, uma política que tem a ver com a identidade de gênero. No país morrem por mês 15 mil pessoas em decorrência da Aids, e isso é muito grave. [As mortes] tem acontecido por faltas de política de prevenção, políticas de tratamento. E houve um desinvestimento no governo Dilma em relação a isso, que foi um compromisso importante que ela firmou, mobilizou a base do PT no Congresso nacional pela legalização do casamento igualitário que já é uma realidade jurídica, a criminalização da homofobia é importante e outro ponto, como a questão das terras indígenas. Embora a gente saiba que nos governos tucanos houve menos demarcação de terras indígenas, a questão indígena foi negligenciada durante o governo Dilma, então esse compromisso dela agora é muito importante pra nós. Diante disso, eu declarei voto e apoio nela porque noutros aspectos eu reconheço os avanços, a redução da pobreza, os investimentos. Como eu reconheço esses avanços e acho que outros virão, eu declarei meu voto.
- Duque HP, rapper e MC:
Então, eu voto no PT desde pequeno, mal sabia que era um partido do povo. Meu pai me ensinou de pequeno. O que eu vejo é que tava tudo muito bem antes do segundo turno, agora a gente viu que não. Tá todo mundo se assustando. E isso envolve a Globo, que colocam lá [na Presidência] quem eles quiserem. Eu sei que não vai ser bom pro Brasil. Na minha adolescência, pra você conseguir “trampo” era muito difícil. Eu vivia duro e sem trabalho. Depois que o Lula ganhou minha irmã fez faculdade, se formou e hoje é professora. Ontem mesmo fui deixá-la no aeroporto pra ir pra Portugal… Olha isso! Até quando a Marta [Suplicy] era prefeita, era outro sistema, outra coisa. Com Lula e Dilma ficou melhor pra ganhar dinheiro com música, com arte. Esse cara [Aécio Neves] não tem a consciência disso, trabalho social e tal. Ele é coronelismo. O que me deixa triste é saber que a “mulecada” que mora no gueto, na periferia, o apoia, porque a mídia consegue alienar. O plano deles sempre deu certo. Esse ato é pouco ainda perto do que a gente quer alcançar, mas já é um primeiro passo.
- Sérgio Mambert, ator:
A gente tá vendo uma coisa muito ampla, de várias correntes, várias personalidades, pertencentes a outros partidos, é um levante realmente no sentido de que a gente se coloque à frente nessa luta pela reeleição de Dilma como presidenta. Pela sua importância, não só para o Brasil, pra toda a América do Sul, pelos companheiros que estão lutando pela mesma coisa no nosso continente. Não podemos esquecer isso. Estão fazendo um retrocesso histórico, talvez o maior retrocesso que eu tenho notícia desde que o Lula trouxe a renovação a esse país. Eles querem o retrocesso e nós queremos o avanço. Queria agradecer a Fórum, que é uma revista que eu leio sempre, o [Renato] Rovai é um grande amigo e companheiro, é ótimo que a Fórum esteja participando desse momento. E vamos juntos na luta pela reeleição de Dilma Rousseff.
- Douglas Belchior, candidato a deputado federal pelo PSOL:
A questão [do apoio à Dilma] é muito menos pelas virtudes e mais pelos vícios, e pelo que significa historicamente a campanha do Aécio. Nós precisamos nos posicionar nesse momento e impedir que aquilo que tem de pior no Brasil volte a governar esse país. Isso sem abrir mão das criticas das reivindicações históricas do povo trabalhador desse país que não foram atendidas pelo governo do PT nesses anos todos. Entao o apoio de figuras do PSOL a campanha da Dilma está muito recortada por esse viés, por isso é um apoio pontual no sentido de derrotar o que há de pior nesse país e no sentido de construir uma oposição da esquerda e cobrar da Dilma e do PT uma coerência com sua própria história.
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