Despedida de Cristina Kirchner. Plaza de Mayo, Buenos Aires/Actualidad.RT |
A mobilização estava marcada para 18h na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada. Ali, na quarta-feira (09/12), militantes e simpatizantes, famílias com bebês, jovens, idosos e crianças se aproximavam da sede do governo argentino onde, horas mais tarde, Cristina Fernández de Kirchner discursou como presidente pela última vez.
Em tom épico, enquanto a multidão entoava - como durante toda a tarde - “vamos voltar, nós vamos voltar”, a mandatária se despediu com um chamado: “Cada um de vocês tem um dirigente dentro de si. Quando vocês sentirem que aqueles a quem confiaram seus votos os traíram, tomem suas bandeiras e saibam quem é o dirigente de seu destino e o construtor de sua vida. Porque foi esse meu maior legado ao povo argentino: o empoderamento popular, cidadão, das liberdades, dos direitos”.
“À meia-noite viro abóbora”
Cristina, cujo mandato terminou - por decisão judicial - às 23:59h de ontem, fez piada com o inusitado fim de seu governo. “Não posso falar muito porque à meia-noite viro abóbora”. Cristina não participará da posse de Mauricio Macri nesta quinta (10/12). O presidente eleito vai receber o bastão e a faixa das mãos de Federico Pinedo, seu aliado e presidente provisório do Senado, que ocupará a Casa Rosada durante as 12 horas que separam o fim do governo de Kirchner e a ascensão de Macri.
Cristina Kirchner alternou bom humor, como no momento em que trocou declarações de amor com seu neto, Néstor Ivan, e o tom provocador que lhe é característico, como quando afirmou que “se com tanto ataque contra nós fizemos tantas coisas pelos argentinos, quantas poderão fazer aqueles que têm tantos fatores a seu favor. Tenhamos muita fé e muita esperança”.
Com a presença do presidente boliviano, Evo Morales, Cristina inaugurou um busto de Néstor Kirchner, seu falecido marido e ex-presidente (2003-2007). Em seguida, subiu a um palco montado em frente à Casa Rosada, que ocupou por oito anos. Em seu discurso, destacou o ineditismo de um quarto governo constitucional consecutivo na história argentina e aproveitou o assunto da transmissão de poder para disparar contra vários de seus oponentes políticos ao mesmo tempo: o Grupo Clarín, alguns setores do Judiciário e o presidente eleito Mauricio Macri.
“Presidente cautelar”
“Gostaria de poder entregar os atributos presidenciais diante da Assembleia Legislativa, órgão máximo popular e federal do nosso país. E a verdade é que eu vi muitas medidas cautelares: contra a Lei de Meios, contra decretos do Poder Executivo. Mas posso garantir que nunca nessa vida imaginei que fosse haver um presidente cautelar durante 12 horas no meu país”, disse Cristina.
Em tom épico, enquanto a multidão entoava - como durante toda a tarde - “vamos voltar, nós vamos voltar”, a mandatária se despediu com um chamado: “Cada um de vocês tem um dirigente dentro de si. Quando vocês sentirem que aqueles a quem confiaram seus votos os traíram, tomem suas bandeiras e saibam quem é o dirigente de seu destino e o construtor de sua vida. Porque foi esse meu maior legado ao povo argentino: o empoderamento popular, cidadão, das liberdades, dos direitos”.
“À meia-noite viro abóbora”
Cristina, cujo mandato terminou - por decisão judicial - às 23:59h de ontem, fez piada com o inusitado fim de seu governo. “Não posso falar muito porque à meia-noite viro abóbora”. Cristina não participará da posse de Mauricio Macri nesta quinta (10/12). O presidente eleito vai receber o bastão e a faixa das mãos de Federico Pinedo, seu aliado e presidente provisório do Senado, que ocupará a Casa Rosada durante as 12 horas que separam o fim do governo de Kirchner e a ascensão de Macri.
Cristina Kirchner alternou bom humor, como no momento em que trocou declarações de amor com seu neto, Néstor Ivan, e o tom provocador que lhe é característico, como quando afirmou que “se com tanto ataque contra nós fizemos tantas coisas pelos argentinos, quantas poderão fazer aqueles que têm tantos fatores a seu favor. Tenhamos muita fé e muita esperança”.
Com a presença do presidente boliviano, Evo Morales, Cristina inaugurou um busto de Néstor Kirchner, seu falecido marido e ex-presidente (2003-2007). Em seguida, subiu a um palco montado em frente à Casa Rosada, que ocupou por oito anos. Em seu discurso, destacou o ineditismo de um quarto governo constitucional consecutivo na história argentina e aproveitou o assunto da transmissão de poder para disparar contra vários de seus oponentes políticos ao mesmo tempo: o Grupo Clarín, alguns setores do Judiciário e o presidente eleito Mauricio Macri.
“Presidente cautelar”
“Gostaria de poder entregar os atributos presidenciais diante da Assembleia Legislativa, órgão máximo popular e federal do nosso país. E a verdade é que eu vi muitas medidas cautelares: contra a Lei de Meios, contra decretos do Poder Executivo. Mas posso garantir que nunca nessa vida imaginei que fosse haver um presidente cautelar durante 12 horas no meu país”, disse Cristina.
Assim como falou a seus detratores, Cristina também nomeou seus principais interlocutores: seus aliados na política regional, como Hugo Chávez, Lula e o próprio Evo, e também os destinatários de políticas que ela destacou de seu governo. Durante os 40 minutos em que discursou, dirigiu-se aos jovens, aos aposentados, aos universitários, aos trabalhadores, às famílias beneficiárias da AUH (Concessão Universal por Filho), bem como às ONGs de direitos humanos.
“Podemos olhar nos olhos das Mães e Avós da Praça de Maio, dos filhos. Demos resposta à demanda histórica de memória, verdade e justiça”, afirmou.
Emoção e angústia
As “parrillas”, espécie de churrasqueira popular na Argentina, levantavam fumaça e as pessoas dançavam, riam, choravam e cantavam enquanto comiam “asado”. O que se viu na despedida da primeira mulher eleita presidente na história do país foi uma típica festa peronista, popular, em que apareciam tanto bandeiras, quanto cartazes artesanais com mensagens de carinho para a mandatária.
Para simpatizantes reunidos na Praça de Maio, escutar a mandatária trazia sentimentos encontrados. Entre a emoção e a angústia “com o que Macri representa e que podemos advertir pelo gabinete que nomeou”, a estudante de comunicação social Florencia Bueno, 28, afirmou que o kirchnerismo “desnudou o papel dos meios de comunicação em operações políticas e nos ensinou a discernir entre o que é correto e o que é errado”.
Florencia, que carregava um cartaz onde dizia “obrigada, morena”, destaca o que Cristina diria horas mais tarde no momento de concluir seu discurso: que o “empoderamento do povo” é a grande herança do kirchnerismo.
Visivelmente emocionado, o professor Enzo Forti, 40, acredita que “para além das convicções pessoais, o que está por acontecer na Argentina não vai ser bom para ninguém”. Ele defende que a inclusão social é o maior legado kirchnerista e não contém as lágrimas ao dizer que Cristina será lembrada como a personificação dessa Praça de Maio, onde “uma multidão unida, sem distinção de classe” foi homenageá-la em seu último dia de governo.
A artista Daiana Rols, 35, também estava dividida entre a “angústia e a incerteza” e “a força que Cristina me ensinou a ter”. Ela disse que a agora ex-presidente será “uma companheira”, que ensinou os argentinos “a não abaixar os braços, a seguir resistindo.”
“Olhar nos olhos”
Cristina Kirchner fechou seu discurso com um desafio ao próximo presidente. “Espero que dentro de quatro anos aquele que tem a responsabilidade de conduzir os destinos da pátria possa, diante de uma praça como esta, dizer a todos os argentinos que também pode olhá-los nos olhos”.
Em seu discurso, a mandatária ainda concluiu com um agradecimento à multidão “por tanta felicidade, por tanta alegria, por tanto amor. Levo vocês sempre em meu coração e sempre vou estar junto a vocês”.
“Podemos olhar nos olhos das Mães e Avós da Praça de Maio, dos filhos. Demos resposta à demanda histórica de memória, verdade e justiça”, afirmou.
Emoção e angústia
As “parrillas”, espécie de churrasqueira popular na Argentina, levantavam fumaça e as pessoas dançavam, riam, choravam e cantavam enquanto comiam “asado”. O que se viu na despedida da primeira mulher eleita presidente na história do país foi uma típica festa peronista, popular, em que apareciam tanto bandeiras, quanto cartazes artesanais com mensagens de carinho para a mandatária.
Para simpatizantes reunidos na Praça de Maio, escutar a mandatária trazia sentimentos encontrados. Entre a emoção e a angústia “com o que Macri representa e que podemos advertir pelo gabinete que nomeou”, a estudante de comunicação social Florencia Bueno, 28, afirmou que o kirchnerismo “desnudou o papel dos meios de comunicação em operações políticas e nos ensinou a discernir entre o que é correto e o que é errado”.
Florencia, que carregava um cartaz onde dizia “obrigada, morena”, destaca o que Cristina diria horas mais tarde no momento de concluir seu discurso: que o “empoderamento do povo” é a grande herança do kirchnerismo.
Visivelmente emocionado, o professor Enzo Forti, 40, acredita que “para além das convicções pessoais, o que está por acontecer na Argentina não vai ser bom para ninguém”. Ele defende que a inclusão social é o maior legado kirchnerista e não contém as lágrimas ao dizer que Cristina será lembrada como a personificação dessa Praça de Maio, onde “uma multidão unida, sem distinção de classe” foi homenageá-la em seu último dia de governo.
A artista Daiana Rols, 35, também estava dividida entre a “angústia e a incerteza” e “a força que Cristina me ensinou a ter”. Ela disse que a agora ex-presidente será “uma companheira”, que ensinou os argentinos “a não abaixar os braços, a seguir resistindo.”
“Olhar nos olhos”
Cristina Kirchner fechou seu discurso com um desafio ao próximo presidente. “Espero que dentro de quatro anos aquele que tem a responsabilidade de conduzir os destinos da pátria possa, diante de uma praça como esta, dizer a todos os argentinos que também pode olhá-los nos olhos”.
Em seu discurso, a mandatária ainda concluiu com um agradecimento à multidão “por tanta felicidade, por tanta alegria, por tanto amor. Levo vocês sempre em meu coração e sempre vou estar junto a vocês”.
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