No último domingo (8), data da homenagem ao Dia Internacional da Mulher e dos panelaços e vaias de algumas áreas "nobres" de São Paulo contra a presidenta Dilma – aos berros machistas de "vaca", "puta" e outros –, ocorreu um fato curioso no shopping Villa-Lobos. Localizado no Alto de Pinheiros, considerado o quarto bairro mais rico da capital paulista, o estabelecimento ficou sem luz por várias horas. Muitas lojas de grife fecharam e dispensaram seus funcionários. Algumas madames da "zelite" até ficaram irritadas pela restrição ao seu doentio consumismo. Mas nenhuma delas gritou palavrões contra o governador tucano Geraldo Alckmin. As vaias da aristocracia têm caráter de classe.
O apagão no luxuoso shopping não foi destaque na mídia chapa-branca. Alguns jornais deram apenas pequenas, minúsculas, notinhas. A Folha tucana, por exemplo, registrou que "houve uma confusão no centro de compras. 'Muitas famílias estavam com crianças descendo as escadas. A fila no estacionamento era enorme. Aí, liberaram a cobrança', disse uma frequentadora que pediu para não ser identificada. O administrador Marcos Spighel, 33, que almoçava com a mulher e os filhos gêmeos de um ano quando a energia acabou, reclamou da falta de orientação e infraestrutura do local... Procurada pela Folha, a AES Eletropaulo não respondeu o motivo da falta de luz no Villa-Lobos".
Esta cobertura "jornalística" tão bondosa e compreensível da mídia chapa-branca também não é de se estranhar. Afinal, ela também tem caráter de classe. Há muito tempo que São Paulo padece de graves problemas com as quedas de luz – assim como com a crise da água, o aumento recorde de roubos, as panes e lotações no Metrô. No caso da energia elétrica, a falta de investimento no setor resultou na ausência de manutenção do sistema. Muitos bairros, principalmente nas periferias, vivem às escuras. Já houve até protestos de moradores contra a Eletropaulo. Mas a mídia chapa-branca, adubada pelas milionárias verbas da publicidade oficial, evita criticar os tucanos que governam o Estado há 20 anos. Ela prefere estimular as vaias e os xingamentos à presidenta Dilma!
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