Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:
Pelos corredores, os funcionários, que morrem de medo de se pronunciar publicamente, já apelidaram a TV Câmara de “TV Cunha”. Desde que o deputado federal Eduardo Cunha assumiu a presidência da Casa, em fevereiro, a programação da TV é outra. O que mais chama a atenção é o destaque dado ao presidente todos os dias em todos os programas, sobretudo às sextas-feiras, quando acontece o chamado Câmara Itinerante. Ao assumir, o próprio Cunha anunciou no twitter que a TV passaria por “profundas mudanças”. E que mudanças.
Com o Câmara Itinerante, Cunha está percorrendo o Brasil para falar sobre o Legislativo –algo similar ao que Lula fez com as Caravanas da Cidadania na década de 1990, só que o périplo do presidente da Câmara pelo País é bancado com o dinheiro dos cidadãos. Somos nós que pagamos as viagens dele ao Pará, Amapá, Paraíba, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo para participar de debates e dar entrevistas coletivas à imprensa local. Todos os Estados serão visitados. É de se perguntar: será que o objetivo é mesmo fazer as pessoas conhecerem o Parlamento? Não deixa de causar estranheza, principalmente porque Eduardo Cunha continua a utilizar o domínio eduardocunhapresidente.com.br como seu site oficial.
Os críticos das “mudanças” ordenadas pelo presidente na TV Câmara dizem que a televisão perdeu o caráter institucional para ser o canal de Eduardo Cunha e seu grupo. “Nunca mais fui chamado para nenhum programa, é como se eu não existisse”, queixa-se o deputado federal Jean Wyllys, do PSOL, notório desafeto do presidente da casa e que já havia alertado para o “aparelhamento” em curso na TV Câmara logo no início do ano legislativo. “Isso nunca aconteceu antes, pelo contrário. Sempre me davam espaço em pautas de direitos humanos e em debates. E não é só a TV que está assim, também a rádio Câmara e o próprio site.” Retaliação?
A autonomia da TV também teria sido reduzida: todos os programas têm de passar pelo crivo do presidente da Câmara ou do secretário de Comunicação, o deputado Cleber Verde, do PRB. “Há uma ordem interna de que os deputados do PRB e do PMDB devem aparecer em todas as reportagens”, diz um funcionário, que preferiu não se identificar temendo represálias. Ele também criticou a ausência de “outro lado” nas reportagens contra o governo ou o PT.
Como exemplo, foi citada a reportagem do Jornal da Câmara do dia 10 de abril sobre o Câmara Itinerante em João Pessoa, onde Eduardo Cunha foi recebido por manifestantes aos gritos de “Fora Cunha!”. O texto atribuiu o protesto ao “movimento gay, MST e à CUT”. Com elogios fartos a Cunha na reportagem, o “outro lado” do PT negando que tenha organizado a manifestação só aparece em uma nota lida pela apresentadora após o vídeo.
Outra ordem expressa na TV Câmara, de acordo com funcionários, é sempre mostrar as galerias quando há votações contra o governo. Graças a isso, os brasileiros que estavam assistindo à votação da MP 664 pela TV Cãmara foram brindados com um “bundalelê” feito por um membro da Força Sindical. Enquanto isso, membros da CUT eram impedidos pelos seguranças de entrar nas dependências da Casa (leia aqui e aqui).
Uma conferência sobre liberdade de expressão também foi utilizada por Eduardo Cunha para criticar a ideia de regulamentação da mídia, que existe em vários países, como se fosse uma tentativa de “censura”, exatamente como os meios de comunicação privados fazem. “É uma coisa inaceitável a censura travestida de regulação. A Casa não só jamais dará acolhida mas sobretudo repudiará de forma veemente quaisquer tentativas que possam resvalar em aventuras autoritárias”, disse o presidente da Câmara.
Procurei o presidente da Câmara para falar do assunto e sua assessoria informou que ele não iria se pronunciar. Também procurei o deputado Cleber Verde e fui encaminhada ao diretor da TV Câmara, Pedro Noleto. Ele negou a ingerência de Eduardo Cunha na programação da televisão e disse que as múltiplas aparições do presidente da Câmara são “naturais” em virtude do cargo que ocupa. Também negou que deputados sejam alijados da programação por razões políticas e que não haja “outro lado” nas reportagens. “Sempre alguém vai reclamar, é impossível agradar a todos.”
Pelos corredores, os funcionários, que morrem de medo de se pronunciar publicamente, já apelidaram a TV Câmara de “TV Cunha”. Desde que o deputado federal Eduardo Cunha assumiu a presidência da Casa, em fevereiro, a programação da TV é outra. O que mais chama a atenção é o destaque dado ao presidente todos os dias em todos os programas, sobretudo às sextas-feiras, quando acontece o chamado Câmara Itinerante. Ao assumir, o próprio Cunha anunciou no twitter que a TV passaria por “profundas mudanças”. E que mudanças.
Com o Câmara Itinerante, Cunha está percorrendo o Brasil para falar sobre o Legislativo –algo similar ao que Lula fez com as Caravanas da Cidadania na década de 1990, só que o périplo do presidente da Câmara pelo País é bancado com o dinheiro dos cidadãos. Somos nós que pagamos as viagens dele ao Pará, Amapá, Paraíba, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo para participar de debates e dar entrevistas coletivas à imprensa local. Todos os Estados serão visitados. É de se perguntar: será que o objetivo é mesmo fazer as pessoas conhecerem o Parlamento? Não deixa de causar estranheza, principalmente porque Eduardo Cunha continua a utilizar o domínio eduardocunhapresidente.com.br como seu site oficial.
Os críticos das “mudanças” ordenadas pelo presidente na TV Câmara dizem que a televisão perdeu o caráter institucional para ser o canal de Eduardo Cunha e seu grupo. “Nunca mais fui chamado para nenhum programa, é como se eu não existisse”, queixa-se o deputado federal Jean Wyllys, do PSOL, notório desafeto do presidente da casa e que já havia alertado para o “aparelhamento” em curso na TV Câmara logo no início do ano legislativo. “Isso nunca aconteceu antes, pelo contrário. Sempre me davam espaço em pautas de direitos humanos e em debates. E não é só a TV que está assim, também a rádio Câmara e o próprio site.” Retaliação?
A autonomia da TV também teria sido reduzida: todos os programas têm de passar pelo crivo do presidente da Câmara ou do secretário de Comunicação, o deputado Cleber Verde, do PRB. “Há uma ordem interna de que os deputados do PRB e do PMDB devem aparecer em todas as reportagens”, diz um funcionário, que preferiu não se identificar temendo represálias. Ele também criticou a ausência de “outro lado” nas reportagens contra o governo ou o PT.
Como exemplo, foi citada a reportagem do Jornal da Câmara do dia 10 de abril sobre o Câmara Itinerante em João Pessoa, onde Eduardo Cunha foi recebido por manifestantes aos gritos de “Fora Cunha!”. O texto atribuiu o protesto ao “movimento gay, MST e à CUT”. Com elogios fartos a Cunha na reportagem, o “outro lado” do PT negando que tenha organizado a manifestação só aparece em uma nota lida pela apresentadora após o vídeo.
Outra ordem expressa na TV Câmara, de acordo com funcionários, é sempre mostrar as galerias quando há votações contra o governo. Graças a isso, os brasileiros que estavam assistindo à votação da MP 664 pela TV Cãmara foram brindados com um “bundalelê” feito por um membro da Força Sindical. Enquanto isso, membros da CUT eram impedidos pelos seguranças de entrar nas dependências da Casa (leia aqui e aqui).
Uma conferência sobre liberdade de expressão também foi utilizada por Eduardo Cunha para criticar a ideia de regulamentação da mídia, que existe em vários países, como se fosse uma tentativa de “censura”, exatamente como os meios de comunicação privados fazem. “É uma coisa inaceitável a censura travestida de regulação. A Casa não só jamais dará acolhida mas sobretudo repudiará de forma veemente quaisquer tentativas que possam resvalar em aventuras autoritárias”, disse o presidente da Câmara.
Procurei o presidente da Câmara para falar do assunto e sua assessoria informou que ele não iria se pronunciar. Também procurei o deputado Cleber Verde e fui encaminhada ao diretor da TV Câmara, Pedro Noleto. Ele negou a ingerência de Eduardo Cunha na programação da televisão e disse que as múltiplas aparições do presidente da Câmara são “naturais” em virtude do cargo que ocupa. Também negou que deputados sejam alijados da programação por razões políticas e que não haja “outro lado” nas reportagens. “Sempre alguém vai reclamar, é impossível agradar a todos.”
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