Por Maurício Dias, na revista CartaCapital:
O juiz Sergio Moro, cuja fama corre o país, não esconde a aversão pela política. Ele próprio tornou-se, no entanto, peça importante no crescente do ativismo judicial. Ou seja, a ocupação pela Justiça de espaços políticos. Isso o leva, eventualmente, a cair no abismo das contradições. O magistrado, por exemplo, faz política porque não confia nos políticos, embora tenha lá suas simpatias partidárias.
Responsável pelos processos da Operação Lava Jato em primeira instância, Moro manifestou publicamente essa rejeição durante palestra recente feita na Procuradoria da República, em São Paulo. O tema dele, a lavagem de dinheiro e os ilícitos em torno dela, é monocórdio. E, nessas ocasiões, sempre se remete à Operação Mãos Limpas.
Como um bom escoteiro Moro está sempre alerta. Dorme de olhos abertos e parece assaltado por pesadelos: “O Brasil deve ficar atento às lições que vêm da Mãos Limpas”, disse ele na palestra.
Qual a dúvida do juiz Sergio Moro? A resposta está na continuidade do raciocínio do palestrante.
Segundo ele, passado o tempo, a classe política teria adotado medidas que reverteram os avanços da Operação Mãos Limpas.
A qual, se bem entendemos segundo Moro, teria redundado em fracasso, embora ditada pelos melhores propósitos. “O retrato é de uma grande oportunidade de mudança que se perdeu”, lamentou.
O jovem juiz não sabe do que está falando, trafega na névoa como um barco escocês ao largo da costa em uma madrugada de pleno inverno em meio a neblina e com uma avaria no apito. Não é difícil imaginar que Moro se refere ao vácuo criado pelo fim da chamada Primeira República italiana, e na ascensão de Berlusconi e do seu oportunismo. Mesmo assim, o Partido Democrata-Cristão e o Partido Socialista saíram do mapa, enquanto a esquerda mostrava sua qualidade moral: não houve um único envolvido do Partido Comunista, que nesse tempo contava com 34% dos votos e comandava as prefeituras da maioria dos municípios.
Aproximar a Operação Lava Jato da Mãos Limpas é uma iniciativa temerária, mesmo porque a delação premiada só foi aplicada no caso do combate às máfias, que nada tem a ver com a Mãos Limpas. Os ilícitos alcançaram políticos, empresários, lobistas, funcionários públicos. Houve entre os indiciados quem se matasse, em um lance de vergonha cívica, inimaginável nas nossas plagas. O líder socialista Bettino Craxi fugiu da Itália para evitar oito anos de prisão. Alguns dos líderes mais proeminentes do PDC sumiram de circulação.
Moro não está saciado pelos feitos promovidos por ele até o momento. Sustenta agora a necessidade de condenar “por dolo eventual”: o infrator assume o risco de compactuar uma prática potencialmente ilícita, ainda que não esteja ciente dessa ilicitude no momento em que aceita prestar o serviço.
A fonte desse conceito é a Idade Média. Faz sentido.
Responsável pelos processos da Operação Lava Jato em primeira instância, Moro manifestou publicamente essa rejeição durante palestra recente feita na Procuradoria da República, em São Paulo. O tema dele, a lavagem de dinheiro e os ilícitos em torno dela, é monocórdio. E, nessas ocasiões, sempre se remete à Operação Mãos Limpas.
Como um bom escoteiro Moro está sempre alerta. Dorme de olhos abertos e parece assaltado por pesadelos: “O Brasil deve ficar atento às lições que vêm da Mãos Limpas”, disse ele na palestra.
Qual a dúvida do juiz Sergio Moro? A resposta está na continuidade do raciocínio do palestrante.
Segundo ele, passado o tempo, a classe política teria adotado medidas que reverteram os avanços da Operação Mãos Limpas.
A qual, se bem entendemos segundo Moro, teria redundado em fracasso, embora ditada pelos melhores propósitos. “O retrato é de uma grande oportunidade de mudança que se perdeu”, lamentou.
O jovem juiz não sabe do que está falando, trafega na névoa como um barco escocês ao largo da costa em uma madrugada de pleno inverno em meio a neblina e com uma avaria no apito. Não é difícil imaginar que Moro se refere ao vácuo criado pelo fim da chamada Primeira República italiana, e na ascensão de Berlusconi e do seu oportunismo. Mesmo assim, o Partido Democrata-Cristão e o Partido Socialista saíram do mapa, enquanto a esquerda mostrava sua qualidade moral: não houve um único envolvido do Partido Comunista, que nesse tempo contava com 34% dos votos e comandava as prefeituras da maioria dos municípios.
Aproximar a Operação Lava Jato da Mãos Limpas é uma iniciativa temerária, mesmo porque a delação premiada só foi aplicada no caso do combate às máfias, que nada tem a ver com a Mãos Limpas. Os ilícitos alcançaram políticos, empresários, lobistas, funcionários públicos. Houve entre os indiciados quem se matasse, em um lance de vergonha cívica, inimaginável nas nossas plagas. O líder socialista Bettino Craxi fugiu da Itália para evitar oito anos de prisão. Alguns dos líderes mais proeminentes do PDC sumiram de circulação.
Moro não está saciado pelos feitos promovidos por ele até o momento. Sustenta agora a necessidade de condenar “por dolo eventual”: o infrator assume o risco de compactuar uma prática potencialmente ilícita, ainda que não esteja ciente dessa ilicitude no momento em que aceita prestar o serviço.
A fonte desse conceito é a Idade Média. Faz sentido.
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