Por Mariana Serafini, no site da Fundação Maurício Grabois:
O lançamento – que contou com a participação do vice-presidente do PCdoB, Walter Sorrentino, e do jornalista Palmério Dória – aconteceu na sede do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé com promoção da Fundação Maurício Grabois e da Editorial 22, responsável pela publicação.
“Sou uma velha chata comunista”, disse Teresa. No entanto, a única verdade desta frase diz respeito ao comunismo, porque de resto, a escritora está longe de ser chata e suas ideias arejadas a mantém uma simpática jovem com vasta bagagem para compartilhar. Professora de Geografia política e Economia na Universidade de Milão, seu livro traz à luz um recorte muito específico sobre a participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial: a contribuição da Força Expedicionária Brasileira (FEB)no combate ao nazifacismo, necessariamente a participação dos 25 mil soldados enviados à Itália.
Segundo Teresa, sua obra faz um recorte sobre a situação em que se encontrava a Itália no momento em que recebeu os soldados brasileiros (grande parte deles civis e pobres) e, especificamente os aspectos das regiões onde eles combateram: “no litoral da Toscana e nas montanhas de Bologna”. O livro traz um imenso apanhado de dados e materiais sobre a guerra e as articulações políticas que levaram o Brasil ao combate. Além disso, é bastante ilustrado com fotografias e cartas.
O que motivou Teresa a fazer uma pesquisa tão específica sobre o Brasil foi a necessidade que a Itália tem, segundo ela, de pagar uma divida com os povos do mundo que se dispuseram a contribuir na luta pela liberdade, contra o fascismo. “A FEB não foi uma operação militar, eles partiram como militares, mas tiveram uma participação fundamental na luta anti-fascista e anti-nazista. Foram as Forças Armadas do Brasil que se apossaram da construção da história da FEB”, esclareceu a autora.
Ela, que tem uma relação muito próxima com o Brasil, diz que a população brasileira não tem percepção da magnitude da nação, e tampouco da importância geopolítica. “O Brasil tem uma posição importante nas Nações Unidas, por exemplo, e essa importância não é totalmente percebida. A minha impressão é que a população vive ainda como se fosse uma ilha, e isso afeta a autoestima. O Brasil é um país com importância mundial significativa”, defendeu.
Para Teresa é muito grave o fato de as Forças Armadas do Brasil terem tomado para si a história da FEB, porque a expedição enviada por Getúlio Vargas para combater o fascismo na Itália fornece argumentos para abrir reflexões de importantes interpretações históricas e pode “influenciar na democracia do país porque a construção da democracia é constante e tem que ser construída tanto no Brasil quanto na Itália”.
Palmério diz que o livro é “encantador” e ajuda a entender as manobras de Getúlio e seu ministro das Relações Exteriores, Osvaldo Aranha, em meio a um “ninho de cobras”, quando o conflito militar global eclodiu. Sorrentino, por sua vez, qualifica a obra como “indispensável” pra compreender este período histórico, devido à pesquisa profunda e à riqueza de detalhes.
“Teresa, implacável e arguta, analisa com lupa todos esses acontecimentos, que nos deixaram sequelas terríveis. Mas, como italiana de coração brasileiro, se desdobra em resgatar a campanha dos 25 mil soldados da FEB na Itália. Recupera cartas, ouve depoimentos carinhosos sobre a nossa presença, confirma que até hoje somos tidos como 'boas praças' por lá. O mesmo não se pode dizer da alta oficialidade, entregue a um torneio de vaidades, lustrando sua biografia, incapaz de assumir seus erros”, diz Palmério na apresentação da obra.
“O livro é muito preciso porque analisa o contexto que levou o Brasil a entrar na guerra. Teresa aborda as pessoas, as famílias que viveram a guerra e travaram contato, italianos de um lado, brasileiros de outro. Poucos de nós conhece a história da FEB tamanho foi o domínio ideológico, que para muitos parece um simulacro”, disse Sorrentino.
Segundo ele, para o Brasil avançar com soberania e liberdade, é fundamental que este período histórico seja destrinchado, até porque a atuação dos brasileiros foi muito marcada pela amizade com o povo italiano. “O que mais se destacou foi a vontade dos brasileiros de se integrar, de ajudar, de alegrar, os brasileiros eram vistos desta maneira e Teresa é uma patriota de duas pátrias”.
O Brasil foi o único país da América Latina a assumir a responsabilidade de combater na guerra, Sorrentino acredita que esta ação foi importante para a imposição geopolítica do país e se deve a Osvaldo Aranha e a Getúlio “que foi um grande estadista brasileiro”. O dirigente comunista acredita que esta luta, iniciada pelos brasileiros contra o fascismo italiano, continua nos dias de hoje com outras faces: trata-se da luta pela soberania, contra a globalização neoliberal que liquida a identidade dos países.
“Essa luta é mais atual que nunca porque isso que se chama de 'globalização financeira imperialista' é a tentativa de suprimir o caráter nacional das sociedades, suprimir os direitos dos trabalhadores e, por fim, a própria democracia. Essa manobra desmoraliza a política porque quem manda na sociedade são os poderes financeiros, ou seja, o mundo vai conhecendo a barbárie e cabe a nós, comunistas, seguir uma luta social pela soberania. A Era Vargas não foi enterrada, ela precisa ser regatada pelas forças progressistas e de esquerda”, incitou Sorrentino.
A escritora italiana Teresa Isenburg esteve no Brasil, nesta terça-feira (3), para lançar sua última obra O Brasil na Segunda Guerra Mundial, traduzida para o português. Segundo ela, o livro é uma tentativa de “honrar a dívida” da Itália com o povo brasileiro que se dispôs a contribuir na luta contra o fascismo.
O lançamento – que contou com a participação do vice-presidente do PCdoB, Walter Sorrentino, e do jornalista Palmério Dória – aconteceu na sede do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé com promoção da Fundação Maurício Grabois e da Editorial 22, responsável pela publicação.
“Sou uma velha chata comunista”, disse Teresa. No entanto, a única verdade desta frase diz respeito ao comunismo, porque de resto, a escritora está longe de ser chata e suas ideias arejadas a mantém uma simpática jovem com vasta bagagem para compartilhar. Professora de Geografia política e Economia na Universidade de Milão, seu livro traz à luz um recorte muito específico sobre a participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial: a contribuição da Força Expedicionária Brasileira (FEB)no combate ao nazifacismo, necessariamente a participação dos 25 mil soldados enviados à Itália.
Segundo Teresa, sua obra faz um recorte sobre a situação em que se encontrava a Itália no momento em que recebeu os soldados brasileiros (grande parte deles civis e pobres) e, especificamente os aspectos das regiões onde eles combateram: “no litoral da Toscana e nas montanhas de Bologna”. O livro traz um imenso apanhado de dados e materiais sobre a guerra e as articulações políticas que levaram o Brasil ao combate. Além disso, é bastante ilustrado com fotografias e cartas.
O que motivou Teresa a fazer uma pesquisa tão específica sobre o Brasil foi a necessidade que a Itália tem, segundo ela, de pagar uma divida com os povos do mundo que se dispuseram a contribuir na luta pela liberdade, contra o fascismo. “A FEB não foi uma operação militar, eles partiram como militares, mas tiveram uma participação fundamental na luta anti-fascista e anti-nazista. Foram as Forças Armadas do Brasil que se apossaram da construção da história da FEB”, esclareceu a autora.
Ela, que tem uma relação muito próxima com o Brasil, diz que a população brasileira não tem percepção da magnitude da nação, e tampouco da importância geopolítica. “O Brasil tem uma posição importante nas Nações Unidas, por exemplo, e essa importância não é totalmente percebida. A minha impressão é que a população vive ainda como se fosse uma ilha, e isso afeta a autoestima. O Brasil é um país com importância mundial significativa”, defendeu.
Para Teresa é muito grave o fato de as Forças Armadas do Brasil terem tomado para si a história da FEB, porque a expedição enviada por Getúlio Vargas para combater o fascismo na Itália fornece argumentos para abrir reflexões de importantes interpretações históricas e pode “influenciar na democracia do país porque a construção da democracia é constante e tem que ser construída tanto no Brasil quanto na Itália”.
Palmério diz que o livro é “encantador” e ajuda a entender as manobras de Getúlio e seu ministro das Relações Exteriores, Osvaldo Aranha, em meio a um “ninho de cobras”, quando o conflito militar global eclodiu. Sorrentino, por sua vez, qualifica a obra como “indispensável” pra compreender este período histórico, devido à pesquisa profunda e à riqueza de detalhes.
“Teresa, implacável e arguta, analisa com lupa todos esses acontecimentos, que nos deixaram sequelas terríveis. Mas, como italiana de coração brasileiro, se desdobra em resgatar a campanha dos 25 mil soldados da FEB na Itália. Recupera cartas, ouve depoimentos carinhosos sobre a nossa presença, confirma que até hoje somos tidos como 'boas praças' por lá. O mesmo não se pode dizer da alta oficialidade, entregue a um torneio de vaidades, lustrando sua biografia, incapaz de assumir seus erros”, diz Palmério na apresentação da obra.
“O livro é muito preciso porque analisa o contexto que levou o Brasil a entrar na guerra. Teresa aborda as pessoas, as famílias que viveram a guerra e travaram contato, italianos de um lado, brasileiros de outro. Poucos de nós conhece a história da FEB tamanho foi o domínio ideológico, que para muitos parece um simulacro”, disse Sorrentino.
Segundo ele, para o Brasil avançar com soberania e liberdade, é fundamental que este período histórico seja destrinchado, até porque a atuação dos brasileiros foi muito marcada pela amizade com o povo italiano. “O que mais se destacou foi a vontade dos brasileiros de se integrar, de ajudar, de alegrar, os brasileiros eram vistos desta maneira e Teresa é uma patriota de duas pátrias”.
O Brasil foi o único país da América Latina a assumir a responsabilidade de combater na guerra, Sorrentino acredita que esta ação foi importante para a imposição geopolítica do país e se deve a Osvaldo Aranha e a Getúlio “que foi um grande estadista brasileiro”. O dirigente comunista acredita que esta luta, iniciada pelos brasileiros contra o fascismo italiano, continua nos dias de hoje com outras faces: trata-se da luta pela soberania, contra a globalização neoliberal que liquida a identidade dos países.
“Essa luta é mais atual que nunca porque isso que se chama de 'globalização financeira imperialista' é a tentativa de suprimir o caráter nacional das sociedades, suprimir os direitos dos trabalhadores e, por fim, a própria democracia. Essa manobra desmoraliza a política porque quem manda na sociedade são os poderes financeiros, ou seja, o mundo vai conhecendo a barbárie e cabe a nós, comunistas, seguir uma luta social pela soberania. A Era Vargas não foi enterrada, ela precisa ser regatada pelas forças progressistas e de esquerda”, incitou Sorrentino.
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