Por Renato Rovai, em seu blog:
Emanuele tinha cinco anos e seu corpo acaba de ser encontrado a 70 km do local onde escapou da mão do pai que tentava resgatá-la junto com o seu irmãozinho.
O avô ainda se jogou no meio da lama para tentar salvá-la e viu seu corpo emergir duas vezes. Ouviu seus últimos gritos de socorro e desespero.
Ela não morreu por conta de uma fatalidade.
Não morreu por conta de uma doença rara.
Não morreu pelos desígnios do altíssimo.
Morreu porque a morte de uns está e sempre esteve na conta daqueles que tratam o mundo como seu pedaço de cobre, de zinco, de ouro. Como sua conta bancária.
Emanuele poderia se chamar Aylan. Poderia ter três anos. Poderia ser síria.
Tanto faz.
Emanuelle e tantas outras vítimas dessa e de tantas outras tragédias vão se tornar números.
E daqui a um tempo nos tribunais alguém vai dizer que o desastre poderia ter sido maior, não fosse os investimentos feitos pelos abutres que produziram o desastre.
E a roda vai rodar.
E Emanueles e Aylans ficarão pelo caminho.
O avô de Emanuelle diz que ainda ouve o grito final de desespero da neta.
Nós não.
Nós o esqueceremos com facilidade.
E tocaremos adiante.
Da mesma forma que já nos esquecemos da imagem de Aylan que tocou o mundo.
E nos esquecemos dos refugiados sírios e das crianças que continuam se afogando no Mediterrâneo.
Não somos macacos.
Mas não somos tão humanos quanto imaginamos.
Se assim fossemos hoje não estaríamos discutindo apenas o caos em Mariana. Mas tudo que envolve este pesar. As opções que temos feito e que estão nos levando a chafurdar na lama de um progresso que não vai pra frente.
De um progresso que não é para muitos.
De um progresso que acaba em lodo para a imensa maioria de todos nós.
Todos morreremos. O problema não é a morte, mas a forma como nossa humanidade vem sendo assassinada.
E o quanto temos sido cúmplices neste enredo.
Emanuele tinha cinco anos e seu corpo acaba de ser encontrado a 70 km do local onde escapou da mão do pai que tentava resgatá-la junto com o seu irmãozinho.
O avô ainda se jogou no meio da lama para tentar salvá-la e viu seu corpo emergir duas vezes. Ouviu seus últimos gritos de socorro e desespero.
Mas desde aquele momento em que a lama engoliu o subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana, nada mais se ouviu de Emanuele.
Ela não morreu por conta de uma fatalidade.
Não morreu por conta de uma doença rara.
Não morreu pelos desígnios do altíssimo.
Morreu porque a morte de uns está e sempre esteve na conta daqueles que tratam o mundo como seu pedaço de cobre, de zinco, de ouro. Como sua conta bancária.
Emanuele poderia se chamar Aylan. Poderia ter três anos. Poderia ser síria.
Tanto faz.
Emanuelle e tantas outras vítimas dessa e de tantas outras tragédias vão se tornar números.
E daqui a um tempo nos tribunais alguém vai dizer que o desastre poderia ter sido maior, não fosse os investimentos feitos pelos abutres que produziram o desastre.
E a roda vai rodar.
E Emanueles e Aylans ficarão pelo caminho.
O avô de Emanuelle diz que ainda ouve o grito final de desespero da neta.
Nós não.
Nós o esqueceremos com facilidade.
E tocaremos adiante.
Da mesma forma que já nos esquecemos da imagem de Aylan que tocou o mundo.
E nos esquecemos dos refugiados sírios e das crianças que continuam se afogando no Mediterrâneo.
Não somos macacos.
Mas não somos tão humanos quanto imaginamos.
Se assim fossemos hoje não estaríamos discutindo apenas o caos em Mariana. Mas tudo que envolve este pesar. As opções que temos feito e que estão nos levando a chafurdar na lama de um progresso que não vai pra frente.
De um progresso que não é para muitos.
De um progresso que acaba em lodo para a imensa maioria de todos nós.
Todos morreremos. O problema não é a morte, mas a forma como nossa humanidade vem sendo assassinada.
E o quanto temos sido cúmplices neste enredo.
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