domingo, 20 de dezembro de 2015

FHC será chamado a depor sobre “petrolão”?

Por Altamiro Borges

Na quinta-feira (17), a Polícia Federal deflagrou a chamada Operação Sangue Negro, que investiga pagamentos de propinas e desvios de recursos da Petrobras desde o triste reinado do grão-tucano FHC (1995-2002). O montante furtado é superior a U$ 42 milhões. O alvo da ação é a multinacional holandesa SBM, que fez repasses para executivos da Petrobras em contas offshore no exterior referentes a oito contratos mantidos com a estatal. Diante desta bombástica revelação fica a pergunta: o ex-presidente, que adora posar de vestal da ética e lidera a conspiração golpista pelo impeachment de Dilma, será chamado a depor pelo midiático juiz Sérgio Moro? Ou, mais uma vez, ficará confirmada a tese de que basta se filiar ao PSDB para não ser investigado, condenado e, muito menos, preso no Brasil?

Segundo relato da própria Folha tucana, os valores das propinas chegavam a 3% do valor total dos contratos. “Quatro mandados de prisão foram expedidos, sendo dois contra os ex-diretores da Petrobras que já se encontram presos: Jorge Zelada e Renato Duque. Outro mandado cumprido é contra Paulo Roberto Buarque Carneiro, que atuava como membro de uma das comissões de licitação da estatal. Ele foi preso em Angra dos Reis, no litoral fluminense. Um quarto mandado de prisão ainda não foi cumprido e está em nome do americano Robert Zubiat, executivo da SBM denunciado por corrupção e associação criminosa. Ele é um dos vice-presidentes da empresa. Por residir nos Estados Unidos, foi solicitado pela Procuradoria que seu nome seja inserido no alerta vermelho da Interpol”.

A investigação realizada pelo Ministério Público Federal concluiu que o pagamento das propinas começou em 1997 e seguiu de forma ininterrupta até 2012, quando uma nova direção assumiu o comando da SBM, na Holanda. “Na ocasião, chegou a denúncia à empresa de que propinas estavam sendo pagas em negócios na África. A SBM então decidiu suspender o pagamento aos agentes de vendas, fonte de corrupção na África e no Brasil. Os negócios entre o representante da SBM no Brasil, o lobista Julio Faerman, e a Petrobras começaram em 1995. A Procuradoria não tem qualquer prova de que o esquema tenha começado naquele ano. ‘O marco que alcançamos foi 1997’, disse o procurador Leonardo Chaves”.

A Folha, sempre tão dócil e servil diante do ex-presidente tucano, informa que procurou a assessoria de FHC, “mas ela disse que não iria se manifestar”. Se a chamada Operação Lava-Jato fosse realmente séria e imparcial – e não um instrumento seletivo de luta política –, o principal conspirador golpista da atualidade teria uma velhice bastante conturbada. Não pegaria cadeia, já que passou da idade. Mas poderia ter sua máscara de vestal da ética tão enlameada quanto Mariana, a cidade mineira destruída pela privatizada Vale – outro crime cometido por FHC.

Em tempo: A sorte dos tucanos de alta plumagem é que eles contam com a complacência do Judiciário e a cumplicidade da mídia. Na semana passada, o mineiro Eduardo Azeredo – ex-governador, ex-senador, ex-presidente nacional do PSDB e amigão do cambaleante Aécio Neves – foi condenado em primeira instância a 20 anos e 10 meses de prisão em decorrência das investigações do “mensalão tucano” – que a mídia venal chama carinhosamente de “mensalão mineiro”. O assunto, porém, já sumiu do noticiário. Não foi manchete dos jornalões, não foi motivo de comentários hidrófobos dos “calunistas” de rádio e tevê e não deu capa na “Veja” desta semana – que até publicou poucas linhas para justificar o seu patético silêncio. Tudo indica que Eduardo Azeredo já morreu – o que reforça a piada de que tucanos não vão para a cadeia. São todos santos!

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