Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
Um dos maiores erros da presidente Dilma no início do segundo mandato foi ter mantido Aluizio Mercadante no Gabinete Civil e a coordenação política com o vice Michel Temer. Não funcionou, como se viu, e isso não depõe contra a capacidade política e intelectual deles. Eram pessoas erradas no lugar errado e na hora errada. Os dois não se bicavam, Mercadante estava desgastado junto aos aliados e Temer amargurado, como se viu depois por sua carta.
O maior acerto de Dilma, na reforma ministerial, foi ter substituído Mercadante por Jacques Wagner e ter transferido a coordenação política para Ricardo Berzoini. Os dois atuam em fina sintonia, e só isso já é um tento. Berzoini já havia demonstrado, na primeira passagem pelo cargo, habilidade para lidar com os partidos da coalizão. Wagner, além da facilidade para dialogar e articular, e da confiança que inspira aos aliados, vem se revelando também um eficiente grilo falante para Dilma.
Presidentes não podem dizer tudo o que precisa ser dito pela própria boca. Precisam de grilos falantes, que são mais que porta-vozes oficiais, destes que emitem declarações oficiais, geralmente burocráticas e protocolares. O grilo falante é outra coisa. Precisa ter estatura política suficiente para convencer a todos de que fala aquilo que o presidente pensa, embora sem declarar isso. Precisa também de credibilidade e de autonomia para falar, mesmo sem consulta prévia ao governante a que serve. Com Dilma isso não é fácil, ela delega pouco e reclama muito de iniciativas de auxiliares. Mas com Wagner tem funcionado, e isso a tem ajudado.
Quem, além de Lula, ousaria dizer, como fez ele na entrevista do dia 2 à Folha, que o PT se lambuzou no poder ao reproduzir métodos da velha política que combateu? Na série de mensagens desta segunda-feira pelo twitter Wagner não só atacou Eduardo Cunha e o pedido de impeachment, “fruto de uma vingança”, assegurando que ele será enterrado ainda na Câmara. "Eu, a presidenta Dilma e todo o governo estamos confiantes de que o processo de impeachment não sobreviverá aos primeiros testes na Câmara".
Reconheceu erros do governo, o que muita gente gostaria de ouvir, com mais ênfase, da boca de Dilma mas quando é Wagner que o faz, é como se fosse ela. "Temos plena consciência de alguns erros que cometemos e das dificuldades que precisamos vencer na economia."
Para um governo que sempre teve dificuldades em se comunicar, e cuja presidente não tem o dom da palavra, como seu antecessor, a atuação de Wagner como “vocero” político é um achado, embora palavras não movam moinhos. Para enterrar o impeachment, depois que o Supremo colocou ordem no ritual, o governo terá que mapear as ilhas de insatisfação em sua base e obter muito mais que os 171 votos, para não deixar dúvidas sobre a legitimidade do mandato a ser mantido.
Mas isso não acontecerá antes de março. Enquanto isso, eu também faço uma pausa neste blog. Até à volta.
Um dos maiores erros da presidente Dilma no início do segundo mandato foi ter mantido Aluizio Mercadante no Gabinete Civil e a coordenação política com o vice Michel Temer. Não funcionou, como se viu, e isso não depõe contra a capacidade política e intelectual deles. Eram pessoas erradas no lugar errado e na hora errada. Os dois não se bicavam, Mercadante estava desgastado junto aos aliados e Temer amargurado, como se viu depois por sua carta.
O maior acerto de Dilma, na reforma ministerial, foi ter substituído Mercadante por Jacques Wagner e ter transferido a coordenação política para Ricardo Berzoini. Os dois atuam em fina sintonia, e só isso já é um tento. Berzoini já havia demonstrado, na primeira passagem pelo cargo, habilidade para lidar com os partidos da coalizão. Wagner, além da facilidade para dialogar e articular, e da confiança que inspira aos aliados, vem se revelando também um eficiente grilo falante para Dilma.
Presidentes não podem dizer tudo o que precisa ser dito pela própria boca. Precisam de grilos falantes, que são mais que porta-vozes oficiais, destes que emitem declarações oficiais, geralmente burocráticas e protocolares. O grilo falante é outra coisa. Precisa ter estatura política suficiente para convencer a todos de que fala aquilo que o presidente pensa, embora sem declarar isso. Precisa também de credibilidade e de autonomia para falar, mesmo sem consulta prévia ao governante a que serve. Com Dilma isso não é fácil, ela delega pouco e reclama muito de iniciativas de auxiliares. Mas com Wagner tem funcionado, e isso a tem ajudado.
Quem, além de Lula, ousaria dizer, como fez ele na entrevista do dia 2 à Folha, que o PT se lambuzou no poder ao reproduzir métodos da velha política que combateu? Na série de mensagens desta segunda-feira pelo twitter Wagner não só atacou Eduardo Cunha e o pedido de impeachment, “fruto de uma vingança”, assegurando que ele será enterrado ainda na Câmara. "Eu, a presidenta Dilma e todo o governo estamos confiantes de que o processo de impeachment não sobreviverá aos primeiros testes na Câmara".
Reconheceu erros do governo, o que muita gente gostaria de ouvir, com mais ênfase, da boca de Dilma mas quando é Wagner que o faz, é como se fosse ela. "Temos plena consciência de alguns erros que cometemos e das dificuldades que precisamos vencer na economia."
Para um governo que sempre teve dificuldades em se comunicar, e cuja presidente não tem o dom da palavra, como seu antecessor, a atuação de Wagner como “vocero” político é um achado, embora palavras não movam moinhos. Para enterrar o impeachment, depois que o Supremo colocou ordem no ritual, o governo terá que mapear as ilhas de insatisfação em sua base e obter muito mais que os 171 votos, para não deixar dúvidas sobre a legitimidade do mandato a ser mantido.
Mas isso não acontecerá antes de março. Enquanto isso, eu também faço uma pausa neste blog. Até à volta.
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