Por Altamiro Borges
Bombardeada por todos os lados - agravamento da crise econômica, frágil base parlamentar, marchas golpistas, cruzada midiática, Lava-Jato, entre outros obstáculos -, a presidenta Dilma já fez inúmeras cedências para sobreviver. Para acalmar o "deus-mercado" e garantir governabilidade, ela montou um ministério esquizofrênico e baixou medidas de ajuste fiscal. Nada acalmou as forças oposicionistas e golpistas. Agora, em mais um gesto que tende a ser inócuo, o governo anuncia a redução do número de ministérios - de 39 para 29 - e o corte de mil cargos comissionados. A medida terá baixo impacto nas contas públicas, agravará as contradições com os partidos aliados, desagradará os movimentos sociais e ainda será sabotada e ridicularizada pela oposição midiática e partidária.
Em tempo: Já que o governo está preocupado com as contas públicas - cedendo aos apelos dos barões da mídia -, faço uma singela sugestão de corte. No final de junho, o repórter Fernando Rodrigues, do UOL, revelou que a Rede Globo e as cinco emissoras de propriedade do Grupo Globo (em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília e Recife) receberam um total de R$ 6,2 bilhões em publicidade estatal federal durante os 12 anos dos governos Lula (2003 a 2010) e Dilma (2011 a 2014).
O gasto é ainda maior se considerado os valores pagos às emissoras afiliadas. Bastam dois exemplos: a RBS, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, recebeu R$ 63,7 milhões de publicidade federal no mesmo período; já a TV Tem, maior afiliada da Globo no País, que tem como dono o "empresário" J. Hawilla, envolvido nos escândalos de corrupção na Fifa, faturou R$ 8,5 milhões de publicidade somente em 2014.
Que tal suspender a grana dos anúncios neste período de aperto das contas públicas? Vai dar menos dor de cabeça do que o corte dos ministérios e, certamente, a mídia não vai reclamar. Afinal, ela não defende o "Estado mínimo" e a austeridade fiscal?
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Leia também:
- Corte de ministérios é mais uma bola fora
- Austeridade fiscal e ofensiva ideológica
- A publicidade oficial na berlinda
- A desconcentração da publicidade oficial
- Publicidade do governo tem que mudar
Bombardeada por todos os lados - agravamento da crise econômica, frágil base parlamentar, marchas golpistas, cruzada midiática, Lava-Jato, entre outros obstáculos -, a presidenta Dilma já fez inúmeras cedências para sobreviver. Para acalmar o "deus-mercado" e garantir governabilidade, ela montou um ministério esquizofrênico e baixou medidas de ajuste fiscal. Nada acalmou as forças oposicionistas e golpistas. Agora, em mais um gesto que tende a ser inócuo, o governo anuncia a redução do número de ministérios - de 39 para 29 - e o corte de mil cargos comissionados. A medida terá baixo impacto nas contas públicas, agravará as contradições com os partidos aliados, desagradará os movimentos sociais e ainda será sabotada e ridicularizada pela oposição midiática e partidária.
A inesperada decisão foi anunciada nesta segunda-feira (24). Coube ao ministro Nelson Barbosa, do Planejamento, informar à imprensa o corte de 10 ministérios. Ele não citou quais seriam os extintos e apenas informou que a medida será adotada até final de setembro. Na sequência, em entrevista a três jornalões, a própria presidenta confirmou a iniciativa. De imediato, os líderes do PSDB, DEM, PPS e SD ironizaram o "atraso" do governo na adoção de uma bandeira defendida pela oposição na eleição do ano passado. Já a mídia tucana tratou de desmoralizar a decisão. Reportagem da Folha desta terça-feira (25), assinada por Marina Dias, Andréia Sadi e Valdo Cruz, insinua que Dilma foi oportunista:
"Pressionada pela crise que acomete seu governo, a presidente autorizou, às pressas, o corte de 10 de seus 39 ministérios até o fim de setembro, além de reduzir secretarias e cargos comissionados... Segundo a Folha apurou, a presidente foi aconselhada a não tentar 'faturar' em cima do anúncio visto que ela sempre resistiu aos cortes... Durante a campanha eleitoral do ano passado, Dilma criticou as propostas de redução do número de ministérios de seus adversários, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), e afirmou que quem defendia cortar pastas possuía 'imensa cegueira tecnocrática'. No entanto, com resultados negativos na economia e a pressão dos ministros de sua equipe econômica e de seu neoaliado, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), Dilma cedeu".
Já os comentaristas hidrófobos da Globo News fizeram as suas bolsas de apostas para antecipar quais pastas desaparecerão da Esplanada dos Ministérios em Brasília. Desenvolvimento Agrário, Igualdade Racial, Mulheres e Direitos Humanos, entre outras secretarias, já lideram a lista das extintas. "Essa configuração, porém, é muito criticada pelo PT, para quem o governo precisa acenar à esquerda ao invés de dar apenas sinais para o mercado com foco no ajuste fiscal", apimenta a Folha.
Mais cauteloso e imparcial, o veterano jornalista Janio de Freitas, do mesmo jornal, foi o que melhor resumiu os efeitos desta decisão surpreendente do Palácio do Planalto. "A redução do número de ministérios, além de não assegurar, por si só, a 'melhor gestão' invocada, tem efeito primordialmente político. Sob a forma de novos atritos". É tudo o que a oposição midiática e partidária deseja neste momento de turbulência política. A nova cedência de Dilma Rousseff, caso confirmada, poderá representar mais um tiro no pé da atual governante!
Mais cauteloso e imparcial, o veterano jornalista Janio de Freitas, do mesmo jornal, foi o que melhor resumiu os efeitos desta decisão surpreendente do Palácio do Planalto. "A redução do número de ministérios, além de não assegurar, por si só, a 'melhor gestão' invocada, tem efeito primordialmente político. Sob a forma de novos atritos". É tudo o que a oposição midiática e partidária deseja neste momento de turbulência política. A nova cedência de Dilma Rousseff, caso confirmada, poderá representar mais um tiro no pé da atual governante!
Em tempo: Já que o governo está preocupado com as contas públicas - cedendo aos apelos dos barões da mídia -, faço uma singela sugestão de corte. No final de junho, o repórter Fernando Rodrigues, do UOL, revelou que a Rede Globo e as cinco emissoras de propriedade do Grupo Globo (em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília e Recife) receberam um total de R$ 6,2 bilhões em publicidade estatal federal durante os 12 anos dos governos Lula (2003 a 2010) e Dilma (2011 a 2014).
O gasto é ainda maior se considerado os valores pagos às emissoras afiliadas. Bastam dois exemplos: a RBS, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, recebeu R$ 63,7 milhões de publicidade federal no mesmo período; já a TV Tem, maior afiliada da Globo no País, que tem como dono o "empresário" J. Hawilla, envolvido nos escândalos de corrupção na Fifa, faturou R$ 8,5 milhões de publicidade somente em 2014.
Que tal suspender a grana dos anúncios neste período de aperto das contas públicas? Vai dar menos dor de cabeça do que o corte dos ministérios e, certamente, a mídia não vai reclamar. Afinal, ela não defende o "Estado mínimo" e a austeridade fiscal?
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