Por Max Altman, no site Opera Mundi:
A ex-presidenta argentina Cristina Kirchner publicou nesta segunda-feira, 11, no Facebook um trecho de seu último discurso como mandatária, pronunciado no passado 9 de dezembro, em que reivindicava “uma Argentina sem censuras” e “sem repressão”.
A mensagem de Cristina ressurge após o episódio da demissão de um dos jornalistas mais conhecidos e respeitados na Argentina, o uruguaio Víctor Hugo Morales.
O jornalista foi dispensado abruptamente da Rádio Continental, onde comandava dois programas, o que gerou uma forte polêmica nas redes sociais e a convocação de ato de protesto na Plaza de Mayo para esta terça-feira, 12.
Ao contrário do alegado pela rádio que “deu por finalizado o contrato do jornalista por reiterados descumprimentos contratuais que alteraram o normal desenvolvimento das emissões”, Morales sustentou que sua demissão está vinculada a “uma pressão exercida pelo governo de Mauricio Macri sobre a emissora.
Quem recebeu a pressão e decidiu terminar com o contrato do jornalista foi o grupo espanhol Prisa, dono formal da Continental, e Remígio Gonzalez, o mexicano que há anos controla o canal 9 de televisão e que em meados de 2015 comprou uma boa quantidade de ações da Continental.
O fragmento em que Cristina pedia também “uma Argentina sem repressão”, é publicado dias depois em que manifestantes que reclamavam contra as dispensas na prefeitura de La Plata foram feridos por balas de borracha disparadas pela polícia.
“Olá Paulino, estão me mandando embora da rádio”. Essas foram as palavras de Morales que se pôde ouvir no éter da Rádio Continental minutos antes das 9, hora em que começa seu programa ‘La Mañana’ (A Manhã) e que foi tirado do ar, substituído por anúncios comerciais. Victor Hugo conseguira esquivar-se da “operação” que a emissora tinha planejado para notificá-lo da decisão de demiti-lo abruptamente da rádio, com o objetivo – frustrado – de evitar que pudesse despedir-se dos seus milhares de ouvintes. “Foi uma das manhãs mais tristes de minha vida, porque sinto que estamos vivendo a maior agressão à República e à democracia desde a ditadura”, ressaltou Víctor Hugo Morales, que tinha um ano mais de contrato com a emissora. “Não tenho dúvidas de que se trata de uma demissão política”, acrescentou o jornalista, uma das vozes mais críticas – e escutadas – do governo de Maurício Macri.
Morales trabalhava na Continental fazia quase 30 anos, de maneira ininterrupta desde 1987. Neste ano cumpriria uma década fazendo o programa jornalístico em que abordava as principais questões políticas. Em 1º de novembro cumpriria 50 anos de jornalismo desportivo, 30 dos quais na Continental, conduzindo o programa ‘Competencia’ (Competição). ‘La Mañana’ foi o programa de maior audiência da Continental e o terceiro de toda a radiodifusão argentina em 2015.
Num comunicado tornado público a “Radio Continental comunica que a partir de hoje decidiu dissolver o vínculo que mantinha com Víctor Hugo Morales – quem comandava os programas ‘La Mañana’ e ‘Competencia’ –, devido a reiterados descumprimentos contratuais que alteraram o normal desenvolvimento das emissões. Nos próximos dias daremos a conhecer a nova programação da rádio, ratificando nosso compromisso de informar e entreter com responsabilidade e profissionalismo”.
“Ao longo de 9 anos no ar, jamais faltei a um programa da manhã sequer”, sublinhou Morales, desconhecendo a princípio, incrédulo, os motivos que levaram a emissora pertencente à Prisa, o grupo espanhol com participação da Telefonica, que no ano passado anunciou uma associação comercial com Angel Remígio, dono do canal 9. Chegou aos seus ouvidos, nos bastidores, que o pretexto foi que não comparecia ao estúdio todos os dias para transmitir o programa ‘Competencia’, às vezes o fazia por telefone. “Isso já vinha acontecendo há tempos, sem nenhum problema. Foi uma desculpa tosca!”, exclamou o jornalista uruguaio.
Eis como reagiu, o presidente Macri ao episódio: “Tenho uma longa história com Víctor Hugo. Como presidente do Boca convivi durante muitos anos com ele. Tivemos posições distintas sobre muitos temas, porém sempre com muito respeito. Visitou-me com frequência também quando era prefeito de Buenos Aires e me apoiou em muitas ocasiões, antes de transformar-se em fanático kirchnerista após a aprovação da Ley de Medios, contra o grupo Clarín”, declarou.
Começa a se desenhar com nitidez o retrato de Macri. Múltiplas vezes se declarou, como faz amiúde a direita, intransigentemente em defesa da liberdade de expressão. Bastou que o ‘amigo’ adotasse uma posição política oposta a sua para mandar às favas a liberdade de expressão e abraçar a censura, como faz habitualmente a direita.
A ex-presidenta argentina Cristina Kirchner publicou nesta segunda-feira, 11, no Facebook um trecho de seu último discurso como mandatária, pronunciado no passado 9 de dezembro, em que reivindicava “uma Argentina sem censuras” e “sem repressão”.
A mensagem de Cristina ressurge após o episódio da demissão de um dos jornalistas mais conhecidos e respeitados na Argentina, o uruguaio Víctor Hugo Morales.
O jornalista foi dispensado abruptamente da Rádio Continental, onde comandava dois programas, o que gerou uma forte polêmica nas redes sociais e a convocação de ato de protesto na Plaza de Mayo para esta terça-feira, 12.
Ao contrário do alegado pela rádio que “deu por finalizado o contrato do jornalista por reiterados descumprimentos contratuais que alteraram o normal desenvolvimento das emissões”, Morales sustentou que sua demissão está vinculada a “uma pressão exercida pelo governo de Mauricio Macri sobre a emissora.
Quem recebeu a pressão e decidiu terminar com o contrato do jornalista foi o grupo espanhol Prisa, dono formal da Continental, e Remígio Gonzalez, o mexicano que há anos controla o canal 9 de televisão e que em meados de 2015 comprou uma boa quantidade de ações da Continental.
O fragmento em que Cristina pedia também “uma Argentina sem repressão”, é publicado dias depois em que manifestantes que reclamavam contra as dispensas na prefeitura de La Plata foram feridos por balas de borracha disparadas pela polícia.
“Olá Paulino, estão me mandando embora da rádio”. Essas foram as palavras de Morales que se pôde ouvir no éter da Rádio Continental minutos antes das 9, hora em que começa seu programa ‘La Mañana’ (A Manhã) e que foi tirado do ar, substituído por anúncios comerciais. Victor Hugo conseguira esquivar-se da “operação” que a emissora tinha planejado para notificá-lo da decisão de demiti-lo abruptamente da rádio, com o objetivo – frustrado – de evitar que pudesse despedir-se dos seus milhares de ouvintes. “Foi uma das manhãs mais tristes de minha vida, porque sinto que estamos vivendo a maior agressão à República e à democracia desde a ditadura”, ressaltou Víctor Hugo Morales, que tinha um ano mais de contrato com a emissora. “Não tenho dúvidas de que se trata de uma demissão política”, acrescentou o jornalista, uma das vozes mais críticas – e escutadas – do governo de Maurício Macri.
Morales trabalhava na Continental fazia quase 30 anos, de maneira ininterrupta desde 1987. Neste ano cumpriria uma década fazendo o programa jornalístico em que abordava as principais questões políticas. Em 1º de novembro cumpriria 50 anos de jornalismo desportivo, 30 dos quais na Continental, conduzindo o programa ‘Competencia’ (Competição). ‘La Mañana’ foi o programa de maior audiência da Continental e o terceiro de toda a radiodifusão argentina em 2015.
Num comunicado tornado público a “Radio Continental comunica que a partir de hoje decidiu dissolver o vínculo que mantinha com Víctor Hugo Morales – quem comandava os programas ‘La Mañana’ e ‘Competencia’ –, devido a reiterados descumprimentos contratuais que alteraram o normal desenvolvimento das emissões. Nos próximos dias daremos a conhecer a nova programação da rádio, ratificando nosso compromisso de informar e entreter com responsabilidade e profissionalismo”.
“Ao longo de 9 anos no ar, jamais faltei a um programa da manhã sequer”, sublinhou Morales, desconhecendo a princípio, incrédulo, os motivos que levaram a emissora pertencente à Prisa, o grupo espanhol com participação da Telefonica, que no ano passado anunciou uma associação comercial com Angel Remígio, dono do canal 9. Chegou aos seus ouvidos, nos bastidores, que o pretexto foi que não comparecia ao estúdio todos os dias para transmitir o programa ‘Competencia’, às vezes o fazia por telefone. “Isso já vinha acontecendo há tempos, sem nenhum problema. Foi uma desculpa tosca!”, exclamou o jornalista uruguaio.
Eis como reagiu, o presidente Macri ao episódio: “Tenho uma longa história com Víctor Hugo. Como presidente do Boca convivi durante muitos anos com ele. Tivemos posições distintas sobre muitos temas, porém sempre com muito respeito. Visitou-me com frequência também quando era prefeito de Buenos Aires e me apoiou em muitas ocasiões, antes de transformar-se em fanático kirchnerista após a aprovação da Ley de Medios, contra o grupo Clarín”, declarou.
Começa a se desenhar com nitidez o retrato de Macri. Múltiplas vezes se declarou, como faz amiúde a direita, intransigentemente em defesa da liberdade de expressão. Bastou que o ‘amigo’ adotasse uma posição política oposta a sua para mandar às favas a liberdade de expressão e abraçar a censura, como faz habitualmente a direita.
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