Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
Por mais antigo e rodado que a gente seja, por mais aberrações humanas que já tenha visto, chega uma hora em que nos faltam palavras para definir certos fatos recentes.
O que aconteceu no velório de José Eduardo Dutra, ex-presidente do PT e da Petrobras, em Belo Horizonte, na segunda-feira, está entre estes casos. Não tem nem nome. É inominável. Tive que recorrer ao Dicionário Online de Português, que dá a seguinte definição:
"Diz-se do que não possui nome por não se conseguir definir nem qualificar. Figurado. Excessivamente abominável para ser nomeado; horroroso ou péssimo. (Etm. do latim: innominabilis.e).
Dutra morreu domingo, aos 58 anos, após uma longa luta contra o câncer de pele. Faz tempo estava afastado dos embates da política. Enquanto a família e amigos velavam seu corpo, ocupantes de um carro jogaram panfletos no local, em que se lia: "Petista bom é petista morto". É uma adaptação do lema do "Esquadrão da Morte", grupo de extermínio montado na época da ditadura militar. Os criminosos não foram identificados até o momento em que escrevo.
Na porta do velório, um cidadão chamado Cipriano de Oliveira, aposentado de 60 anos, justificava o ato criminoso: "Qualquer momento é momento de mandar um bandido embora. Até no enterro da minha mãe eu faria isso".
Ainda não era tudo. Outro panfleto mostrava uma fotomontagem com a presidente Dilma Rousseff sentada num vaso sanitário e a frase: "Só faz cagada". Num cartaz, ao lado de uma bandeira do Brasil, estava escrito: "Fora Lula de Minas. Sua hora também está chegando". O ex-presidente compareceu ao velório.
Em seu blog, minha colega Tereza Cruvinel recorreu à palavra vilipêndio para contar o que aconteceu em Belo Horizonte. É uma expressão antiga, que há tempos não ouvia. Define bem o que fizeram com o corpo do político morto, a exemplo do que vemos todos os dias em certos setores da nossa mídia desvairada e irresponsável, que incentiva este crescente clima de ódio e intolerância no nosso país.
Não há mais limites, hora nem lugar para a estupidez dessa gente se manifestar. Vivemos, acima de tudo, uma crise de falta de valores humanos, de caráter, de civilidade. É tudo muito triste.
O que aconteceu no velório de José Eduardo Dutra, ex-presidente do PT e da Petrobras, em Belo Horizonte, na segunda-feira, está entre estes casos. Não tem nem nome. É inominável. Tive que recorrer ao Dicionário Online de Português, que dá a seguinte definição:
"Diz-se do que não possui nome por não se conseguir definir nem qualificar. Figurado. Excessivamente abominável para ser nomeado; horroroso ou péssimo. (Etm. do latim: innominabilis.e).
Dutra morreu domingo, aos 58 anos, após uma longa luta contra o câncer de pele. Faz tempo estava afastado dos embates da política. Enquanto a família e amigos velavam seu corpo, ocupantes de um carro jogaram panfletos no local, em que se lia: "Petista bom é petista morto". É uma adaptação do lema do "Esquadrão da Morte", grupo de extermínio montado na época da ditadura militar. Os criminosos não foram identificados até o momento em que escrevo.
Na porta do velório, um cidadão chamado Cipriano de Oliveira, aposentado de 60 anos, justificava o ato criminoso: "Qualquer momento é momento de mandar um bandido embora. Até no enterro da minha mãe eu faria isso".
Ainda não era tudo. Outro panfleto mostrava uma fotomontagem com a presidente Dilma Rousseff sentada num vaso sanitário e a frase: "Só faz cagada". Num cartaz, ao lado de uma bandeira do Brasil, estava escrito: "Fora Lula de Minas. Sua hora também está chegando". O ex-presidente compareceu ao velório.
Em seu blog, minha colega Tereza Cruvinel recorreu à palavra vilipêndio para contar o que aconteceu em Belo Horizonte. É uma expressão antiga, que há tempos não ouvia. Define bem o que fizeram com o corpo do político morto, a exemplo do que vemos todos os dias em certos setores da nossa mídia desvairada e irresponsável, que incentiva este crescente clima de ódio e intolerância no nosso país.
Não há mais limites, hora nem lugar para a estupidez dessa gente se manifestar. Vivemos, acima de tudo, uma crise de falta de valores humanos, de caráter, de civilidade. É tudo muito triste.
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