Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:
A imprensa tradicional já tem seu candidato a presidente da Câmara dos Deputados: Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A constatação se dá pelo tratamento VIP de blindagem dado a ele. Diferente de outros políticos, nada de esmiuçar as polêmicas em sua biografia, nem os processos a que responde, nem as investigações em que seu nome é citado, nem as origens e trajetória de sua carreira política. Sequer informam um perfil realista do deputado.
O apoio midiático a Cunha – tido como foco de problemas na base governista, liderando alguns "motins" no Congresso em votações contrárias ao Planalto – obedece à lógica política que interessa à oposição. Se ele é atendido pelo Planalto em indicações polêmicas para cargos e ministérios, a imprensa oposicionista tem expectativa de que tais nomeações acabarão produzindo crises políticas e escândalos que atingirão o governo. Se não é atendido, Cunha se alia à oposição na Câmara dos Deputados. De uma forma ou de outra, a expectativa é de que ele, na presidência da Câmara, seja foco permanente de crises políticas.
Não por acaso, Eduardo Cunha já disse que, se depender dele, engavetará qualquer projeto de democratização da mídia que chegue à Câmara, o que o coloca como aliado dos interesses dos oligarcas que controlam os meios de comunicação de massa no Brasil. Em 2013, Renan Calheiros (PMDB-AL) ao candidatar-se novamente ao posto de presidente do Senado, fez o mesmo gesto para os donos da mídia e nunca mais foi incomodado com seu nome em capas de revista e jornais associado a notícias negativas.
O entusiasmo da mídia tradicional em eleger Cunha é tão descarado que nem sequer aparecem análises isentas e honestas das correlações de forças na Câmara e de suas dificuldades, que também existem.
A primeira dificuldade é que se o PMDB esticar a corda demais, outras lideranças políticas podem tomar o lugar do partido como principal aliado do governo no campo político do centro, majoritário no Congresso. Kassab, presidente do PSD, já se movimenta neste sentido pela centro-direita. Cid Gomes, governador do Ceará, se movimenta pela centro-esquerda. Não são os únicos a se reposicionarem após as eleições, quando a maioria dos partidos tem algum tipo de divisão interna e busca uma reacomodação à realidade saída das urnas.
Mesmo dentro do PMDB, Cunha pode ser usado apenas para outros caciques políticos do próprio partido se fortalecerem na interlocução com o Planalto e na montagem do governo, pois não são poucos peemedebistas que receiam ser empurrados à contragosto para a oposição, perdendo protagonismo para outros partidos da base governista. Os sete governadores eleitos pelo PMDB também não têm interesse em governarem em ambiente de crise política que, geralmente, acaba travando projetos e investimentos em seus estados.
Juntem-se a isso as pretensões políticas que todos têm, de uma forma ou de outra, nas eleições municipais de 2016. Tirando as bancadas ideológicas bem definidas que se situam claramente ou no governo ou na oposição, a maioria dos parlamentares do chamado "baixo clero" tem interesse em representar suas bases, levando verbas para seus municípios e para os prefeitos seus aliados. Muitos deputados, inclusive, sairão candidatos a prefeito e precisam de uma agenda positiva, como participar de inaugurações e lançamento de programas. Essa maioria tem mais pretensões de manter um bom diálogo com o governo, dentro de uma pauta construtiva, do que de embarcar na agenda da oposição com a qual nem sequer tem afinidade.
O comportamento da mídia tradicional de participar do jogo político coloca em xeque sua tentativa de se autointitular "mídia profissional", pelo menos se entendermos como profissionalismo o compromisso de informar o leitor, telespectador ou ouvinte, doa a quem doer, inclusive aos próprios donos dos órgãos de imprensa. A não ser que o termo profissional esteja sendo usado no contexto da mais velha das profissões.
O apoio midiático a Cunha – tido como foco de problemas na base governista, liderando alguns "motins" no Congresso em votações contrárias ao Planalto – obedece à lógica política que interessa à oposição. Se ele é atendido pelo Planalto em indicações polêmicas para cargos e ministérios, a imprensa oposicionista tem expectativa de que tais nomeações acabarão produzindo crises políticas e escândalos que atingirão o governo. Se não é atendido, Cunha se alia à oposição na Câmara dos Deputados. De uma forma ou de outra, a expectativa é de que ele, na presidência da Câmara, seja foco permanente de crises políticas.
Não por acaso, Eduardo Cunha já disse que, se depender dele, engavetará qualquer projeto de democratização da mídia que chegue à Câmara, o que o coloca como aliado dos interesses dos oligarcas que controlam os meios de comunicação de massa no Brasil. Em 2013, Renan Calheiros (PMDB-AL) ao candidatar-se novamente ao posto de presidente do Senado, fez o mesmo gesto para os donos da mídia e nunca mais foi incomodado com seu nome em capas de revista e jornais associado a notícias negativas.
O entusiasmo da mídia tradicional em eleger Cunha é tão descarado que nem sequer aparecem análises isentas e honestas das correlações de forças na Câmara e de suas dificuldades, que também existem.
A primeira dificuldade é que se o PMDB esticar a corda demais, outras lideranças políticas podem tomar o lugar do partido como principal aliado do governo no campo político do centro, majoritário no Congresso. Kassab, presidente do PSD, já se movimenta neste sentido pela centro-direita. Cid Gomes, governador do Ceará, se movimenta pela centro-esquerda. Não são os únicos a se reposicionarem após as eleições, quando a maioria dos partidos tem algum tipo de divisão interna e busca uma reacomodação à realidade saída das urnas.
Mesmo dentro do PMDB, Cunha pode ser usado apenas para outros caciques políticos do próprio partido se fortalecerem na interlocução com o Planalto e na montagem do governo, pois não são poucos peemedebistas que receiam ser empurrados à contragosto para a oposição, perdendo protagonismo para outros partidos da base governista. Os sete governadores eleitos pelo PMDB também não têm interesse em governarem em ambiente de crise política que, geralmente, acaba travando projetos e investimentos em seus estados.
Juntem-se a isso as pretensões políticas que todos têm, de uma forma ou de outra, nas eleições municipais de 2016. Tirando as bancadas ideológicas bem definidas que se situam claramente ou no governo ou na oposição, a maioria dos parlamentares do chamado "baixo clero" tem interesse em representar suas bases, levando verbas para seus municípios e para os prefeitos seus aliados. Muitos deputados, inclusive, sairão candidatos a prefeito e precisam de uma agenda positiva, como participar de inaugurações e lançamento de programas. Essa maioria tem mais pretensões de manter um bom diálogo com o governo, dentro de uma pauta construtiva, do que de embarcar na agenda da oposição com a qual nem sequer tem afinidade.
O comportamento da mídia tradicional de participar do jogo político coloca em xeque sua tentativa de se autointitular "mídia profissional", pelo menos se entendermos como profissionalismo o compromisso de informar o leitor, telespectador ou ouvinte, doa a quem doer, inclusive aos próprios donos dos órgãos de imprensa. A não ser que o termo profissional esteja sendo usado no contexto da mais velha das profissões.
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