Por Patricia Faermann, no Jornal GGN:
Uma hora antes do início da concentração do ato contra o aumento da tarifa em São Paulo, na tarde desta terça-feira (12), os destacamentos da ROTA, ROCAM e da Força Tática já se preparavam para a repressão que se seguiria. Por volta das 16h40, os policiais fechavam a Avenida Rebouças. Faltando ainda 10 minutos para o início oficial da manifestação, os policias cercavam os dois sentidos da Avenida Paulista, não permitindo mais os ativistas transitarem. Das 17h até o final da noite, a repressão foi apenas alastrando-se. O governador Geraldo Alckmin achou "ótima a alteração da estratégia" da PM.
O ato foi convocado pelo Movimento Passe Livre (MPL). Mas estiveram presentes cerca de 2 mil manifestantes de diferentes movimentos sociais e cidadãos, contra o novo valor de R$ 3,80 para ônibus, trens e metrô da cidade. A quantia é 8,5% maior que os R$ 3,50 cobrados até a última sexta-feira (08).
Passados 40 minutos do início do ato, que já contabilizava 1000 manifestantes, a Avenida Consolação, que cruza a Avenida Paulista, também estava fechada. A tática usada pelos destacamentos da ROTA e da Força Tática foram diferentes do comumente utilizado em situações como essa: ao invés de acompanhar os manifestantes, fazendo a proteção e teoricamente agindo apenas quando a força policial é provocada, o comando da vez era de atacar em nome da prevenção.
Às 18h, chega à Praça do Ciclista um "Tanque Guardião" da Tropa de Choque. Com capacidade para 26 soldados, o automóvel é utilizado em situações de grandes riscos, como guerras, e foi comprado de Israel pela Secretaria de Segurança Pública.
Quando alguns manifestantes tentaram furar o cerco para seguir via Rebouças, em direção ao Largo da Batata, percurso original do ato, foram impedidos com cacetetes. O grupo chegou a tentar negociar com a Polícia Militar, que não admitiu e proibiu os manifestantes de seguirem. Depois das 19h, a PM começou a lançar bombas de gás lacrimogênio contra manifestantes.
Com o pânico, muitos ativistas correram pela Avenida Consolação. Alguns já feridos tentaram se proteger em prédios da região, mas os policiais seguiram ameaçando quem estava dentro dos edifícios.
"Eu estava lá e fui bombardeada por todos os lados!! Bombas de gás atiradas contra pessoas desarmadas e antes da manifestação sair para andar! Sim, eu estava lá, não foi ninguém que me falou! Eu estava bem em frente ao cordão de isolamento da PM que impedia nosso livre ir e vir. E afirmo que não houve ato criminoso algum, não houve problema, até que o Choque apareceu, passou por nós nos empurrando, querendo nos forçar a ir para a Paulista. Eles empurraram, as pessoas empurradas pediram calma e eles imediatamente jogaram uma bomba de gás sobre nós! E em menos de 1 minuto jogaram uma segunda, uma terceira, uma quarta! As pessoas foram encurraladas pelo cordão formado pela PM que as impedia de dispersar livremente", relatou uma das manifestantes, Melina de Moura Marchetti, nas redes sociais, que foi ferida por um estilhaço que atingiu sua perna levemente.
"Cada uma dessa bomba (que machuca muito!) custa cerca de R$ 800,00! Hoje mais de dez foram disparadas! Hoje foram para o lixo mais de R$ 8.000,00 de dinheiro público! Disparados por pessoas despreparadas, destemperadas, com sede de briga, sede de poder", desabafou.
Alguns dos manifestantes se protegeram das bombas no prédio do Instituto Cervantes. Entre eles, haviam pessoas que trabalhavam na região, passando pelo local, e também feridos. Eles contaram ter sido atingidos por balas de borracha e por fragmentos das bombas de gás lacrimogêneo.
Após a dispersão provocada pela Polícia Militar, um grupo seguiu para a Rua Sergipe, no cruzamento com a Avenida Angélica. Mas a tropa os seguiu, barrando os jovens e reprimindo-os violentamente com novas bombas de gás e balas de borracha.
O cinegrafista Flávio Colombini gravou o momento dos ataques da polícia. "Eu estava caminhando pela calçada com um pequeno grupo de manifestantes totalmente pacíficos que estava fugindo da repressão na Av. Paulista. Fomos encurralados e atacados covardemente pela polícia", disse, em sua página no Facebook.
"Depois desse ataque fomos rendidos, tivemos que sentar no chão e todos ali foram revistados, inclusive os fotógrafos e cinegrafistas. Fomos todos intimidados, afastados e impedidos de filmar os manifestantes sendo revistados. Nada foi achado com os manifestantes e foram todos liberados exceto uma menina que ficou reclamando da truculência policial e foi algemada e levada presa justamente por isso", relatou Flávio Colombini.
O prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciaram conjuntamente, no dia 30 de dezembro, o reajuste das tarifas. Ambos justificaram que a elevação percentual de 8,57% ficou abaixo da inflação prevista para os últimos 12 meses pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi de 10,72%.
Nesta terça (12), a prefeitura de São Paulo solicitou ao Ministério Público que mediasse o ato, para "garantir que a manifestação" transcorresse "sem violência". Haddad conversou com o secretário de Estado da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, que havia concordado com a participação da Promotoria.
“O MP entendeu que era uma atribuição sua auxiliar na mediação de um conflito desnecessário. Toda manifestação tem que acontecer dentro das regras democráticas”, disse Fernando Haddad, antes da sucessão de atos violentos da Polícia Militar.
Nesta quarta (13), a manifestação foi divulgada pela Folha de S. Paulo com a manchete: "Ato contra reajuste de tarifa de ônibus prejudica trânsito na zona oeste de SP". Apesar dos relatos, vídeos e fotografias, o Estadão noticiou que a mudança na estratégia da Polícia Militar permitiu "o controle da entrada de manifestantes na concentração" e que "suspeitos foram presos com correntes, tesoura, soco inglês e artefatos explosivos". Ao menos 24 pessoas ficaram feridas e 8 foram detidas.
Hoje, o secretário de Segurança de São Paulo, Alexandre de Moraes, disse ter recebido "só elogios à atuação da polícia" para conter o protesto contra o aumento das tarifas. O governador Geraldo Alckmin disse a ele que "achou ótima a alteração da estratégia" para conter os ativistas.
Uma hora antes do início da concentração do ato contra o aumento da tarifa em São Paulo, na tarde desta terça-feira (12), os destacamentos da ROTA, ROCAM e da Força Tática já se preparavam para a repressão que se seguiria. Por volta das 16h40, os policiais fechavam a Avenida Rebouças. Faltando ainda 10 minutos para o início oficial da manifestação, os policias cercavam os dois sentidos da Avenida Paulista, não permitindo mais os ativistas transitarem. Das 17h até o final da noite, a repressão foi apenas alastrando-se. O governador Geraldo Alckmin achou "ótima a alteração da estratégia" da PM.
O ato foi convocado pelo Movimento Passe Livre (MPL). Mas estiveram presentes cerca de 2 mil manifestantes de diferentes movimentos sociais e cidadãos, contra o novo valor de R$ 3,80 para ônibus, trens e metrô da cidade. A quantia é 8,5% maior que os R$ 3,50 cobrados até a última sexta-feira (08).
Passados 40 minutos do início do ato, que já contabilizava 1000 manifestantes, a Avenida Consolação, que cruza a Avenida Paulista, também estava fechada. A tática usada pelos destacamentos da ROTA e da Força Tática foram diferentes do comumente utilizado em situações como essa: ao invés de acompanhar os manifestantes, fazendo a proteção e teoricamente agindo apenas quando a força policial é provocada, o comando da vez era de atacar em nome da prevenção.
Às 18h, chega à Praça do Ciclista um "Tanque Guardião" da Tropa de Choque. Com capacidade para 26 soldados, o automóvel é utilizado em situações de grandes riscos, como guerras, e foi comprado de Israel pela Secretaria de Segurança Pública.
Quando alguns manifestantes tentaram furar o cerco para seguir via Rebouças, em direção ao Largo da Batata, percurso original do ato, foram impedidos com cacetetes. O grupo chegou a tentar negociar com a Polícia Militar, que não admitiu e proibiu os manifestantes de seguirem. Depois das 19h, a PM começou a lançar bombas de gás lacrimogênio contra manifestantes.
Com o pânico, muitos ativistas correram pela Avenida Consolação. Alguns já feridos tentaram se proteger em prédios da região, mas os policiais seguiram ameaçando quem estava dentro dos edifícios.
"Eu estava lá e fui bombardeada por todos os lados!! Bombas de gás atiradas contra pessoas desarmadas e antes da manifestação sair para andar! Sim, eu estava lá, não foi ninguém que me falou! Eu estava bem em frente ao cordão de isolamento da PM que impedia nosso livre ir e vir. E afirmo que não houve ato criminoso algum, não houve problema, até que o Choque apareceu, passou por nós nos empurrando, querendo nos forçar a ir para a Paulista. Eles empurraram, as pessoas empurradas pediram calma e eles imediatamente jogaram uma bomba de gás sobre nós! E em menos de 1 minuto jogaram uma segunda, uma terceira, uma quarta! As pessoas foram encurraladas pelo cordão formado pela PM que as impedia de dispersar livremente", relatou uma das manifestantes, Melina de Moura Marchetti, nas redes sociais, que foi ferida por um estilhaço que atingiu sua perna levemente.
"Cada uma dessa bomba (que machuca muito!) custa cerca de R$ 800,00! Hoje mais de dez foram disparadas! Hoje foram para o lixo mais de R$ 8.000,00 de dinheiro público! Disparados por pessoas despreparadas, destemperadas, com sede de briga, sede de poder", desabafou.
Alguns dos manifestantes se protegeram das bombas no prédio do Instituto Cervantes. Entre eles, haviam pessoas que trabalhavam na região, passando pelo local, e também feridos. Eles contaram ter sido atingidos por balas de borracha e por fragmentos das bombas de gás lacrimogêneo.
Após a dispersão provocada pela Polícia Militar, um grupo seguiu para a Rua Sergipe, no cruzamento com a Avenida Angélica. Mas a tropa os seguiu, barrando os jovens e reprimindo-os violentamente com novas bombas de gás e balas de borracha.
O cinegrafista Flávio Colombini gravou o momento dos ataques da polícia. "Eu estava caminhando pela calçada com um pequeno grupo de manifestantes totalmente pacíficos que estava fugindo da repressão na Av. Paulista. Fomos encurralados e atacados covardemente pela polícia", disse, em sua página no Facebook.
"Depois desse ataque fomos rendidos, tivemos que sentar no chão e todos ali foram revistados, inclusive os fotógrafos e cinegrafistas. Fomos todos intimidados, afastados e impedidos de filmar os manifestantes sendo revistados. Nada foi achado com os manifestantes e foram todos liberados exceto uma menina que ficou reclamando da truculência policial e foi algemada e levada presa justamente por isso", relatou Flávio Colombini.
O prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciaram conjuntamente, no dia 30 de dezembro, o reajuste das tarifas. Ambos justificaram que a elevação percentual de 8,57% ficou abaixo da inflação prevista para os últimos 12 meses pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi de 10,72%.
Nesta terça (12), a prefeitura de São Paulo solicitou ao Ministério Público que mediasse o ato, para "garantir que a manifestação" transcorresse "sem violência". Haddad conversou com o secretário de Estado da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, que havia concordado com a participação da Promotoria.
“O MP entendeu que era uma atribuição sua auxiliar na mediação de um conflito desnecessário. Toda manifestação tem que acontecer dentro das regras democráticas”, disse Fernando Haddad, antes da sucessão de atos violentos da Polícia Militar.
Nesta quarta (13), a manifestação foi divulgada pela Folha de S. Paulo com a manchete: "Ato contra reajuste de tarifa de ônibus prejudica trânsito na zona oeste de SP". Apesar dos relatos, vídeos e fotografias, o Estadão noticiou que a mudança na estratégia da Polícia Militar permitiu "o controle da entrada de manifestantes na concentração" e que "suspeitos foram presos com correntes, tesoura, soco inglês e artefatos explosivos". Ao menos 24 pessoas ficaram feridas e 8 foram detidas.
Hoje, o secretário de Segurança de São Paulo, Alexandre de Moraes, disse ter recebido "só elogios à atuação da polícia" para conter o protesto contra o aumento das tarifas. O governador Geraldo Alckmin disse a ele que "achou ótima a alteração da estratégia" para conter os ativistas.
0 comentários:
Postar um comentário