segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Democratizar a mídia: questão de governo

Do site da Fundação Perseu Abramo:

O programa entrevistaFPA realizado nesta segunda-feira, 10 de novembro, ouviu o jornalista Altamiro Borges, um dos responsáveis pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, entidade que luta pela democratização da comunicação, visando a conquistar maior pluralidade e diversidade informativa e cultural no país.

Miro iniciou sua participação no programa comentando o período atual e a ação da mídia no processo eleitoral. Para ele, a capa da revista Veja, na véspera da eleição, foi "um risco à democracia e à soberania do voto. Esse setor, se não for modificado, sempre irá se comportar assim. Democratizar a mídia é uma questão de governo."

Em sua análise sobre a conjuntura e atuação da mídia nacional, Miro afirmou que "a mídia é poder político e econômico, muitas vezes associada aos interesses econômicos. Eles não vão falar da reforma agrária, por exemplo, porque estão associados ao capital financeiro e ao agronegócio".

Ele diz também que apesar de os governos do PT não terem enfrentado a contento o tema da comunicação, o segundo mandato da presidenta Dilma irá agir diferente, mas para que o projeto da mídia democrática elaborada pelo Fórum Nacional de Democratização da Comunicação possa ser levado em conta, deverá haver pressão dos movimentos sociais.

Identidade nas manchetes

Segundo comentou o jornalista, "as empresas jornalísticas concorrem entre elas, disputam espaço e audiência, mas quando chegam nos grandes temas, aí estão unidas. Quando é contra o avanço dos trabalhadores é uma unidade de aço".

"Eles se dividem na disputa de mercado, mas é histórico o alinhamento deles nos outros interesses. Como foi no golpe de 1964 ou contra Getúlio Vargas. Mas hoje são complexos midiáticos muito maiores. Um exército poderosíssimo", alertou.

Joaquim Soriano, diretor da FPA, comandou esta edição do programa. Para ele, "nesta eleição, outra direita apareceu ou se mostrou. Democratizar a mídia não é só questão de ter opinião na sociedade, mas é pressuposto que ela colabore na formação de uma cultura política democrática. É um problema específico da democratização mas também da constituição de outra narrativa", alertou.

Para Miro, o caminho será o contra-ataque, com "nossos sites, blogues, redes sociais. Fazemos uma guerrilhazinha, mas eles estão incomodados com nossa ação nas redes sociais".

Na pauta futura estão dois grandes desafios: fortalecer e qualificar os vários instrumentos, como é a experiência da tevêFPA, da TVT, das rádios comunitárias, blogues e sites e lutar para acabar com o monopólio midiático, "dois movimentos simultâneos".

Miro citou os ensinamentos de Perseu Abramo, sobre manipulação e informação e também respondeu às questões dos internautas que abordaram o conselho nacional de comunicação, internet e tecnologia, políticos e radiodifusão e formação de novos comunicadores. E também relembrou os países que já fizeram suas leis relacionadas à comunicação, como Estados Unidos e Reino Unido.

EntrevistaFPA

O programa entrevistaFPA é composto por quatro blocos de 15 minutos, sendo que o último bloco conta com perguntas enviadas pelos internautas. O programa já contou a participação do economista João Sicsú, do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, do professor Reginaldo Carmelo de Moraes, do sociólogo Jean Tible, o diretor do Instituto Lula, Luiz Dulci, de Rosane Bertotti, da CUT, Paulo Vannuchi, membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Genoíno, deputado federal, e Rogério Sottili, secretário municipal de Direitos Humanos de São Paulo, João Pedro Stédile, membro da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas.

Também já participaram Jefferson Lima, secretário nacional de Juventude do PT, Miriam Nobre, da Marcha Mundial das Mulheres, William Nozaki, da Coordenação de Promoção do Direito à Cidade da Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo; Alessandro Melchior, da Coordenação de Políticas LGBT da Prefeitura de São Paulo; o advogado Marcelo Dias, presidente da Comissão da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil, do Rio de Janeiro, e o ministro Gilberto Carvalho, que falou sobre a política nacional de participação social; Antônio Silva Pinto, secretário da Promoção da Igualdade Racial da prefeitura de São Paulo, com o ator Sergio Mamberti e com o deputado estadual João Paulo Rillo.

Acompanhe no Canal da FPA no Youtube a íntegra das entrevistas já realizadas.

1 comentários:

Anônimo disse...

De: SAMWISE

Democratizar a mídia é só um dos passos. Há no ar ameaças de golpe que são indícios preocupantes. Para afastá-las é preciso, também, ampliar a base social do governo. Para isso é fundamental reconquistar a classe C do centro-sul do país. Recomendo o texto simples e objetivo abaixo:

http://reino-de-clio.com.br/Pensando%20BR.html