Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Quem esperava um Lula acuado na entrevista que concedeu ao jornalista Kennedy Alencar nesta quinta-feira no SBT, deve ter tomado um susto.
Sereno e bem-humorado, o ex-presidente articulou bem as palavras, mostrou - com convicção flagrante - indignação com as acusações que lhe são feitas e, de quebra, lembrou fatos que o distinto público não está acostumado a ver.
A dupla de apresentadores do Jornal do SBT (Sheherazade e um outro de quem ninguém lembra o nome), no intervalo entre a primeira e a segunda partes da entrevista, ainda tentou prejudicá-lo.
A dupla destacou que Lula “Diz que não tem medo de ser preso”, como se sua prisão fosse iminente. Na verdade, tratava-se de resposta do ex-presidente a alusão do entrevistador a declaração do seu ex-chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, de que pretendem “prendê-lo” para impedir que se candidate em 2018.
Lula fez o que melhor sabe, mostrou emoção e indignação diante da enormidade de tal hipótese. Mas melhor ainda foi a tranquilidade que demonstrou ante a artilharia do entrevistador.
Perguntado pelo entrevistador se poderia ser candidato em 2018 só para barrar a volta da “oposição” ao poder, matou a pau ao responder que só será candidato se tudo que construiu em seu governo estiver em risco.
Se Lula nunca tivesse governado o país, essa fala não teria tanto sentido. Mas com o recall que sua imagem no vídeo provocou – lembrança de como as pessoas melhoraram de vida durante seus dois mandatos -, a frase tem uma significação imensa para o público do SBT, composto, majoritariamente, pelas classes C e D.
Perguntado se não teria que saber de tudo que se passava em seu governo, recorreu às metáforas que o tornaram o presidente mais bem avaliado da história brasileira em um final de mandato: “Quantas vezes, Kennedy, você não sabe nem o que os seus filhos estão fazendo dentro da sua casa”.
Perfeito. Esse tipo de metáfora fala mais ao homem da multidão do que qualquer discurso empolado.
Perguntado sobre o volume de casos de corrupção no Brasil que vem sendo revelado, lembrou que tudo isso só está vindo a público porque hoje, ao contrário do que acontecia antes, tudo é investigado, doa a quem doer.
Por fim, confrontado com declarações desairosas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre si, vale mais traduzir o que ele deixou transparecer na resposta do que suas palavras literais. Em síntese, disse ao público que FHC o ataca porque tem inveja de ele ter terminado seu mandato com 80% de aprovação enquanto que o tucano terminou seu governo ao rés do chão.
Qualquer um poderia ter dado as respostas que Lula deu. Todos os que acompanham política sabiam o que seria perguntado e o que ele responderia. O importante, porém, não é o que foi dito pelo ex-presidente, mas a forma como foi dito e por quem foi dito.
Ainda que a direita midiática ache que é possível simplesmente fazer sumir da cabeça das pessoas o que representaram os oito anos de governo Lula para a esmagadora maioria dos brasileiros, isso é impossível. O povo pode ter memória curta, mas não é retardado.
Ao fim da entrevista, ressurge a dupla de apresentadores. Ambos lívidos, desconcertados, vendo que o Lula que tinham acabado de ouvir definitivamente não era o que esperavam.
A cara de abatimento de Sheherazade, ao anunciar as notícias do próximo bloco do telejornal após o fim da entrevista de Lula, disse tudo.
Quem esperava um Lula acuado na entrevista que concedeu ao jornalista Kennedy Alencar nesta quinta-feira no SBT, deve ter tomado um susto.
Sereno e bem-humorado, o ex-presidente articulou bem as palavras, mostrou - com convicção flagrante - indignação com as acusações que lhe são feitas e, de quebra, lembrou fatos que o distinto público não está acostumado a ver.
A dupla de apresentadores do Jornal do SBT (Sheherazade e um outro de quem ninguém lembra o nome), no intervalo entre a primeira e a segunda partes da entrevista, ainda tentou prejudicá-lo.
A dupla destacou que Lula “Diz que não tem medo de ser preso”, como se sua prisão fosse iminente. Na verdade, tratava-se de resposta do ex-presidente a alusão do entrevistador a declaração do seu ex-chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, de que pretendem “prendê-lo” para impedir que se candidate em 2018.
Lula fez o que melhor sabe, mostrou emoção e indignação diante da enormidade de tal hipótese. Mas melhor ainda foi a tranquilidade que demonstrou ante a artilharia do entrevistador.
Perguntado pelo entrevistador se poderia ser candidato em 2018 só para barrar a volta da “oposição” ao poder, matou a pau ao responder que só será candidato se tudo que construiu em seu governo estiver em risco.
Se Lula nunca tivesse governado o país, essa fala não teria tanto sentido. Mas com o recall que sua imagem no vídeo provocou – lembrança de como as pessoas melhoraram de vida durante seus dois mandatos -, a frase tem uma significação imensa para o público do SBT, composto, majoritariamente, pelas classes C e D.
Perguntado se não teria que saber de tudo que se passava em seu governo, recorreu às metáforas que o tornaram o presidente mais bem avaliado da história brasileira em um final de mandato: “Quantas vezes, Kennedy, você não sabe nem o que os seus filhos estão fazendo dentro da sua casa”.
Perfeito. Esse tipo de metáfora fala mais ao homem da multidão do que qualquer discurso empolado.
Perguntado sobre o volume de casos de corrupção no Brasil que vem sendo revelado, lembrou que tudo isso só está vindo a público porque hoje, ao contrário do que acontecia antes, tudo é investigado, doa a quem doer.
Por fim, confrontado com declarações desairosas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre si, vale mais traduzir o que ele deixou transparecer na resposta do que suas palavras literais. Em síntese, disse ao público que FHC o ataca porque tem inveja de ele ter terminado seu mandato com 80% de aprovação enquanto que o tucano terminou seu governo ao rés do chão.
Qualquer um poderia ter dado as respostas que Lula deu. Todos os que acompanham política sabiam o que seria perguntado e o que ele responderia. O importante, porém, não é o que foi dito pelo ex-presidente, mas a forma como foi dito e por quem foi dito.
Ainda que a direita midiática ache que é possível simplesmente fazer sumir da cabeça das pessoas o que representaram os oito anos de governo Lula para a esmagadora maioria dos brasileiros, isso é impossível. O povo pode ter memória curta, mas não é retardado.
Ao fim da entrevista, ressurge a dupla de apresentadores. Ambos lívidos, desconcertados, vendo que o Lula que tinham acabado de ouvir definitivamente não era o que esperavam.
A cara de abatimento de Sheherazade, ao anunciar as notícias do próximo bloco do telejornal após o fim da entrevista de Lula, disse tudo.
2 comentários:
Apesar da vontade de ver o Lula em ação, a ideia de ficar olhando pra Cherazeda e pro PLaymobil me deixa totalmente brochado.
Sem dúvida o que causou desconforto e espanto nos apresentadores foi o aumento exponencial da audiência do folhetim burlesco do SBT, apelidado de jornalismo. Saiu de um patamar de 3% de audiéncia e alcançou 18% em momentos que Lula falava.
Isso desconstrói a percepção falseada de impopularidade do ex presidente.
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