Por Altamiro Borges
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central voltou a elevar a taxa básica de juros – de 12,75% para 13,25%. Foi o quinto aumento seguido da perversa Selic, que trava o crescimento da economia e reduz o ritmo da geração de emprego e renda no país. No lacônico comunicado sobre o novo arrocho monetário, o órgão apenas justificou que, “avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação”, decidiu subir os juros. Nada mais disse, o que sinaliza que outras altas poderão ocorrer nas próximas reuniões do Copom. De imediato, os tais “analistas do mercado” – nome fictício dos porta-vozes dos agiotas financeiros – já preveem que a Selic deverá seguir a sua tendência de alta durante todo este ano. Festa dos rentistas e dos seus veículos de comunicação! Dane-se o Brasil!
O aumento recorrente da taxa de juros evidencia a força do capital financeiro no país – um verdadeiro paraíso dos banqueiros. A cada alta da Selic, o consumo e o crédito se retraem, a produção empaca e os empregos encolhem. Além disso, o aumento dos juros tem impacto imediato nas contas públicas, elevando o déficit da União. Nos últimos meses, os sinais de esgotamento desta política monetária ortodoxa, baseada no receituário neoliberal, são evidentes. Em março passado, contrariando o padrão histórico, a produção industrial voltou a cair, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Como consequência, houve novo aumento das demissões no setor. O cenário ainda não é o de uma nova onda avassaladora de desemprego, mas sim o da retração da geração de novas vagas. A tendência, porém, é preocupante.
Segundo balanço do Ministério do Trabalho, divulgado no final de abril, nos três primeiros meses deste ano, 50,4 mil postos de trabalho foram fechados. Foi o pior resultado para o período desde 2002, quando teve início a série estatística do governo. As contratações, porém, ainda foram maiores do que as demissões de trabalhadores com carteira assinada. O setor de serviços (ensino, medicina, transporte, etc.) foi responsável pela contratação de 53,8 mil funcionários, compensando as demissões em segmentos mais fragilizados. Já a demissões na construção civil superaram as contratações em 18,2 mil vagas, a maior queda absoluta entre os setores econômicos pesquisados no mês. De janeiro a março, a construção civil acumula um saldo negativo de quase 51 mil postos de trabalho – em boa parte como decorrência da midiática Operação Lava-Jato.
Outro estudo recente, publicado pelo IBGE, aponta que o desemprego teve a quarta alta seguida no mês de março. A taxa apurada nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil ficou em 6,2%, ante 5,9% em fevereiro. Esta foi a maior taxa desde maio de 2011, quando o desemprego foi de 6,4%. O resultado ainda é igual ao verificado em março de 2012 (6,2%) e junho de 2011 (6,2%). Já o rendimento médio real do trabalhador, descontados os efeitos da inflação, foi de R$ 2.134,60 em março, segundo o IBGE. O resultado significa queda de 2,8% em relação a fevereiro. Já a massa de renda real habitual dos ocupados no país somou R$ 49,3 bilhões em março, queda de 3% em relação a fevereiro. Na comparação com março de 2014, o montante diminuiu 3,8%. Ou seja: todos os sinais são preocupantes. Mas, pelo jeito, não afetam os tecnocratas do Copam.
Até a urubóloga Miriam Leitão, uma fervorosa defensora das teses neoliberais, já anda preocupada com as consequências desta política. Em recente artigo no jornal O Globo, ela argumentou que a alta dos juros não conteve a inflação e resultou na piora de outros indicadores. “A economia não cresce, o desemprego aumenta e a arrecadação cai. O remédio usado para um problema piora o outro... A arrecadação cai porque a atividade econômica está fraca, provocando uma piora no mercado de trabalho. Os dados ruins vão se acumulando”. Apesar destes efeitos nefastos, Miriam Leitão ainda defende a alta da Selic, mas sugere cautela. “O remédio para a inflação alta está chegando ao limite. Não é possível continuar aumentando os juros por muito mais tempo; há a convicção de que o ciclo de altas que começou no fim de outubro de 2014 está chegando ao fim”.
Quem deve ficar ainda mais preocupada com a “dose do remédio” é a presidenta Dilma Rousseff. Os efeitos recessivos da alta dos juros afetam a sua popularidade, que já é vítima de uma campanha incessante das forças oposicionistas derrotadas em outubro passado. Sem o apoio dos trabalhadores e das camadas populares, que garantiram a sua reeleição, o cenário de crise política deve se agravar. É nisto que apostam os setores golpistas da oposição partidária e midiática. Em recente editorial, a Folha tucana cantou a bola ao apontar os reflexos negativos na “avaliação presidencial” da redução do ritmo de geração de emprego e renda no país: “Tudo indica que começam a se concretizar os pesadelos do governo e do PT: o arrocho chegou ao povo e, pior, não se vislumbra melhora significativa antes de 2016”. É grande a torcida da direita pelo quanto pior, melhor!
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central voltou a elevar a taxa básica de juros – de 12,75% para 13,25%. Foi o quinto aumento seguido da perversa Selic, que trava o crescimento da economia e reduz o ritmo da geração de emprego e renda no país. No lacônico comunicado sobre o novo arrocho monetário, o órgão apenas justificou que, “avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação”, decidiu subir os juros. Nada mais disse, o que sinaliza que outras altas poderão ocorrer nas próximas reuniões do Copom. De imediato, os tais “analistas do mercado” – nome fictício dos porta-vozes dos agiotas financeiros – já preveem que a Selic deverá seguir a sua tendência de alta durante todo este ano. Festa dos rentistas e dos seus veículos de comunicação! Dane-se o Brasil!
O aumento recorrente da taxa de juros evidencia a força do capital financeiro no país – um verdadeiro paraíso dos banqueiros. A cada alta da Selic, o consumo e o crédito se retraem, a produção empaca e os empregos encolhem. Além disso, o aumento dos juros tem impacto imediato nas contas públicas, elevando o déficit da União. Nos últimos meses, os sinais de esgotamento desta política monetária ortodoxa, baseada no receituário neoliberal, são evidentes. Em março passado, contrariando o padrão histórico, a produção industrial voltou a cair, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Como consequência, houve novo aumento das demissões no setor. O cenário ainda não é o de uma nova onda avassaladora de desemprego, mas sim o da retração da geração de novas vagas. A tendência, porém, é preocupante.
Segundo balanço do Ministério do Trabalho, divulgado no final de abril, nos três primeiros meses deste ano, 50,4 mil postos de trabalho foram fechados. Foi o pior resultado para o período desde 2002, quando teve início a série estatística do governo. As contratações, porém, ainda foram maiores do que as demissões de trabalhadores com carteira assinada. O setor de serviços (ensino, medicina, transporte, etc.) foi responsável pela contratação de 53,8 mil funcionários, compensando as demissões em segmentos mais fragilizados. Já a demissões na construção civil superaram as contratações em 18,2 mil vagas, a maior queda absoluta entre os setores econômicos pesquisados no mês. De janeiro a março, a construção civil acumula um saldo negativo de quase 51 mil postos de trabalho – em boa parte como decorrência da midiática Operação Lava-Jato.
Outro estudo recente, publicado pelo IBGE, aponta que o desemprego teve a quarta alta seguida no mês de março. A taxa apurada nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil ficou em 6,2%, ante 5,9% em fevereiro. Esta foi a maior taxa desde maio de 2011, quando o desemprego foi de 6,4%. O resultado ainda é igual ao verificado em março de 2012 (6,2%) e junho de 2011 (6,2%). Já o rendimento médio real do trabalhador, descontados os efeitos da inflação, foi de R$ 2.134,60 em março, segundo o IBGE. O resultado significa queda de 2,8% em relação a fevereiro. Já a massa de renda real habitual dos ocupados no país somou R$ 49,3 bilhões em março, queda de 3% em relação a fevereiro. Na comparação com março de 2014, o montante diminuiu 3,8%. Ou seja: todos os sinais são preocupantes. Mas, pelo jeito, não afetam os tecnocratas do Copam.
Até a urubóloga Miriam Leitão, uma fervorosa defensora das teses neoliberais, já anda preocupada com as consequências desta política. Em recente artigo no jornal O Globo, ela argumentou que a alta dos juros não conteve a inflação e resultou na piora de outros indicadores. “A economia não cresce, o desemprego aumenta e a arrecadação cai. O remédio usado para um problema piora o outro... A arrecadação cai porque a atividade econômica está fraca, provocando uma piora no mercado de trabalho. Os dados ruins vão se acumulando”. Apesar destes efeitos nefastos, Miriam Leitão ainda defende a alta da Selic, mas sugere cautela. “O remédio para a inflação alta está chegando ao limite. Não é possível continuar aumentando os juros por muito mais tempo; há a convicção de que o ciclo de altas que começou no fim de outubro de 2014 está chegando ao fim”.
Quem deve ficar ainda mais preocupada com a “dose do remédio” é a presidenta Dilma Rousseff. Os efeitos recessivos da alta dos juros afetam a sua popularidade, que já é vítima de uma campanha incessante das forças oposicionistas derrotadas em outubro passado. Sem o apoio dos trabalhadores e das camadas populares, que garantiram a sua reeleição, o cenário de crise política deve se agravar. É nisto que apostam os setores golpistas da oposição partidária e midiática. Em recente editorial, a Folha tucana cantou a bola ao apontar os reflexos negativos na “avaliação presidencial” da redução do ritmo de geração de emprego e renda no país: “Tudo indica que começam a se concretizar os pesadelos do governo e do PT: o arrocho chegou ao povo e, pior, não se vislumbra melhora significativa antes de 2016”. É grande a torcida da direita pelo quanto pior, melhor!
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