Por Vitor Nuzzi, na Rede Brasil Atual:
As centrais sindicais têm diagnósticos distintos sobre o cenário político, inclusive a respeito das manifestações marcadas para esta sexta-feira (13) e para domingo (15), mas coincidem na avaliação de que o governo precisa redirecionar sua linha econômica e aumentar o diálogo para preservar e reconquistar apoios. Inclusive do ponto de vista da governabilidade. O ato de sexta, que tem apoio formal de cinco centrais, não é contra nem a favor do governo, diz o presidente da CUT, Vagner Freitas, embora a central não vá aceitar qualquer tipo de retrocesso do ponto de vista político. "Ao mesmo tempo em que defendemos a normalidade democrática, não aceitamos perda de direitos", afirma, criticando quem fala, por exemplo, em impeachment. "É a intolerância dos derrotados", reage Freitas.
O presidente da CTB, Adilson Araújo, vê um quadro "complicado e complexo", com a sensação de que a eleição de 2014 "ainda não acabou". Em um momento de estagnação econômica e perda de representação dos trabalhadores no Congresso, ele avalia que o momento exige inteligência. "Defender a governabilidade deve ter sintonia com salvaguardar aquilo que já conquistamos", diz o sindicalista que, ao lado de Freitas e dirigentes de três outras centrais, participou ontem (10) à noite, em São Paulo, de encontro promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e pela Agência Sindical.
"O grande desafio é retomar o crescimento", acrescenta Adilson, para quem a pauta empresarial foi mais "célere" do que a trabalhista. Ao mesmo tempo, ele identifica a reorganização de forças, derrotadas na eleição, defensoras da redução do Estado na economia e da diminuição de direitos sociais.
Onda conservadora
"Estamos passando por um momento difícil", afirma o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna. A central não assina o manifesto relativo ao ato de sexta-feira, mas o dirigente esclarece que a entidade tampouco apoiará o ato de domingo, declaradamente anti-Dilma. Da mesma forma que sindicalistas ligados à Força podem participar da manifestação de sexta, outros deverão ir ao de domingo, particularmente os filiados ao Solidariedade e ao PSDB.
Na eleição do ano passado, a central também se dividiu nos apoios às candidaturas. "Nossa central não participa do dia 13, o que não significa que somos contra. Também não participa do dia 15. Não participa, não organiza e não faz divulgação", afirma Juruna.
Apoiador da reeleição da presidenta Dilma Rousseff, o secretário-geral da Força diz que as medidas provisórias anunciadas no final do ano passado (MPs 664 e 665, que dificultam o acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários) foram o verdadeiro início da onda conservadora. "Marcou uma mudança de estratégia do governo, que mostrou a sua face conservadora. Foi uma medida dura, neoliberal", critica. Para ele, "o governo só terá reação se tiver compromisso com os trabalhadores".
Agenda vitoriosa
A uma pergunta sobre qual seria o "limite" das centrais nessa discussão, o presidente da CUT responde que é "implementar a agenda que foi vitoriosa nas eleições", contemplando desenvolvimento e inclusão social. "Queremos discutir isso nas ruas. Esperamos que uma parte da coalizão (que compõe o governo) não venha impor sua agenda conservadora." Freitas também repudia aqueles que, "escondidos" em suposta defesa da Petrobras e contra a corrupção, propõem o "golpismo" via impeachment. "Então, vamos acabar com esse financiamento privado de campanhas", contrapõe.
A Intersindical também não participará do ato de sexta-feira, previsto para várias cidades do país, mas seu secretário-geral, Edson Carneiro, o Índio, vê no evento que ocorrerá dois dias depois uma "manifestação golpista". Ao mesmo tempo, ele acredita que o governo Dilma precisa dialogar mais e dar sinais para os setores identificados com uma pauta não conservadora, em um momento de avanço do conservadorismo no Congresso e na própria sociedade. "Não tenho dúvida de que um governo do PSDB iria avançar ainda mais sobre os direitos dos trabalhadores. É preciso repudiar, os trabalhadores não podem cair nessa manipulação."
Para Índio, também faltou "politizar" mais os trabalhadores no período recente, em temas como nacionalização e mídia. Agora, o momento é mais delicado. "Não podemos errar. E não temos clareza ainda do que será esse dia 13. Mas nos colocamos frontalmente contra o golpe e contra a quebra da normalidade democrática que a direita que impor."
Democracia
As atividades de sexta-feira não são para defender o governo, acrescenta o presidente da Nova Central em São Paulo, Luiz Gonçalves, o Luizinho. "Vamos lá para defender a Petrobras, a democracia, o crescimento com emprego e renda", resume. Segundo ele, em um primeiro momento é preciso tentar derrubar ou alterar as MPs 664 e 665, para então avançar em uma agenda mais propositiva, além da "defesa intransigente do aprofundamento da democracia". Luizinho lembra que as centrais têm uma marcha por direitos marcada para 9 de abril.
Neste momento, o presidente da CTB acredita que a correlação de forças torna-se desfavorável aos trabalhadores, que correm o risco de perder todas as disputas no Congresso, casos da proposta de redução da jornada de trabalho e do Projeto de Lei 4.330, sobre terceirização. Mas é também momento de resistir, sob pena de voltar "ao passado desastroso", referência aos anos FHC. "Pagamos o preço de uma certa apatia. Poderíamos ter pressionado mais o governo. A medida possível é ir para a rua", afirma Adilson.
Outros itens da pauta trabalhista, apresentadas aos candidatos presidenciais em 2014, são o fim do fator previdenciário e a correção da tabela do Imposto de Renda. Este último, aparentemente, foi atendido pelo governo, que negociou ontem com o Congresso uma correção escalonada. As centrais também esperam por medidas que atinjam o "andar de cima", caso da taxação sobre grandes fortunas.
Para Freitas, é momento de o trabalhador "estar de olhos abertos" e observar as propostas em jogo. "Não estão nem um pouco preocupados com o desenvolvimento do país", diz, referindo-se à oposição. Ele pede que o governo "se posicione", porque terá apoio da classe trabalhadora sempre que suas políticas forem voltadas para ela. "Vai ter sustentação nas ruas. Não precisa ficar preocupado com as agências de classificação de risco. Se alie com o povo."
As centrais sindicais têm diagnósticos distintos sobre o cenário político, inclusive a respeito das manifestações marcadas para esta sexta-feira (13) e para domingo (15), mas coincidem na avaliação de que o governo precisa redirecionar sua linha econômica e aumentar o diálogo para preservar e reconquistar apoios. Inclusive do ponto de vista da governabilidade. O ato de sexta, que tem apoio formal de cinco centrais, não é contra nem a favor do governo, diz o presidente da CUT, Vagner Freitas, embora a central não vá aceitar qualquer tipo de retrocesso do ponto de vista político. "Ao mesmo tempo em que defendemos a normalidade democrática, não aceitamos perda de direitos", afirma, criticando quem fala, por exemplo, em impeachment. "É a intolerância dos derrotados", reage Freitas.
O presidente da CTB, Adilson Araújo, vê um quadro "complicado e complexo", com a sensação de que a eleição de 2014 "ainda não acabou". Em um momento de estagnação econômica e perda de representação dos trabalhadores no Congresso, ele avalia que o momento exige inteligência. "Defender a governabilidade deve ter sintonia com salvaguardar aquilo que já conquistamos", diz o sindicalista que, ao lado de Freitas e dirigentes de três outras centrais, participou ontem (10) à noite, em São Paulo, de encontro promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e pela Agência Sindical.
"O grande desafio é retomar o crescimento", acrescenta Adilson, para quem a pauta empresarial foi mais "célere" do que a trabalhista. Ao mesmo tempo, ele identifica a reorganização de forças, derrotadas na eleição, defensoras da redução do Estado na economia e da diminuição de direitos sociais.
Onda conservadora
"Estamos passando por um momento difícil", afirma o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna. A central não assina o manifesto relativo ao ato de sexta-feira, mas o dirigente esclarece que a entidade tampouco apoiará o ato de domingo, declaradamente anti-Dilma. Da mesma forma que sindicalistas ligados à Força podem participar da manifestação de sexta, outros deverão ir ao de domingo, particularmente os filiados ao Solidariedade e ao PSDB.
Na eleição do ano passado, a central também se dividiu nos apoios às candidaturas. "Nossa central não participa do dia 13, o que não significa que somos contra. Também não participa do dia 15. Não participa, não organiza e não faz divulgação", afirma Juruna.
Apoiador da reeleição da presidenta Dilma Rousseff, o secretário-geral da Força diz que as medidas provisórias anunciadas no final do ano passado (MPs 664 e 665, que dificultam o acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários) foram o verdadeiro início da onda conservadora. "Marcou uma mudança de estratégia do governo, que mostrou a sua face conservadora. Foi uma medida dura, neoliberal", critica. Para ele, "o governo só terá reação se tiver compromisso com os trabalhadores".
Agenda vitoriosa
A uma pergunta sobre qual seria o "limite" das centrais nessa discussão, o presidente da CUT responde que é "implementar a agenda que foi vitoriosa nas eleições", contemplando desenvolvimento e inclusão social. "Queremos discutir isso nas ruas. Esperamos que uma parte da coalizão (que compõe o governo) não venha impor sua agenda conservadora." Freitas também repudia aqueles que, "escondidos" em suposta defesa da Petrobras e contra a corrupção, propõem o "golpismo" via impeachment. "Então, vamos acabar com esse financiamento privado de campanhas", contrapõe.
A Intersindical também não participará do ato de sexta-feira, previsto para várias cidades do país, mas seu secretário-geral, Edson Carneiro, o Índio, vê no evento que ocorrerá dois dias depois uma "manifestação golpista". Ao mesmo tempo, ele acredita que o governo Dilma precisa dialogar mais e dar sinais para os setores identificados com uma pauta não conservadora, em um momento de avanço do conservadorismo no Congresso e na própria sociedade. "Não tenho dúvida de que um governo do PSDB iria avançar ainda mais sobre os direitos dos trabalhadores. É preciso repudiar, os trabalhadores não podem cair nessa manipulação."
Para Índio, também faltou "politizar" mais os trabalhadores no período recente, em temas como nacionalização e mídia. Agora, o momento é mais delicado. "Não podemos errar. E não temos clareza ainda do que será esse dia 13. Mas nos colocamos frontalmente contra o golpe e contra a quebra da normalidade democrática que a direita que impor."
Democracia
As atividades de sexta-feira não são para defender o governo, acrescenta o presidente da Nova Central em São Paulo, Luiz Gonçalves, o Luizinho. "Vamos lá para defender a Petrobras, a democracia, o crescimento com emprego e renda", resume. Segundo ele, em um primeiro momento é preciso tentar derrubar ou alterar as MPs 664 e 665, para então avançar em uma agenda mais propositiva, além da "defesa intransigente do aprofundamento da democracia". Luizinho lembra que as centrais têm uma marcha por direitos marcada para 9 de abril.
Neste momento, o presidente da CTB acredita que a correlação de forças torna-se desfavorável aos trabalhadores, que correm o risco de perder todas as disputas no Congresso, casos da proposta de redução da jornada de trabalho e do Projeto de Lei 4.330, sobre terceirização. Mas é também momento de resistir, sob pena de voltar "ao passado desastroso", referência aos anos FHC. "Pagamos o preço de uma certa apatia. Poderíamos ter pressionado mais o governo. A medida possível é ir para a rua", afirma Adilson.
Outros itens da pauta trabalhista, apresentadas aos candidatos presidenciais em 2014, são o fim do fator previdenciário e a correção da tabela do Imposto de Renda. Este último, aparentemente, foi atendido pelo governo, que negociou ontem com o Congresso uma correção escalonada. As centrais também esperam por medidas que atinjam o "andar de cima", caso da taxação sobre grandes fortunas.
Para Freitas, é momento de o trabalhador "estar de olhos abertos" e observar as propostas em jogo. "Não estão nem um pouco preocupados com o desenvolvimento do país", diz, referindo-se à oposição. Ele pede que o governo "se posicione", porque terá apoio da classe trabalhadora sempre que suas políticas forem voltadas para ela. "Vai ter sustentação nas ruas. Não precisa ficar preocupado com as agências de classificação de risco. Se alie com o povo."
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