Do site A conta da água:
O desenvolvimento da crise hídrica, que desde o início do ano de 2014 vem se acentuando no Estado de São Paulo, coloca um novo desafio para o jornalismo de qualidade, comprometido com a informação e com os direitos humanos.
Em julho de 2010, a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) reconheceu formalmente, inclusive com o voto do Brasil, o direito humano à água e ao saneamento. Trata-se de um direito derivado de outro –o direito a um nível de vida adequado, que prevê que esses serviços estejam disponíveis, que sejam financeiramente acessíveis, aceitáveis e de qualidade.
E, no entanto, quando se escreve este compromisso, bairros pobres já sofrem com o fechamento dos registros pelas companhias de abastecimento por períodos de mais de 15 dias, como acontece em Itu (100 km de São Paulo); creches e escolas já são obrigadas a fechar as portas, por falta de água (como em Cristais Paulista, a 400 km da capital); na periferia da megacidade de São Paulo, por falta de fornecimento, carros-pipa incorporam-se à paisagem subtropical como, antes, só acontecia no clima semi-árido nordestino.
No total, mais de 60 cidades paulistas já enfrentam o pesadelo da falta d’água. O racionamento atinge milhões de pessoas, apesar de o quadro jurídico internacional do direito humano à água determinar claramente que a garantia de água para consumo pessoal e humano deve ter prioridade sobre qualquer outro consumo – industrial, turístico ou agrícola. Com os reservatórios e rios em níveis críticos nas bacias dos rios Tietê e Piracicaba, e sem previsões climáticas animadoras, milhões de brasileiros estarão expostos à violência da falta de água potável, com suas previsíveis implicações na irrupção de surtos epidêmicos e no campo da saúde em geral; além dos reflexos dramáticos na economia, da educação, nos direitos à vida e à cidade.
Mas os governos não parecem dispostos a tratar com um mínimo de transparência a gestão desse bem tão essencial. Até hoje, mal se conhecem os planos de contingenciamento e faltam informações sobre a extensão da crise. Entregue a empresas, a riqueza hídrica hoje escassa é administrada na sombra, por conselhos fechados, sem nenhuma participação popular.
Diante de um quadro de desafios tão inéditos, vários coletivos de jornalismo uniram-se para lançar luz sobre a questão da água; para ajudar a produzir e disseminar o conhecimento sobre os impactos da falta d’água na vida das populações atingidas; para construir as narrativas que favoreçam a democratização do acesso à riqueza hídrica;
Trata-se de investimento jornalístico voluntário e colaborativo, independente de governos e de empresas, destinado à produção de conteúdos em texto, fotos, vídeos e artes. Todos conteúdos são livres para reprodução e republicação, desde que respeitada e citada a autoria de origem. Para conhecer mais a proposta e colaborar mande email para acontadagua@gmail.com
O desenvolvimento da crise hídrica, que desde o início do ano de 2014 vem se acentuando no Estado de São Paulo, coloca um novo desafio para o jornalismo de qualidade, comprometido com a informação e com os direitos humanos.
Em julho de 2010, a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) reconheceu formalmente, inclusive com o voto do Brasil, o direito humano à água e ao saneamento. Trata-se de um direito derivado de outro –o direito a um nível de vida adequado, que prevê que esses serviços estejam disponíveis, que sejam financeiramente acessíveis, aceitáveis e de qualidade.
E, no entanto, quando se escreve este compromisso, bairros pobres já sofrem com o fechamento dos registros pelas companhias de abastecimento por períodos de mais de 15 dias, como acontece em Itu (100 km de São Paulo); creches e escolas já são obrigadas a fechar as portas, por falta de água (como em Cristais Paulista, a 400 km da capital); na periferia da megacidade de São Paulo, por falta de fornecimento, carros-pipa incorporam-se à paisagem subtropical como, antes, só acontecia no clima semi-árido nordestino.
No total, mais de 60 cidades paulistas já enfrentam o pesadelo da falta d’água. O racionamento atinge milhões de pessoas, apesar de o quadro jurídico internacional do direito humano à água determinar claramente que a garantia de água para consumo pessoal e humano deve ter prioridade sobre qualquer outro consumo – industrial, turístico ou agrícola. Com os reservatórios e rios em níveis críticos nas bacias dos rios Tietê e Piracicaba, e sem previsões climáticas animadoras, milhões de brasileiros estarão expostos à violência da falta de água potável, com suas previsíveis implicações na irrupção de surtos epidêmicos e no campo da saúde em geral; além dos reflexos dramáticos na economia, da educação, nos direitos à vida e à cidade.
Mas os governos não parecem dispostos a tratar com um mínimo de transparência a gestão desse bem tão essencial. Até hoje, mal se conhecem os planos de contingenciamento e faltam informações sobre a extensão da crise. Entregue a empresas, a riqueza hídrica hoje escassa é administrada na sombra, por conselhos fechados, sem nenhuma participação popular.
Diante de um quadro de desafios tão inéditos, vários coletivos de jornalismo uniram-se para lançar luz sobre a questão da água; para ajudar a produzir e disseminar o conhecimento sobre os impactos da falta d’água na vida das populações atingidas; para construir as narrativas que favoreçam a democratização do acesso à riqueza hídrica;
Trata-se de investimento jornalístico voluntário e colaborativo, independente de governos e de empresas, destinado à produção de conteúdos em texto, fotos, vídeos e artes. Todos conteúdos são livres para reprodução e republicação, desde que respeitada e citada a autoria de origem. Para conhecer mais a proposta e colaborar mande email para acontadagua@gmail.com
O projeto é uma parceria entre os seguintes coletivos e veículos: Brasil de Fato, Barão de Itararé, Revista Fórum, Mídia Ninja, Outras Palavras, Observatório Popular de Direitos, Ponte, Revista Vaidapé e Volume Vivo.
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